sexta-feira, 9 de março de 2012

Estudo - Sexênio - Texto 5

5.       OBEDIÊNCIA
“Cristo... humilhou-se a Si mesmo, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz!” (Fil. 2,8)  
          Obediência: resposta ao amor de Deus
Iniciamos o desenvolvimento do art. 10 de Regra e a nossa atenção é logo atraída por Jesus que vem como Aquele que “depôs a sua vontade naquela do Pai”. A resposta de Jesus ao amor do Pai se exprime na sua total obediência na encarnação e na vida terrena até a morte de cruz pela salvação do mundo.
Chamadas por Jesus a seguí-Lo, nós somos encaminhadas para seu seguimento e à sua escola   o conhecemos como o Filho, em tudo e sempre obediente ao Pai, até fazer da sua vontade o próprio alimento. Para responder ao amor de Jesus, compreendemos que também para nós o único alimento deve tornar-se a vontade do Pai, assim como nos foi revelado pelo próprio Jesus. Somos introduzidas por Jesus em um grande projeto: formar uma só família com E, onde cada uma unida pelo amor, a própria obediência na sua, pela salvação de todo o mundo.
No sacrifício da cruz de Jesus, existe também o pequeno sacrifício da vontade de qualquer uma de nós. Pelo sim de Jesus ao Pai, nós também, movidas pelo Espírito Santo, repetimos o nosso sim cotidiano. Os nossos pequenos sim, um atrás do outro, na escuridão de cada dia, tornam-se como pequenos pontos luminosos que seguem o caminho visando a Jerusalém celeste. São estes pequenos sim que testemunham a resposta do amor de cada uma, ao Amor.
Na escola da Palavra
O caminho é cansativo porque a submissão de si à vontade de Deus, deve superar tantas resistências dentro de nós, e em torno de nós.
Antes de tudo, ocorre uma procura clara e sincera da vontade de Deus que se pode realizar somente percorrendo a via da conversão segundo a Palavra de Deus.
Na escola da Palavra acolhida, estudada, meditada, ruminada, suplicada, se pode conhecer a vontade de Deus que deve, pois, ser afetiva na vida de cada dia.
Esta passagem da acolhida ao conhecimento na atuação, se chama obediência.
É claro, portanto, que onde não existe empenho para conhecer a vontade através da escola da Palavra, não existe tão pouco possibilidade de obediência. A obediência cristã passa pelo conhecimento de Jesus e esta, por sua vez, se realiza no conhecimento da sua Palavra que deve ser cotidiana, progressiva, constante, contínua.
Fidelidade no cotidiano
A escola da Palavra leva para uma comunhão sempre mais profunda com o Pai, o Filho e o Espírito Santo que se exprime em testemunho de amor quando concretizamos o convite dirigindo-nos para a Regra, sempre no art.10: “cumpram fielmente as obrigações próprias da condição de cada um nas diversas situações da vida”.
O terreno de conflito do nosso eu, ao egoísmo pessoal e social é constituído da vida de cada dia.
A obediência ao Evangelho na procura da verdade, da lealdade, honestidade, do verdadeiro bem comum, é empenho diário nos lugares nos quais o Senhor nos colocou e com as pessoas que nos dá como irmãos. Nada deve colher de surpresa, parece muito difícil, desencorajar, mas iluminadas pela escola da Palavra, com o coração imerso na SS. Trindade, devemos procurar Deus em cada circunstância, compreender nele, com espírito de fé em cada acontecimento a agir com coragem. Podemos também perguntar-nos: até quando obedecer a Deus? A Regra nos exorta: “sigam o Cristo, pobre e crucificado, testemunhando-o, mesmo nas dificuldades e perseguições.”  (Vida de Família n.01/95)
Interrogamo-nos 
-          Conheço o art. 10 da Regra?
