sexta-feira, 9 de março de 2012

Estudo - Sexênio - Texto 1

Tema: Vivamos um seguimento radical de JESUS

1.       Consagração Secular
Como toda vocação, em especial a consagração secular “tem as suas mais profundas raízes na consagração batismal e dele constitui uma expressão mais perfeita” (PC. 5)
Batismo e vocação de especial consagração a Deus
A fonte batismal é o seio divino no qual se é gerado para a vida de Cristo e na qual se é chamado a permanecer se quer estar em condições de responder ao seu convite. O batismo é para a vida consagrada aquilo que a nascente é para o rio. Sugestivo e a propósito, um célebre texto de Tertuliano: “Nós somos os pequenos peixes segundo o nosso Peixe (Iktús), Jesus Cristo: nascemos na água. Não existe existência cristã que não brote desta nascente de água viva”.
Vida consagrada: identidade e conteúdo
Cada forma de vida consagrada, portanto, não é senão a realização plena da vocação batismal. É dentro deste contexto que se compreende a sua identidade e vão situados os seus conteúdos. Podemos referir-nos e considerar o parágrafo 44 da Lúmen Gentium, retomado também em termos diversos pelo Código.
Pelo C.D.C. Can 573 – parágrafo 1 – A vida consagrada pela profissão dos conselhos evangélicos é uma forma estável de viver, pela qual os fiéis, seguindo a Cristo mais de perto sob a ação do Espírito Santo, consagram-se, totalmente a Deus sumamente amado, para assim, dedicados por um título novo e especial á sua honra, á construção da Igreja e a salvação do mundo, alcançarem a perfeição da caridade no serviço do Reino de Deus e, transformados em sinal preclaro na Igreja, preanunciarem a glória celeste.
Parágrafo 2 – Assumem livremente esta forma de vida nos institutos de vida consagrada, canonicamente erigidos pela Igreja, (recordamos que a PFF, é um Instituto Secular de Direito Pontifício), os fiéis que, por meio dos votos ou de outros vínculos sagrados, conforme as leis próprias dos institutos, professam os conselhos evangélicos de castidade, pobreza e obediência e, pela castidade à qual, esses conduzem, unem-se de modo especial á Igreja e a seu ministério.
Se o convite para a santidade é dirigido aos batizados, o chamado para a perfeição da caridade, em uma relação mais estreita com a Divindade, não é para todos. Exatamente por isso, é necessário se por na ESCUTA para perceber, como os Apóstolos, a voz de Jesus que convida: segue-me, e imediatamente, deixam as redes e o seguiram (Mt 1,18). Não existem dúvidas ou hesitações nos discípulos, existe a certeza que dá a força de abandonar tudo.
“Pelos votos ou outros sagrados laços de natureza semelhante ao voto, o fiel se obriga aos três mencionados conselhos evangélicos. Entrega-se todo ele a Deus sumamente amado, de tal modo que por um novo e peculiar título é ordenado ao serviço de Deus e à sua honra. Pelo Batismo ele está morto para o pecado e consagrado a Deus. Mas para que possa colher frutos mais abundantes da graça batismal, procura pela profissão dos conselhos evangélicos na Igreja, livrar-se dos impedimentos que o possam afastar do fervor da caridade e da perfeição do culto divino e consagrar-se mais intimamente ao serviço divino. Esta consagração será tanto mais perfeita, quando melhor Cristo, unido à sua esposa, a Igreja, por vínculo indissolúvel, for representado através de vínculos mais sólidos” (L.G. 44).
O texto não se propõe em definir a vida consagrada em termos abstratos, mas de por á luz os elementos concretos em relação:
-          á natureza da consagração,
-          o batismo como primeira consagração sobre o qual se enraíza a profissão dos conselhos evangélicos,
-          e em ordem ao seu caráter esponsal definitivo.
A vida consagrada é constituída pelos votos (ou vínculos por sua natureza semelhante aos votos); é este o elemento de base que define a vocação em especial consagração a Deus.
“Com os votos o fiel se obriga à observância dos três conselhos evangélicos”. É notório como contra esta escolha foi lançada a, seu tempo, a mudança; ela via nela um retorno à escravidão da lei. O problema é compreender o sentido destes vínculos. Eles vão concordar não com a anulação da liberdade do cristão, mas, como de libertação/liberdade. Quando dois esposos se empenham um ao outro sem reservas, excluindo também a idéia de uma possível infidelidade, nem por isso tornam-se escravos; exprimem ao contrário a verdade do seu amor e se previnem contra a sua morte a qual aconteceria se eles não se empenhassem lealmente um ao outro, em todos os sentidos.
