sexta-feira, 9 de março de 2012

Estudo - Sexênio - Texto 7


7.       SECULARIDADE E ORAÇÃO
Ascética e oração (tirado dos “Documentos CMIS, CRIS”: reflexões sobre os I.S.)
134. A ascética de uma vida consagrada por meio dos conselhos que se desprender em pleno mundo, comporta uma revisão de consciência contínua e estimulante.
135. Um tal exercício requer para manter-se no equilíbrio, na serenidade e na autenticidade, uma atitude ininterrupta de oração. Isto se alimenta pela participação na liturgia eucarística, da meditação cotidiana possivelmente prolongada pela Palavra, de tempos fortes de reflexão e de oração: retiros, exercícios, horas de reflexão, de oração e de silêncio, no qual se faz mais íntimo e mais humilde o procurar a vontade de Deus e a inspiração do Espírito.
136. Os Institutos Seculares estão persuadidos que a ação febril do mundo na qual participam os próprios membros, devem perseverar-se e esclarecer-se na oração; que a “contemplação” não se possa separar por um ritmo de vida fortemente empenhado na ação.
137. É um dado de fato a procura por parte dos leigos consagrados, particularmente dos jovens, de “momentos fortes” de oração, de momentos de “deserto”
138. É para notar ainda uma orientação, sempre mais precisa e compartilhada, visando uma atitude de união com Deus prolongada e continuada na vida cotidiana de trabalho, no contexto do cansaço e do tumulto da jornada.  
139. Os membros dos Institutos Seculares, mesmo aproveitando abundantemente, pelo caminho do Reino de Deus no mundo, todas as forças humanas (as sociais, científicas e técnicas), instrumentos que usam ao lado e no meio aos outros homens, faltariam menos ao seu dever se não confiassem principalmente, na ajuda a na fecundidade da oração. E com a oração, a cruz, que é sinal da ressurreição e meio para levar avante no mundo a esperança da efetivação do Reino.
“Rezai incessantemente no Espírito, com toda a espécie de orações e súplicas” (Ef 6,18
Quando os Apóstolos pedem a Cristo: “Senhor, ensina-nos a rezar” (Lc 11,1) Ele os convida a invocar Deus com o nome de Pai “Abbá” “Papai”.
Deus não é somente o Criador, o Senhor Onipotente do céu e da terra, mas é “... o meu pai e vosso Pai”, em consequência Cristo é nosso irmão e n’Ele nos tornamos irmãos de todo homem. Para alcançar o coração do Pai devemos caminhar juntos aos irmãos amados com a medida do amor de Cristo.
Quando o homem se deixa envolver, sem fazer resistência, ao amor de Deus a oração torna-se uma necessidade, um meio para exprimir a sua adesão. O louvor sai espontâneo e tudo quanto pertence à existência vem incluído como dom gratuito do amor.
“É no encontro da alma com o seu Deus, onde se inicia toda uma troca de divino amor. É a alma que, dá a Deus todo o seu afeto, que lhe doa toda a si mesma, que corre para pedir-lhe amor, e é Deus que dá a alma o seu amor” (Vincenza).
O estado habitual do consagrado é a intimidade com Deus, a comunhão com a Trindade Santíssima e seguimento e a conformidade a Cristo, o abandono á ação do Espírito Santo.
“A oração é a comunicação da alma com Deus, a comunicação de Deus á alma” (Vincenza).
A vida toda então se transforma num ato de louvor e de adoração, no sacrifício sacerdotal, na oferta de padecimento e de agradecimento. Oração e vida não são momentos isolados e separados, mas, tornam-se um contínuo que se desenvolve no tempo e no espaço em uma relação pessoal que vai para Deus aos irmãos e vice-versa.
“A oração se define como a elevação da alma a Deus; a alma não é outro que a mente, o coração, a vontade, todo o nosso ser interior e exterior. Oração significa adorar, pedir, agradecer, bendizer’. (Querei-vos bem 195)
Uma vida consagrada sem oração é vazia, perde o significado e termina por fechar-se em si mesma em uma busca de satisfações pessoais.
A nossa é uma consagração especial porque caracterizada pela secularidade.