-          Que coisa me sugere quando reporto no 1º Regulamento: “obediência absoluta para percorrer com segura e rápida sem tropeços no amor?” (VB 2)
-          Fr. Ireneo afirma: “o espírito de obediência foi sempre a alma, a linfa desta semente de mostarda” (VB 225). Podemos afirmá-lo ainda hoje?
Obediência: configuração a Cristo
Continuando a nossa conversa fraterna sobre o conselho evangélico da obediência paramos um pouco nos artigos das Constituições e do Diretório que dele tratam.
No art. 15 das constituições lemos: “Com o voto de obediência a irmã se propõe a configurar-se a Cristo obediente...”
A motivação, o modelo, a força da obediência só se encontram em Jesus Cristo. No encontro com o único e Sumo Bem, a criatura responde com a oferta da vontade, ato que contém em si, o dom de toda si mesma. Este caminho caracterizado pelo revelar-se de Deus e pela resposta de cada criatura, pode progredir só se existe o dócil consentimento da pessoa.
Nós, chamadas a percorrer a via do amor, como Vincenza amava definir a nossa vocação, na obediência encontramos um meio privilegiado através do qual exprimimos o amor de pobres criaturas ao Senhor da vida.
Devemos confiar no Espírito Santo que cotidianamente nos guia no conhecimento de Cristo, e faz crescer em nós a docilidade e submissão que nos conduzirão á configuração a ele.
A reflexão sobre este tema não deve prosseguir tanto no considerar isolados atos de obediência que se sucedem em nossa vida. Poderia determinar somente um estéril raciocínio que não ajuda a configurar-se ao Cristo Senhor. Nos poderá ao invés ajudar muito, o retornar profundamente em nós mesmos, lutando contra uma vida ruidosa e fragmentada, procurando na relação de amor com Deus e com os irmãos e, sobretudo na relação esponsal de Jesus com cada um e com a humanidade, a energia que leva á obediência qual estado de vida contínua. Na comunhão de amor, realmente, existe como uma força interna que leve ao acolhimento e para submissão recíproca alegre e livre, também freqüentemente cansativa, que gera vida, crescimento, unidade, novidade.
Neste caminho de comunhão, Jesus é a vida; o disse Ele mesmo. E nós não podemos percorrer um caminho sem conhecê-lo, muito menos configurar-nos a Ele, obediente sem conhece-lo como tal.
O convite que continuamente repetimos é de colocar-nos seriamente e cotidianamente na escola da Palavra, para poder conhecer e, portanto, amar e tornar-se semelhante ao amado, obediente até a morte. Três indicações agora se queremos configurar-nos a Cristo obediente:    
  1. Meditar sobre o amor esponsal de Jesus para cada uma de nós e para a humanidade;
  2. descobrir a energia interna na vida de comunhão que leva livremente para obediência;
  3. ser assíduos na escola da Palavra.
A vida como sacrifício agradável a Deus
A expressão da obediência é a transformação da toda a vida em “um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”. O ensinamento de Paulo é relatado também nas Constituições no art. 15.
No antigo testamento o culto a Deus comportava a oferta de vítima ou de outro objeto, mas quando Jesus se encarnou e nos incorporou a Ele morto e ressuscitado, o culto espiritual se realiza através da oferta da própria pessoa e da realidade, que cotidianamente vivemos, em união ao sacrifício de Cristo.
Trata-se de pôr-se na existência de cada dia com aquele fogo de oferta a Deus que arde dentro de nós, procurando continuamente Ele, o seu querer, reconhecendo através de pequenas escolhas de cada dia, que Deus nos chama para ser seus filhos livres.
É necessário dar testemunho alegre da nossa obediência de filhos do Pai para infundir coragem a quantos a Providência nos faz encontrar.
Uma vida obediente ao santo Evangelho difunde amor em torno de si, exprime a fé em Deus quando os acontecimentos são incertos, desconcertantes, dolorosos, comunica paz e serenidade que nasce da consciência de serem chamados a colaborar com Deus na construção da cidade terrena.
