O tema de idolatria parece uma divagação (diversão)
dentro do tema de agir da Sabedoria na história. A Sabedoria coloca Deus no
primeiro lugar e quem renuncia à Sabedoria, de consequência cai na idolatria,
no adorar o falso deus que aprisiona o homem em si mesmo e assim todos os
relacionamentos se tornam perversos: para com os outros, para consigo mesmo,
para com as potências do mundo, para com as coisas materiais e para tudo aquilo
que é inferior ao homem. O caminho de retorno a Deus por isto compreende também
a pena que é só a consequência da perversão da ordem estabelecida por Deus. A
própria natureza é testemunha contra o homem que esquece o seu Criador.
A economia de Deus: a sua é
potência de amor.
Do cap 11, v. 15 ao cap. 12, v. 2.:
Existe um eixo central de toda esta composição que podemos logo ressaltar; v.
20: “Mas tudo dispuseste com medida, número e peso”. Existe uma medida
na economia divina e precisa que aprendamos a darmos conta, a decifrá-la porque
se tratará depois de valorizá-la oportunamente, sempre e por toda a parte.
vv. 15-16: Por causa dos
raciocínios insensatos da injustiça deles, erraram e adoraram répteis privados
de razão e animais desprezíveis. Como castigo, enviaste a eles multidões de
animais irracionais, para aprenderem que cada um é castigado através daquilo
mesmo com que peca.
vv. 17-20: Existe uma medida no
agir de Deus e existe uma moderação na sua mão, na sua boca e no modo de
manifestar aquele poder que lhe compete.
v. 21. 12,1.: O poder de Deus – que
é ilimitado, infinito, absoluto – é moderado por amor pelas suas criaturas; se
exprime como vontade de salvação para aquelas criaturas a qual Deus não
rejeita, nem rejeitará nunca, o seu amor total, gratuito, apaixonado, porque
ele tem compaixão, não olha o pecado, só ama. Tudo aquilo que existe no mundo
não somente é querido por Deus por um motivo de amor, mas é “poupado” pelo
mesmo motivo, o amor.
V. 2 do cap. 12: A pena pelo pecado
é medida por Deus em função da sua vontade de corrigir, de chamar a atenção, de
salvar. Todas as penas que afligem a humanidade estão dentro desta economia de
misericórdia pela qual o poder de Deus abre caminhos de conversão para a vida
para todos os homens pecadores.
Ler: Sabedoria, cap. 12,3-27.
Deusé indulgente comtudo porqueé
onipotente.
Acrescenta-se um terceiro poema que tem uma
maneira de andar ainda mais contemplativa do quanto pudemos constatar lendo os
outros dois. O nosso mestre se interroga: “Quem é como tu, Senhor?”. Se as
coisas estão assim “quem és tu?”.
vv 9-11: Existe uma gradação que é
determinada pela constante fidelidade do amor de Deus: Ele abre caminhos de
conversão, caminhos de arrependimento. E a dor sofrida por causa das vespas ou
coisas semelhantes, é uma dor redentora, terapêutica, medicinal; é a dor que
tira o veneno acumulado no coração.Não era por medo de ninguém que tu não
castigaste a culpa deles.
Mesmo no meio daidolatria humana
Deus nos educa e si revela.
Vv. 19-21: Tudo aquilo que diz
respeito a Sabedoria de Deus demonstra que a Sua é uma intenção pedagógica. Nos
educa noser filhos, no pertencer a Ele, nocompartilhar daquilo que é Seu
através da presença dos cananeus e através da revelação de como Ele é misericordioso
nos seus relacionamentos.
Do v. 22 ao v. 27: A conclusão do
poema. Assim, para nos educar, tu castigas os nossos inimigos com moderação,
para que nós quando julgarmos, lembremos sempre a tua bondade; e, quando formos
julgados, contemos sempre com a tua misericórdia.
Tomando-nos conta de como Deus é
misericordioso para os inimigos, também nós possamos aspirar à misericórdia,
desde o momento que também nós na nossa injustiça seremos julgados.
Gradualmente emerge o drama da
idolatria, não mais nas formas infantis da devoção às estúpidas ignorâncias,
mas na dureza do coração humano que pretende reivindicar um valor absoluto por
iniciativa humana: é a idolatria como culto de si mesmo. Assim os homens se
destroem porque naquele seu pecado, naquele seu modo de idolatrar a si mesmo e
a própria iniciativa humana existe também o seu castigo.
Ler: Sabedoria, cap. 13-15
A idolatria: um horizonte de
imbecilidade e infelicidade.
Nos capítulos 13,14 e 15.: O mestre caracteriza
três modalidades fundamentais de idolatria. Na realidade é a segunda deste tema
que será, sobretudo, colocado em evidência.
