domingo, 26 de abril de 2020

5º tema: Sabedoria: fonte do saber, da virtude e de experiência Ler: Sabedoria, Cap. 7,22-8,21.


Elogio e descrição da Sabedoria: Amada por Deus            Nestes capítulos a Sabedoria, apresentada com 21 qualidades que exprimem a gratuidade pela iniciativa de Deus, é contemplada como presença que se difunde em cada realidade. A Sabedoria, assim como o nosso mestre a contempla em relação a Deus é uma exalação do poder de Deus, umaemanação genuína da glória do Onipotente, por isto nada de contaminado nela se infiltra.

A sua linguagem é rica, variada, requintada. Manifesta a vontade de Deus de comunicar a sua inesgotável fecundidade em revelar-se. A Sabedoria é revelação para nós daquela intimidade de Deus que se abre, que comunica, que quer difundir-se.

Apaixonar-seporEla                                                                                           Amei a sabedoria e a busquei desde a minha juventude, e procurei tomá-la como esposa, me enamorei pela sua beleza:0 nosso mestre apresenta a Sabedoria como companheira da sua vida e, esposa procurada que ele tem amado com um amor que tem reservado e estruturado o caminho da sua vida: um amor precoce, fiel, duradouro.

Ela manifesta a sua nobreza, em comunhão de vida com Deus, porque o Senhor do universo a amou. Ela de fato é iniciada na ciência de Deus e prefere as suas obras: no amor pela Sabedoria o amor de Deus se faz encontrar e nos introduz na relação com a vontade do amor que Deus quer revelar-nos.

Se alguém ama a justiça, as virtudes são o fruto do seu trabalho. Pois ela ensina a temperança e a prudência, a justiça e a fortaleza, que são na vida os bens mais úteis aos homens: para o autor o encanto pela Sabedoria tão amada é irresistível: a sua nobreza, a sua riqueza, a sua inteligência, são as virtudes das quais cada uma de nós tem necessidade para viver, organizar e valorizar positivamente a vida e nos ajudam no discernimento dos quais temos necessidade para desemaranharmos em meio às situações inacessíveis.

Companheira perfeita da vida                                                                 decidi, portanto, tomá-la por companheira da minha vida, sabendo que ela será boa conselheira e me trará conforto nas preocupações e no sofrimento. Por causa dela serei elogiado pelas assembléias e, ainda jovem, os anciãos me honrarão. No julgamento, terei agudeza e serei admirado pelos poderosos. Se eu me calar, ficarão na expectativa; se eu falar, me prestarão atenção; se eu prolongar o discurso, todos colocarão a mão na boca: Salomão diz de si mesmo que a sua experiência de homem apaixonado tem feito dele um homem satisfeito seja na dimensão pessoal como em relação com as responsabilidades públicas que têm caracterizado a sua vida.

Governarei os povos e dominarei as nações; ouvindo o meu nome soberanos terríveis me temerão, mas serei bom para o povo e corajoso no momento de guerra. Ao voltar para casa, repousarei ao lado dela, porque a sua companhia não provoca amargura, e a convivência com ela não traz nenhuma dor, mas contentamento e alegria: o mestre testemunha que se o ambiente público e o privado podem parecer mundos separados, na realidade, graças ao caminho feito com a Sabedoria, a atividade pública vem enfrentada com o inesgotável frescor de uma intimidade ocupada por uma paixão amorosa e o repouso doméstico é habitado pela relação com o mundo.

Inacessível ao homem, só Deus pode doá-la                                         Refletindo sobre tais coisas em mim mesmo e pensando no meu coração que na união com a sabedoria existe a imortalidade; e na sua amizade grande alegria; e no trabalho das suas mãos uma riqueza inesgotável, e na assiduidade do relacionamento com ela a prudência e na participação de suas palavras a fama, eu andava procurando como ter-la comigo.Salomão se apresenta como um homem posto diante do mistério da própria vida, do nascimento e da morte; o mistério da relação com o mundo e com a Sabedoria. Afirma que, crescendo, progredindo, avançando naquele discipulado, naquela busca, naquele caminho de discernimento, de aprendizado, cresce nele o conhecimento que o coração humano não está em grau de procurar para si mesmo e possuir a Sabedoria. Existe um mistério na nossa condição existencial: nenhum homem pode possuir, dirigir, em nome de si mesmo e da própria iniciativa, a Sabedoria (o revelar-se de Deus), atingível unicamente em força da gratuita iniciativa de Deus. Só confiando-se à revelação do Mistério, o coração humano pode tomar consciência de si e dar orientação ao caminho da vida; aquele caminho que exige um impulso que venha do íntimo. Mas nenhum homem está em grau de conhecer o próprio coração; é o revelar-se de Deus que o sonda e o torna instrumento dócil e positivamente fecundo para aquela vocação à vida que, reúne e protege, torna-se o fio condutor de todo o complexo de relações que à medida do possível, se vêm entrelaçando no contato com o mundo, com os outros, com os acontecimentos.