Para a reflexão sobre como a nossa vida, possa tornar-se sacrifício agradável, sigamos os artigos 16 das Constituições e 13 do Diretório: “No ambiente em que vive, procure agir sempre segundo a vontade de Deus, no respeito ás autoridades constituídas, religiosas e civis “em todas aquelas coisas que não são contrárias a alma e a Regra”; “a irmã esteja atenta aos sinais dos tempos, ,para descobrir a vontade divina e procure, nos deveres de estado e nas situações de vida (especialmente as condições familiares, econômicas, sociais, profissionais, cívicas, políticas, a saúde e os acontecimentos), as ocasiões de obedecer a Deus”.
Somos exortadas a obedecer nas comuns condições de vida, isto é, no ambiente no qual vivemos. Não sonhar, portanto, e evadir seguindo fantasias inúteis, mas o nosso primeiro empenho é aquele, da fidelidade ao lugar, a história, as situações nas quais nos encontramos. Aqui a obediência não é passiva aceitação de quanto acontece em torno de nós, mas é empenho operoso de quem procura o porque, o Senhor permitiu ou quis a nossa presença particularmente em determinadas situações e se interroga: Quais as sementes de bem que nós devemos fazer crescer?
Encontrar respostas; trata-se de lutar para obedecer àquela vontade de Deus, que se nos manifesta. Então não se trata de passividade, mas de encontrar no profundo do coração a luz da verdade de Deus e a ela submeter-se lutando.
Discernir a vontade de Deus
Quando realizamos as escolhas e tomamos as decisões, dizemos de qualquer modo uns sim que significam igualmente não nas outras possibilidades. Neste agir podemos ser guiados pela própria vontade que nos impele a procurar o próprio lucro, o prazer imediato, alguma forma de comodidade, ou estamos, também inconscientemente, influenciadas pela “mentalidade deste século” com todas as suas imposições, propostas e ofertas, ou somos animadas pela obediência ao Senhor Jesus e aos seus ensinamentos.  
S. Paulo nos recorda, em Rm 12,2: “Não vos conformeis às estruturas deste mundo, mas transformai-vos pela renovação da mentalidade, a fim de distinguir qual é a vontade de Deus: o que é bom, o que Lhe é agradável, o que é perfeito”.
Ocorre um empenho no discernimento para distinguir em nós mesmas por qual espírito somos guiadas. A vontade de Deus, para qual obedecer, não se encontra com facilidade e, nem sempre nos é clara, mesmo quando a procuramos sinceramente e, uma vez encontrada, também nos aderimos parcialmente por causa da fragilidade humana.
Esta reflexão não quer nos desencorajar, mas somente fazer-nos compreender a serenidade do nosso chamado e os horizontes do conselho evangélico da obediência. Cada uma deve por todo o empenho para ser fiéis as Constituições por inteiro (integralmente) e a dar a máxima atenção no caminho de formação que o Instituo propõe nos vários níveis. Peçamos ao Senhor de fazer-nos amar e viver a obediência, de tornar-nos atentas á sua vontade nos ambientes nos quais a Providência nos colocou, de tornar-nos generosas para poder doar também nós, aquela pequena contribuição para realização de seu Reino, hoje sobre a terra.
   (Vida de Família 3/1995)
Interrogamo-nos
-          Nos esforçamos de dar, como pessoas, um testemunho coerente e marcado pela sobriedade e alegria, acolhimento, serena abertura ao mundo, atenção às realidades temporais nas suas sutilezas, capacidade de alargar o pequeno horizonte privado?
-          Procuramos apresentar um testemunho autêntico de coerência, entre o dizer o fazer e o ser, uma sincera e honesta transparência no reconhecer eventuais erros e no admitir que ninguém já “chegou”, mas que para cada uma subsiste algumas vezes dúvidas e que por isso ocorre sentir-se sempre em busca?

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