segunda-feira, 26 de março de 2012

PRIMEIRA PARTE OS VOTOS EM GERAL


CAPÍTULO I
Votos religiosos em geral
9 – Que é voto?
Resposta – O Voto é uma promessa deliberada e livre a Deus só – de alguma cousa possível e melhor que o seu contrário.
10 – Por que se chama um promessa?
Resposta – Chama-se uma promessa para distinguir do propósito. O Voto é um compromisso, uma obrigação que nos impomos; é a clara e expressa intenção de obrigar-se sob pena de pecado.
11 – Por que chama: promessa deliberativa e livre;
Resposta – Chama-se promessa deliberativa e livre porque quem faz votos deve ter consciência das obrigações que assumem espontaneamente; livre, isto é, de todo constrangimento ou grave temor injusto.
Exemplo: mesmo os votos que por devoção se faz a Nossa Senhora e aos Santos são sempre votos que se fazem a Deus, porque o voto é um ato de adoração devida unicamente a Deus.
12- Por que se chama: uma promessa feita em Deus só?
Resposta - chama-se uma promessa feita em Deus só, porque o Voto é um ato de culto de latria. EXEMPLO: Mesmo os votos que por devoção se fazem a Nossa Senhora e aos Santos, são, sempre se fazem a Deus; porque o voto é um ato de adoração devida unicamente a Deus.
13 – Por que se chama: alguma coisa melhor que o seu contrário?
Resposta – chama-se: alguma coisa melhor que o seu contrário porque o fim do voto é render a Deus um culto especial.
EXEMPLO: Casar-se é bom; voltar-se a divindade é melhor. Por isto disse são Paulo que o matrimônio divide o coração entre Deus e o esposo, enquanto que a virgem só pensa nas coisas de Deus, antificando-se assim no corpo e no espírito.
14 – Como obrigam os Votos emitidos na PFF?
Resposta - Os Votos emitidos na PFF obrigam sob pena de pecado são: obediência, pobreza e castidade
15 – Quais são os efeitos do voto?
Resposta – O voto cumprido é um ato da virtude da religião, a mais excelente entre as virtudes morais. O voto não cumprido voluntariamente é um ato culpável contra a mesma virtude da Religião.
16 – O que é virtude da Religião?
Resposta - virtude da Religião é aquela que dispõe o homem a render o culto devido a Deus como supremo princípio de todas as coisas
17 – O que acrescenta a virtude da Religião?
Resposta – A virtude da Religião acrescenta a boa obra prometida com voto - uma nova bondade moral – uma intrínseca da mesma obra, outra dada pela virtude da Religião. Duplo, portanto, será também o seu merecimento.
Exemplo: Quem assiste á Santa Missa nos dias de semana sem estar obrigado por força de um voto. Faz certamente uma boa obra, logo, digna de prêmio da parte de Deus; se a mesma pessoa se obrigasse por um voto a assistir á Santa Missa nos dias de semana, cumpriria uma obra duplamente meritória.

INTRODUÇÃO - Continualção do Catecismo da PFF



1 – Pergunta – O que é a P F F
Resposta – A PFF é um Instituto Secular para a aquisição da perfeição cristã
2 – Que são os Institutos Seculares?
Resposta – os Institutos Seculares são formas de vida religiosa – reconhecida juridicamente pela igreja – para almas que, embora vivendo no mundo, se comprometem a seguir fielmente os conselhos Evangélicos, a praticar os votos da caridade e do apostolado.
3 – qual é o seu fim?
Resposta – É a intensa renovação cristã da família, das profissões e da sociedade civil, pelo contato intrínseco e cotidiano com a vida perfeitamente consagrada à santidade.
4 – Em que consiste a perfeição cristã?
Resposta – A perfeição Cristã Consiste em amar a Deus e ao próximo, seguido os Conselhos Evangélicos.
5 – As irmãs da PFF têm obrigação de adquirir a perfeição cristã?
Resposta – Sim, as irmãs da PFF têm a obrigação de tender à perfeição cristã, a menos que faltem nos deveres do próprio estado.
6 – Quais os meios para a aquisição da perfeição cristã?
Resposta – Os meios para a aquisição da perfeição cristã são:
  1. A observância perfeita da lei de Deus;
  2. O cumprimento fiel dos votos religiosos livremente emitidos;
  3. A observância fiel das regras voluntariamente abraçadas;
  4. A observância exata dos deveres do próprio estado.
7 – que obrigação assumem as noviças da PFF?
Resposta - As noviças da PFF se obrigam:
  1. A cultivar a vocação no espírito franciscano;
  2. Ao estudo do Regulamento e á aquisição das virtudes, especialmente da obediência, pobreza e castidade.
  3. A obediência aos superiores;
  4. A manter prudência e segredo
7 – por que as noviças têm a obrigação de estudar o regulamento de adquirir as virtudes?
Resposta - As noviças têm a obrigação de estudar o regulamento de adquirir as virtudes porque a PFF é uma forma estável de vida. Quem a abraça deve conhecer os direitos e os deveres e estar moralmente certa de poder observar as obrigações.