Uma invocação posta à maneira de uma súplica: o coração humano, na relação com a Sabedoria, é praticamente desprovido; não nos são títulos de mérito que autorizam o coração humano a possuir a Sabedoria. A Sabedoria é sempre, para nós, o dom que vem de Deus. De outra parte é aqui mesmo que o nosso mestre quer conduzir-nos: o coração humano – aquele coração do qual eu não tenho o controle, que é o meu coração e que é em mim um mistério indecifrável, foge a toda minha capacidade de controle, de gerência, de administração – não pode entrar à Sabedoria. Como é possível, então, avançar na possibilidade, no caminho, na vocação à vida? Junto ao término do percurso pode voltar atrás e afirmar: isto é possível porque é a Sabedoria de Deus que se apodera do coração humano; não é o coração humano que pode possuí-la, é a Sabedoria de Deus que se instala como soberana e mestra no coração de cada homem, de um pobre homem como que não saberia de outro modo onde ia chegar. E, portanto, aqui a grande súplica, no cap. 9, “manda a Sabedoria, envia a Sabedoria”. Se não fosse pela Sabedoria que vem de Deus nós não estaríamos em grau de viver.

Oração para obter a Sabedoria que guia a história

Ler: Sabedoria, cap. 9

Sabedoria, dom gratuito de Deus                                                                     A Sabedoria é sempre, para nós, o dom que vem de Deus. O coração humano – aquele coração do qual eu não tenho o controle, que é o meu coração e que é em mim um mistério indecifrável, um mistério indiscernível, fugaz a toda minha capacidade de controle, de gerência, de administração – não pode aceder à Sabedoria. Como é possível, então, avançar no caminho para a vida? Isto é possível porque é a Sabedoria que vem de Deus que se apodera do coração humano, se instala como soberana e mestra no coração de cada homem. Se não fosse pela Sabedoria que vem de Deus nós não estaríamos em grau de viver. O revelar-se de Deus coloca em claro esta profundidade misteriosa que está no coração humano; por este conhecimento, que à medida do possível, amadurece em um contexto de radical gratuidade e pobreza, se chega à linguagem da invocação, da súplica, da confiança na misteriosa iniciativa de Deus que gratuitamente se revela.

0 cap. 9 que traz a súplica para obter a Sabedoria, assume a maneira de um cântico e se desenvolve em três estrofes; a primeira estrofe do v.1 ao 6; a segunda do v. 7 ao 12, a terceira do v. 13 ao 18. A primeira estrofe gira em torno àquela invocação que remeteao v. 4: Dá-me a Sabedoria; a segunda gira em torno àquela que lemos no v. 10: Enviai-a dos santos céus; a terceira gira em torno ao v. 17: Se tu não lhes deres Sabedoria.

A súplica recolhe todas as tensões que são a medida configurada no íntimo do homem, tão oculto, misterioso, impenetrável, na relação com a Sabedoria. Quanto mais se pratica a relação com a Sabedoria tanto mais o coração humano descobre estar maduro na experiência da própria pobreza radical, e nasce a súplica.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                               

Para ser homem                                                                                       O homem, criatura colocada por Deus no mundo, é posto em uma situação de prioridade, de domínio sobre todas as outras criaturas. Este é o projeto originário de Deus criador do universo. De outra parte mesmo o homem com esta sua particular competência no contexto da criação, com toda a sua responsabilidade nos confrontos de todas as outras criaturas, é uma criatura servil e fraca, de vida breve: uma criatura doente, esmagada sob uma carga de misérias inevitáveis.

E então: dá-me a Sabedoria... Mesmo se alguém fosse o mais perfeito entre os homens, faltando-lhe a tua sabedoria, ele seria um nada:para que o homem seja homem é necessário que se entregue à Sabedoria; só a Sabedoria que vem de Deus, só aquela que Deus nos dá em virtude de uma gratuita iniciativa, derrama sobre nós uma corrente de vida. Dá-me a Sabedoria, não para me tornar particularmente esperto ou inteligente; não para ser dotado dos conhecimentos sobre as grandezas, as complexidades, as articulações do universo; mas dá-me a Sabedoria por que “não posso ser um homem”se não estou investido pela gratuita revelação daquilo que tu queres dar-me.