A vida consagrada é um dedicar-se “totalmente” a Deus “sumamente amado”: é esta totalidade de dedicação a Deus, em autêntica plenitude de amor (“sumamente amado”), a motivação decisiva da vocação de especial consagração a Deus. Não só a Deus em primeiro lugar, mas Deus como razão de ser da vida consagrada; é nele que o consagrado encontra em  si mesmo, a relação com o mundo e com os outros.
A consagração implica em conseqüência, a totalidade do dom de si: não é só uma adesão do intelecto ou da vontade, mas uma resposta de toda pessoa humana, com a sua espiritualidade e a sal corporeidade, a sua afetividade e as suas emoções, a sua história, a relação de sua existência, vivenciada como “oferta/sacrifical” a Deus, á sua glória e ao serviço do seu Reino.
Os votos têm um caráter de meio, não de fim: o seu significado é da e conduzir a “liberar os impedimentos que poderiam distorcer o batizado do fervor da caridade e da perfeição do culto divino”. O coração, o centro e o sentido da vida consagrada, é portanto, a procura da perfeição da caridade, carisma dos carismas, sem o qual todo resto é inútil. (cf. Cor 13). A profissão dos conselhos evangélicos tem o propósito de fazer crescer na caridade, para conduzir o consagrado a fazer de toda a sua existência um sinal vivo de Deus caridade. Antes dos votos, existe um único voto, o entregar-se a caridade de Deus, raiz e razão de tudo.
Consagrar-se quer dizer, deixar-se transformar pela caridade de Deus (caridade no sentido teologal), em uma caridade que se faz pobreza, castidade e obediência, ou melhor, em uma caridade na pobreza, em uma caridade na castidade, em uma caridade na obediência: amor pobre, amor casto, amor obediente. Reside neste núcleo a razão da profissão dos conselhos evangélicos. Pôr-se na estrada ou no caminho da consagração, significa situar-se em um caminho endereçado aquela perfeição da caridade na qual todos os batizados são chamados. O consagrado se faz, por dom de Deus, sinal vivo desta vocação comum.
A consagração secular como verdadeira e completa profissão dos conselhos evangélicos
A consagração secular é uma vida consagrada no sentido do chamado imediato e, portanto, uma forma de consagração em sentido pleno e total. Não é de algum modo uma via no meio entre a consagração religiosa e a consagração batismal; não é uma escolha pela metade do caminho. Tudo aquilo, que a consagração é na vida da Igreja, isto o é na consagração secular, seja também de modo particular.
No fim dos documentos da fundação, esta consciência aparece claríssima. Os membros dos Institutos Seculares se dedicam totalmente a Deus (PM a. 3), “professando a plena consagração a Deus” e “nada se deve impedir a plena profissão da perfeição cristã” (PFV). “Os Institutos Seculares – tem afirmado o Concílio na Perfectae caritatis 11 – implicam uma verdadeira e completa profissão dos conselhos evangélicos no mundo, reconhecida pela Igreja”. A consagração, para usar a linguagem de Paulo VI em 1972 “indica a íntima e secreta estrutura,  do vosso ser e do vosso agir. É aqui que se encontra a vossa riqueza profunda e velada, que os homens em cujo meio viveis não sabem explicar e, muitas vezes, nem sequer podem suspeitar. A consagração batismal foi ulteriormente radicalizada, após uma aumentada exigência de amor, suscitada em vós pelo Espírito Santo”.
O fato que esta forma de consagração seja para viver “no mundo e para o mundo” não comporta nenhuma redução das exigências de vida consagrada; pelo contrário, os faz assumir de modo próprio. É ainda Paulo VI “A vossa é uma forma de consagração nova e original, sugerida pelo Espírito Santo para ser vivida no âmbito das realidades temporais, e para imprimir a força dos conselhos evangélicos – ou seja, dos valores divinos e eternos - aos valores humanos e temporais”
Interrogamo-nos:
-          Recordar a história da salvação é narrar a obra de Deus para o seu povo. Nós imaginamos de quanto Deus operou na nossa vida?
-          “... estamos em condições de aspirar à perfeição da caridade...” estamos conscientes  desta riqueza?
-          Nos esforçamos para compreender, amar e cultivar os verdadeiros valores do mundo com uma participação cordial e responsável, fiel e paciente? (cfr Fil 4,8)     

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