SABEDORIA - Dom do alto
para a vida de todo homem
Apresentação
Sob a trilha da nossa
última Assembleia Geral, apenas concluída, e no caminho para o 90º aniversário
da fundação de nosso Instituto Secular Pequena Família Franciscana, sentimo-nos
fortemente chamadas a continuar o nosso caminho fixando o olhar em Jesus para
ousar no Amor como Ele ousou, intimamente unidas a Ele, para sermos fiéis à nossa missão: “ser instrumento de
luz, de amor, de vida divina para o mundo inteiro” (1 CdA, JA 79).
Este convite de Vincenza, nossa co-fundadora, é mais
do que nunca, atual e urgente no mundo de hoje, que parece forte, capaz e
onipotente, independente, em certo sentido tão "tolerante" para
permitir a existência de vários "deuses" impessoais, sem
relacionamento íntimo com ninguém. A história se repete e muitos se perguntam, com
o Salmista: “Quem nos fará ver o bem, se de nós Senhor, fugiu a luz do seu
rosto? (Sl 4,7). Quanto esforço no mundo de hoje para compreender que "Deus
é mais íntimo a mim do que eu mesmo”, como confessa Santo Agostinho. Quanto
esforço para acolher que Deus é a fonte da vida e que somente na sua luz somos
capazes de ver a Luz“ (cfe. Salmo 36,10). Ele é a luz verdadeira que ilumina todo homem
(Jo 1, 9).
Neste ano fraterno, escolhemos refletir sobre ‘como
ousar no amor hoje’. Como discernir a presença de Deus no nosso hoje, e ser,
instrumentos de luz para o mundo inteiro. Neste discernimento, o Livro da
Sabedoria será “lâmpada para os nossos passos e luz do nosso caminho” (Sl
119,105). Os textos propostos foram retirados dos escritos de Pino Stancari
S.J; Don Luca Mazzinghi; prof. Riccardo Salvini, com devidas abreviações e adaptações
com base às exigências do nosso tema para um retiro.
Por que o Livro da
Sabedoria? Porque a Sabedoria "forma amigos de Deus" (Sab 7,27).
"Belíssima expressão esta, que ressalta, de uma parte, o aspecto
"formativo", isto é, que a Sabedoria forma a pessoa, a faz crescer no
interno, para a plena medida da sua maturidade; e contextualmente afirma que
esta plenitude de vida consiste na amizade com Deus, na íntima consonância com
o seu ser e o seu querer (...). Jesus é a Sabedoria Divina Encarnada (cf João
1,14), vindo ao mundo para que a humanidade tenha vida em abundancia (cf João
10,10). E quem acolhe a superior bondade e beleza e verdade de Cristo, no qual
habita toda a plenitude de Deus (cf Colossenses 2,9), entra com Ele no seu Reino, onde os critérios de valor
deste mundo decaem e são até invertidos" (da homilia de Bento XVI, 6 de
maio de 2006).
O temor de Deus é o
princípio da sabedoria (cf Sl 110,10; Sir 1, 16; Pr 1, 7). A plenitude da Sabedoria, ao
invés, é o Amor, que se é revelado em Jesus Crucificado (1 Cor 1, 22-25). Ainda
não tendo conhecido a Sabedoria de Deus revelada em Jesus Cristo, os Judeus
ainda necessitavam de sinais exteriores. Tratava-se do «Caminho iluminativo»
como auxílio para chegar à verdadeira Luz que é Cristo. Era necessário recordar
sempre de novo, como a Sabedoria agia na história para adquirir "a arte do
discernimento", para descobrir os sinais de Deu também no presente.
O jovem Salomão guarda no seu coração a aliança
divina que Deus havia estabelecido com o seu povo e ousa, no momento de sua
coroação como rei de Israel, pedir a Deus o dom da Sabedoria (cf 1 Reis 3,9).
Ousamos nós, hoje, pedir a Deus esse dom para nós
mesmas, para o Instituto, para a Igreja? Como acontece o nosso discernimento?
Às vezes, como nos adverte Papa Francisco, corremos o risco de ver o mundo, as
situações, as pessoas e os acontecimentos segundo o nosso prazer ou segundo a
situação do nosso coração, em vez de procurar «ver todas as coisas com os olhos
de Deus, ouvir com os ouvidos de Deus, amar com o Coração de Deus, julgar as
coisas com o julgamento de Deus. Esta é a sabedoria que nos confere o Espírito
Santo, e todos nós podemos tê-la. Apenas devemos pedi-la ao Espírito
Santo»(Papa Francisco, audiência geral, 9 de abril de 2014).
Possam os textos
oferecidos para a nossa reflexão mensal ajudar-nos a reconhecer sempre mais em
Jesus, a Sabedoria encarnada, presente e operante em meio a nós na força do
Espírito Santo. Possa cada uma de nós, intimamente unida a Deus, ser
"instrumento de luz" para a Igreja e para o mundo inteiro.
Conselho Central
Se alguém tem verdadeiramente no coração a Sabedoria, Não a procura em giros vãos como quem quisesse recolher as folhas caídas de uma planta já dispersas pelo vento, esperando recolocá-las no ramo.
A Sabedoria é uma planta que renasce apenas da raiz, Uma e múltiplas.
Quem quer vê-las balançar na luz Desça lá no profundo, lá onde opera Deus,
Siga o broto no seu caminho vertical, e terá o reto desejo, o reto cumprimento:
Onde quer que esteja não lhe ocorrerá outra viagem.
Margherita Guidacci
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