Se existe um modo particular e específico de viver a consagração na secularidade, existe também uma forma de oração que é própria de nós seculares consagradas.
Mesmo mantendo as características fundamentais, todavia o modo de relacionar-se com Deus, reanima-se e muda segundo a escolha de vida.
Como a consagração no mundo não nos separa das realidades terrenas, mas nos deixa em pleno título inseridas entre os outros homens, assim a oração não nos tolhe e não nos separa do mundo. Quando “entramos em nosso quarto e, fechamos a porta, rezamos ao Pai em segredo”. Não o fazemos para nos recolher em nós mesmos em um relacionamento interior com Deus, não nos isolamos, esquecendo os irmãos, os seus problemas, as suas fadigas e os sofrimentos de uma humanidade incapaz de viver a fé, porque na busca de bens ilusórios e de felicidade nas cosias efêmeras e passageiras. Nos fechamos para fazer silêncio em nós e fora de nós, para nos colocarmos em escuta, para ouvir a Palavra, mas também para levar ao mundo a Deus e para reencontrá-lo Nele.
“O mundo que eu desejava fugir – escreverá Vincenza – agora é o meu deserto, onde reina a solidão fecunda do amor”. É uma forma de contemplação nova e original, próxima da experiência de fé de Maria que “guardava todas estas coisas no coração” (Lc 2,51)
“Recolher-nos significa criar em torno de nós e em nós o silêncio no qual Deus fala... Quando o silêncio interior não está entre as virtudes preferidas, quanta dissipação na nossa mesma oração”   (V.B. 147).
A oração secular tem uma dimensão:
-          eclesial: é Cristo que esta em nós e que reza conosco, mesmo se estamos sós ou em pequenos grupos;
-          humana e cósmica ou seja, direta visando os homens e a história;
-          pessoal – e se faz íntima união com Deus, relacionamento personalizado e, com freqüência, único e incomunicável, que atinge as suas origens na oração litúrgica que ali se vivifica e se fortalece;
-          comunitária que, mesmo se não realiza em uma comunidade concreta, excetuando particulares momentos de vida de Instituto ou de grupo, nos reúne todos em um só Corpo e em um só Espírito.
“Sede fortemente contemplativas para distinguir o Senhor que passa nas atuais circunstâncias da história, para colaborar no Plano da Salvação de Deus que quer ‘recapitular em Cristo todas as coisas, aquelas do céu, como aquelas da terra’ ” (Cardeal Pirônio).
No centro da nossa jornada devemos por sempre a oração litúrgica. “... enquanto a Liturgia cada dia em templo santo no Senhor, em tabernáculo de Deus no Espírito aqueles que estão dentro dela, até a medida da idade da plenitude de Cristo, ao mesmo tempo admiravelmente lhes robustece as forças para que preguem Cristo” (S.C. n. 2).
“Portanto, assim como Cristo foi enviado pelo Pai, assim também Ele enviou os Apóstolos, cheios do Espírito Santo, não só para pregarem o Evangelho a toda criatura, anunciarem que o Filho de Deus, pela sua morte e ressurreição, nos libertou do poder do demônio e da morte e nos transferiu para o reino do Pai, mas ainda para levarem a efeito o que anunciavam: a obra da salvação através do Sacrifício e dos Sacramentos, sobre os quais gira toda a vida litúrgica” (S.C. n. 6).
A oração litúrgica em sentido restrito, é louvar, bendizer, agradecer, expor a Deus as próprias necessidades e as dos outros.
Recordamos que é sempre de Deus a iniciativa da salvação, da revelação, da liberação do homem da escravidão do pecado.
A Liturgia das Horas nos insere na oração oficial da Igreja que se dirige para Deus em coro unânime. Recolhamos este vínculo profundo de unidade e experimentemos aqueles Salmos, expressões de fé, de confiança, de abandono com os quais por séculos os fiéis se dirigem a Deus.
“É verdade que a oração litúrgica é insubstituível e eficacíssima (e fazei de não descuidar nunca do Messalino por preguiça ou indiferença”  (Vida de Família n. 2 1991/92)

         

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