- Primeira modalidade: a divinização da força
da natureza: são os primeiros nove versículos no cap. 13.
- Segunda modalidade: a divinização dos
produtos da atividade humana, um desenvolvimento amplíssimo que vai do v. 10 do
cap. 13 ao v. 17 do cap. 15.
- Terceira modalidade: a divinização dos
animais; esta terceira tipologia se condensa só nos versículos 18-19 do cap.
15.
Insensatos, porque são incapazes de
ver o autor da beleza.
Cap. 13, vv. 1-9.:Podemos subdividir o texto em
três estrofes;
A primeira estrofe, vv. 1 e 2, depois de 3 a 5,
em seguida os outros versículos.
Primeira estrofe:São naturalmente
insensatos todos os homens que ignoram a Deus e que, através dos bens visíveis,
não chegam a reconhecer Aquele que existe. Consideram as obras, mas não
reconhecem o seu Artífice. E acabam considerando-se, como deuses e governadores
do mundo, o fogo, ou o vento, ou a brisa fugaz, ou o firmamento estrelado, ou a
água impetuosa, ou ainda os luzeiros do céu.
Segunda estrofe:Se fascinados com
a beleza dessas coisas, a ponto de tomá-las como deuses, reconheçam o quanto
está acima delas o Senhor, pois foi o autor da beleza quem as criou. Se ficam
maravilhados com o poder e atividade dessas coisas, pensem então quanto mais
poderoso é Aquele que as formou. Sim porque a grandeza e a beleza das criaturas
fazem, por comparação, contemplar o Autor delas.
Terceira estrofe:Esses, porém,
merecem repreensão menor, porque talvez se tenham extraviado procurando a Deus
e querendo encontrá-lo. Vivendo no meio das obras dele, procuram pesquisá-las,
e a aparência delas os fascina, tanta é a beleza do que se vê. Contudo, mesmo
esses não têm desculpa, porque, se foram capazes de conhecer tanto, a ponto de
pesquisar o universo, como não encontraram mais depressa o Senhor do universo?
A imbecilidade dos homens está
nesta incapacidade demonstrada a passar das criaturas ao Criador; os homens
passaram a considerar o fogo, o vento, o ar, o movimento das estrelas, a água
que corre impetuosa, o sol, a lua como deuses, quem regem o mundo. Esta
primeira modalidade no qual se expressa a idolatria dos homens é uma forma de
ignorância, menos culpável a respeito das outras formas de idolatria, porque
representa seja como for uma busca de Deus, também idolatrado nas criaturas
dotadas de qualidades maravilhosas porque eles talvez se tenham extraviado
procurando a Deus e querendo encontrá-lo. Vivendo no meio das obras dele,
procuram pesquisá-las, e a aparência delas os fascina, tanta é a beleza do que
se vê. Contudo, mesmo esses não têm desculpa, porque, se foram capazes de
conhecer tanto, a ponto de pesquisar o universo, como não encontraram mais
depressa o Senhor do universo?
Infelizes, porque adoradores de
objetos humanos.
Segunda tipologia que vai do cap. 13, v. 10 até
ao cap. 15, v. 17:Compreende seis momentos de reflexões:
Primeira reflexão: do v. 1 do cap.
13 ao v. 11 do. cap. 14: Dá uma descrição resumida daquilo que é o culto dos
ídolos, entendidos não mais como forças da natureza, mas como objetos
fabricados. O ídolo não é representado pelo trabalho humano, mas pelo desprezo
do trabalho que constringe a dedicar-se ao supérfluo.
Cap. 14, 5-6: Neste contexto o
trabalho do homem se insere, em continuidade com a iniciativa do Criador, em
adesão à grandeza e originalidade dos Seus desígnios.
A coisificação das pessoas e o
culto do inexistente.
Segunda reflexão, do v. 12 ao v.
21: Depois esta página de caráter descritivo quer ajudar-nos a encontrar a
origem da idolatria, a invenção dos ídolos; v. 12:A invenção dos ídolos foi
o início da prostituição a sua descoberta levou a corrupção na vida;v. 13:
Eles não existiam no princípio, e não existirão para sempre: a idolatria
está para a prostituição; a prostituição é a vaidade de uma relação
interpessoal originariamente saída da qual a pessoa humana é reduzida a coisa.
A consequência da idolatria: o
outro é inimigo.
Terceira reflexão, do v. 22 ao v.
27.: São colocados em evidência, as consequências da idolatria; v. 22: Não
bastou a esses homens errar no conhecimento de Deus. Eles vivem também na
grande guerra da ignorância, e dão ainda a esses males o nome de paz.A
idolatria também vivendo em uma situação de guerra que traz em si grande mal,
dá a tudo isto o nome de paz; v. 23: Celebrando iniciações onde matam
crianças ou realizam mistérios ocultos:negando a presença do outro e
reduzindo a pessoa a coisa, se destrói todo valor na sociedade humana criando
desordem e confusão, procedendo cruelmente para o desastre.