Para estar na altura das intenções de Deus                                                    Tu me escolheste como rei do teu povo: A segunda estrofe coloca a atenção sobre o povo da aliança, o povo de Deus, o povo de Israel.

Contigo está a sabedoria que conhece as tuas obras, que estava presente quando criavas o mundo; ela conhece o que é agradável aos teus olhos, e o que é conforme aos teus decretos: só a Sabedoria pode explicar a revelação que vem de Deus e nos consente decifrar o significado, os conteúdos, as passagens, os motivos pelos quais na história da salvação são realizadas aquelas obras que correspondem  à intenção guardada por Deus no seu segredo e que Deus quer realizar na história humana.  

Manda do teu trono glorioso, para que me assista e me ajude no meu trabalho e eu saiba o que te é agradável: como se pode estar no próprio lugar, assumindo as próprias responsabilidades se não se é assistido pela tua Sabedoria?

Como se pode apressar a correspondência entre aquele que se está definido, construído, consolidado no curso da história e as intenções de Deus, se não é a Sabedoria a explicá-lo?Ela de fato tudo conhece e tudo compreende, e me guiará prudentemente nas minhas ações e me protegerá com a sua glória.

Para conheceros Seus caminhos

Qual é o homem que pode conhecer a vontade de Deus? Quem pode imaginar o que o Senhor quer? Os raciocínios dos mortais são tímidos e incertos às nossas reflexões, porque um corpo corruptível torna pesada a alma e a tenda de argila sobrecarrega a mente com muitos pensamentos. Com muito custo, podemos conhecer o que está na terra, e com dificuldade encontramos o que está ao alcance da mão; mas quem poderá investigar o que está no céu?

O homem que se faz por si, que se esforça na tentativa de descobrir o caminho a percorrer e depois se areia, se cansa, se consume: mas quem poderá investigar o que está no céu?Mesmos trabalhos; o homem que na vida procura o caminho a percorrer empenhando-se a realizar os próprios ideais, se encontra exposto ao impacto com o mistério que o envolve, o surpreende, o desconcerta, o arrasta, lhe se impõe como expressão de uma outra vontade, a vontade de Deus.

Quem conheceu o teu pensamento se tu não lhe concedes a sabedoria e não lhe envias o teu santo espirito do alto?Na relação com o Mistério se referindo a uma outra vontade que não é a nossa e que nos precede, nos acompanha, nos vem ao encontro, nos abre o caminho, às vezes nos percebemos que é mesmo esta outra vontade a tomar-se gratuitamente cuidado de nós e nos educa a compreendê-la e a acolhê-la. Tudo isto no quadro de uma existência humana que se desenvolve na consciência de não ser proprietário de si mesmo: eu não sou meu, não me pertenço; não é a minha vontade que faz o mundo, a história, eu mesmo.

É no relacionamento com Deus, com a sua iniciativa gratuita, com a sua vontade de amor que os homens aprendem a viver.

Assim foram corrigidos os caminhos de quem está sobre a terra; os homens foram instruídos no que te agrada, eles foram salvos por meio da Sabedoria.Os caminhos, as estradas, os longos percursos aos quais os homens são conduzidos para corresponder à vontade de Deus, portanto, à plenitude da vida que lentamente amadurece e frutifica em nós. Deus se revela de modo a colocar-nos em grau de entender e acolher a sua vontade e a nos envolver em uma relação com ele. Deus se revela de modo tal a fazer de nós e da nossa liberdade de criaturas humanas a oferta e a resposta agradável a ele.

Vincenza

A Santidade colocada por Deus em todas as coisas, da mais natural à mais sobre natural, é um paraiso de sabedoria e amor. Eis a minha alma aberta, que goza este paraiso de sabedoria e amor (paraiso de sabedoria que dá amor e paraiso de amor que mergulha na sabedoria) e no esplendor de Deus se enriquece, como se encontra Deus em cada criatura, como nela existe e vive, e toda inundada parece que não existem limites para ela (JA 85).

Pararefletir:

- Como é possível, progredir no caminho e na vocação para a vida?

- O que Deus quer me dar?

- Como conhecer e fazer a vontade de Deus?

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