sexta-feira, 23 de março de 2012

CATECISMO DOS VOTOS - INSTITUTO SECULAR PEQUENA FAMÍLIA FRANCISCANA


Prefácio
Filhas minhas em Cristo
Primeiramente, seja reconhecida a quem, não obstante sua múltipla ocupação encontrou tempo para vos dar um “catecismo dos votos”, o qual por todas vós era reclamado: um catecismo no qual, alem de fazer conhecer, de modo preciso e claro, a natureza e as obrigações principais do vosso estado, fossem evitados igualmente os extremos, mostrando as obrigações que se assumem diante de Deus, mediante os santos votos, mas ao mesmo tempo, não agravar a consciência com obrigações maiores que as que vos são impostas pelo espírito e pela a letra do vosso Regulamento.
Outro mérito deste livrinho, pelo que agradará muito especialmente ás noviço que o deveram gravar na memória, é a brevidade e a clareza com que se quis distinguir o. Que é obrigação imposta pelo voto daquilo que exige a mais a pratica da virtude; de maneira que cada uma de voz pode, com Clareza, distinguir o estrito dever de consciência daquilo que a mais se procura para alcançar a perfeição. (E quanta ignorância deplorável em torno desta matéria! Quantas incertezas e dúvidas atormentam as almas, levando-as muitas vezes a falsear a consciência!).
Não é necessário, portanto, que eu dispenda palavras para exorta-vos a estudá-lo com a plena convicção de aprender quanto mais importa á vossa vocação, por quanto vos prepara ao exame que devereis fazer antes de serdes admitidas á Consagração.
Desejaria, filhas minhas em Cristo, que este livrinho se tornasse para todas um manual, com o vosso Regulamento, do qual e a confirmação, o complemento e o meio seguro para merecerdes sempre mais as graças divinas e as celestes recompensas.
Frei Ireneu Mazzotti OFM - Cividino. Festa de Anunciação.1952
 

sexta-feira, 9 de março de 2012

1ª Parte- Estudo do Triênio

1. “DEUS CHAMA À VIDA AS COISAS QUE AINDA NÃO EXISTEM” (Rom. 4,17).

O termo vocação tem uma história no contexto do pensamento bíblico e cristão. O Antigo Testamento fala tanto de vocação pessoal como coletiva no sentido de um chamado a existir e a encontrar-se com o único e verdadeiro Deus, para ser enviado a manter viva a memória entre os povos e a desenvolver um dever específico na transformação do mundo em uma digna morada ao homem, com a certeza de poder contar com a ajuda divina. Para o Novo Testamento, vocação é o chamado a seguir Cristo e a agir como membro ativo do Corpo místico, que é a Igreja, para levar aos homens o anúncio da sua mensagem de salvação e testemunhá-lo com a vida.
Entre os séculos IV e V, o discurso vocacional começou a registrar um deslocamento da atenção. Esta foi dirigida, preferencialmente, à vida monástica e religiosa em primeiro lugar e ao sacerdócio ministerial depois, privando pouco a pouco essas mesmas “escolhas de vida” de sua justificação de fundo, que é a vocação cristã na qual essas se inserem e a partir da qual se desenvolvem.
O enquadramento do tema vocacional nessa ótica restrita levou, por sua vez, a selecionarem-se, no texto bíblico, apenas os trechos que se referiam ou que se presumia que dissessem respeito às assim chamadas “vocações de consagração especial”, resultando assim numa apresentação redutiva de toda a temática vocacional.
            Nos últimos anos, graças também à contribuição das ciências humanas, o termo vocação recuperou a conotação do seu originário significado bíblico. Esse diz respeito à própria concepção da pessoa como algo que a faz ser o que é e a diferencia das outras coisas. Por isso a pessoa humana não é mais considerada como uma realidade que tem uma vocação, mas, ela mesma, no mais íntimo de seu ser, uma vocação. Desse modo, o conceito de vocação estende-se a todo homem.
            Cada vida humana, portanto, é vocação. Isto é, um chamado a existir, a coordenar e a fazer frutificar com a ajuda de Deus, na condição de filhos adotivos, aquele conjunto de atitudes e de inclinações, que os homens possuem, em vista do cumprimento de um projeto e de uma missão no mundo.