Mas o homem pertence a Deus.
Sab 15 vv1-3.: Quarta reflexão,
Esta história feita pelos homens,
portanto história idolátrica, na qual estão todas as consequências trágicas da
idolatria, é apesar de tudo, história redentora, porque o Senhor entrecortou e
cruzou, tornando-a instrumento da sua obra de salvação.
Os amantes do mal
Sap 15, 6.: Quinta reflexão:Amantes do mal e dignos desemelhantes esperanças
são aqueles que fazem, desejam e veneram os ídolos:extrema consequência da
idolatria é o amor pelo mal, experimentado não somente como consequência
inevitável pelas próprias escolhas, mas mal como verdadeiro conteúdo essencial
do próprio ser e único objetivo procurado.
O máximo da estupidez: escolher a
morte em vez da vida
Sexta e última reflexão, vv. 14-17: O máximo da estupidez é a idolatria, considerada como
o único modo possível de existir. No fim das contas esta divinização das
coisas, é o máximo da estupidez, é uma escolha de morte, se torna critério
único, absoluto e definitivo em base ao qual se interpreta tudo.
Vincenza
Minhas irmãs caríssimas, a luz de
Deus resplandece na nossa alma e sobre toda a humanidade. Quantos problemas
humanos, quantos problemas terrenos que fazem vir uma grande sede da fonte da
vida e lançam dentro da nossa alma e da humanidade, para que se libertem do
orgulho, do egoísmo... Quantos sofrimentos do espírito, quantas dores de almas
aprisionadas nas trevas. Deus dá à nossa natureza as suas virtudes humanas:
prudência, justiça, fortaleza, temperança, fundamento para a vida humana,
fundamento do viver humano. Mas o orgulho do nosso espírito o obscurece, as
enfraquece e o egoísmo continua a sua ruína. Assim as nossas virtudes humanas
não têm mais vitalidade perfeita e a alma se debate entre o bem que queria e o
mal que opera. Em todo espírito humano vacila a perfeição humana em uma
contínua discórdia sem a suave paz de Deus. E o homem não entende, ou
dificilmente dá atenção, a sua impotência de alcançar a perfeição humana.
Castigo do seu orgulho. Não pede nada a Deus. Crê que sozinho pode ser justo,
prudente, forte, sóbrio. Grande ilusão! Ele diz que precisa andar pelo caminho
da justiça e de todas as outras belas qualidades e virtudes humanas. Propõe de
andarmos e não se apercebe que lhe falta o poder porque confia tudo em si mesmo
e, no entanto, a alma vacila, sempre em perigo de ruína. Isto acontece nas
próprias almas e na sociedade. Só Deus pode vir em socorro. Só Deus pode dar
valor e aperfeiçoar, com a sua graça, as nossas virtudes humanas. É a Ele que
precisa humildemente pedir luz e graça, para que as virtudes se reforcem e as
obras revelem o relacionamento filial entre o homem e Deus, para que deste modo
a vida seja verdadeiramente caridade fraterna (CdA II, 54-55).
[FF 48]
E estamos firmemente convictos de que
não pertencem a nós a não ser os vícios e os pecados. E antes regozijar-se
quando somos expostos a diversas provas, e quando suportamos sejam quais forem
as angústias ou aflições de alma ou de corpo neste mundo em vista da vida
eterna. Portanto, todos nós frades tenhamos cuidado de toda soberba e vã
glória; e defendamo-nos da sabedoria deste mundo e da prudência da carne. O
espírito da carne, de fato, quer e se preocupa muito de possuir palavras, mas
pouco realiza, e não busca a religiosidade e a santidade interior do espírito,
mas quer e deseja ter uma religiosidade e uma santidade exterior que se iguala
aos homens. É destes que o Senhor diz: “Em verdade vos digo, já receberam a sua
recompensa”. O espírito do Senhor ao contrário quer que a carne seja
mortificada e desprezada, vil e abjeta, e busque a humildade e a paciência e a
pura e simples e verdadeira paz do espírito; e sempre deseje, sobretudo, o
divino temor e a divina sabedoria e o divino amor do Pai e do Filho e do
Espírito Santo.
Para refletir:
-Advirto em mim a pena da ansiedade quando
coloco no lugar de Deus os bens deste mundo?
-Quero ver os frutos exteriores ou me alegro
pelos frutos do Espírito?
-Estou em grau de agradecer aoSenhor também
pelo mal que me aflige?
-Eu sempre vejo a pedagogia de Deus também nas
difíceis situações pesadas de prova?
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