1.1. A criação

            Um acontecimento fundamental domina a história da salvação: Deus falou. O primeiro grande chamado de Deus consiste em chamar à existência as coisas que não são: “Ele fala e tudo se faz, ordena e tudo existe” (Sal. 33,9).
            A criação da realidade cósmica a partir do nada parece representar o aspecto preliminar e geral de um chamado coletivo que precede e, portanto, funda a existência de todo ser. Deus se compraz no seu bem infinito e, em virtude dessa aprovação, decide livremente expandir sua bondade para fora de si, chamando aquilo que não é à existência. Ele faz isso não para aumentar o próprio bem ou para ter a posse de um bem que lhe fosse extrínseco, mas apenas para dilatar a circulação de vida e de amor que perpassa as Pessoas divinas.
O fato primordial do chamado dos seres à existência revela o mistério de um querer, de um desígnio, de uma iniciativa divina, que implica o voltar-se de Deus para as suas criaturas para enriquecê-las com o dom da existência, manifestação do seu amor benevolente. Mas isso também esclarece que cada ser criado não é absoluto nem autosuficiente, não estando pois em condições de dar a existência a si próprio.


1.2. O homem feito “à imagem de Deus”

Entre as criaturas existentes neste mundo, emerge o homem, expressão singular do ato criador divino. Ainda que retirado da terra, o homem não é um ser puramente material. Com uma intervenção especial, Deus o torna um “ser vivo” (Gen. 2, 7), formando-o à “sua imagem e semelhança” (Gen. 1,26).
            Lê-se no livro do Gênesis: “E Deus disse: Façamos o homem à nossa imagem, à nossa semelhança... Deus criou o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou (Gen. 1,26-27).
            Então o Senhor plasmou o homem com pó do solo e soprou mas suas narinas um hálito de vida e o homem tornou-se um ser vivo” (Gen. 2-7).
            Desde os primeiros capítulos, a Bíblia descreve o homem numa perpectiva teológica, ou melhor ainda, teocêntrica. Cada homem a seu modo, participa da “imagem de Deus”, único e incomparável exemplar de inesgotável perfeição. Ele não a possui em plenitude, mas um germe que tende a crescer em proporção ao dom recebido e à resposta ao dinamismo de desenvolvimento do mesmo dom, que atingirá sua máxima perfeição na glória final. Por essa sua participação na “imagem de Deus”, o homem constitui-se como pessoa inteligente e responsável de suas ações, diferente de todos os outros seres e capaz de construir-se num horizonte de liberdade e de abertura a Deus, aos seus semelhantes e ao mundo material.

1.2.1. Criatura de Deus

            A categoria bíblica da “imagem de Deus”, aplicada ao homem e a ele apenas, focaliza, antes de tudo, a origem divina da vocação humana e a radical dependência que a pessoa humana tem de Deus. Em outras palavras, essa evidencia sua condição de criatura.
            A idéia de “imagem”não diz apenas que o homem, não tendo em si mesmo a origem da própria existência e não bastando a si mesmo, é finito, limitado e que, portanto, deve reconhecer sua dependência de Deus. Essa evidencia também que o homem goza de uma privilegiada relação com Deus, porque a sua realidade de “imagem” põe-no em condições de ser sinal e reflexo, ainda que imperfeito, da grandeza, potência e bondade divinas.
            A expressão “imagem de Deus” explicita que a dependência do homem de Deus não é momentânea, isto é, ligada apenas ao ato criador, mas reveste toda a existência. De fato, a imagem é relativa àquele do qual é reflexo de modo contínuo. Sem exemplar, não existe a imagem e essa sua relação e dependência não é algo de extrínseco ao ser humano, mas representa a realidade mais profunda e a própria perfeição. Como a figura projetada sobre um espelho depende do original, assim o homem recebe consistência e significado da sua permanente relação de dependência de Deus, de quem é “imagem”.
            Segundo a narrativa do Gênesis, o homem foi idealizado, desejado e chamado à existência para cumprir o papel de “imagem de Deus”.
            Tal papel não é uma forma acidental que se acrescente ou seja imposta de maneira externa  à substância humana, mas é o modo de ser e de comportar-se próprio da pessoa que tem Deus como ponto de referência e destino final.
            Além de seu peculiar relacionamento de criatura com Deus, o homem tem uma posição no universo, uma dignidade e funções que o caracterizam e o distinguem de todos os outros seres. O homem participa, ao mesmo tempo, da natureza dos seres inferiores (= “pó da terra”) e da natureza de Deus (= “hálito da vida”: Gen. 2,7).
            Por ser feito à “imagem de Deus”, o homem possui bens e cultiva aspirações que os outros seres não possuem e não cultivam. Quem desrespeita o homem, desrespeita a Deus, de quem o homem é imagem.
            Como “imagem de Deus”, a criatura tem a obrigação de comportar-se em harmonia com essa sua dignidade.  (Até aqui está no blog)

1.2.2. Interlocutor de Deus

            No concerto da criação, o homem é o único ser que tem a capacidade de manter um relacionamento dialogal com Deus. No mesmo momento em que Deus com seu “sopro vital” constitui o homem em seu próprio ser, infunde-lhe o desejo ardente do diálogo e do encontro com Ele. Depois de tê-lo criado “à sua imagem”, Deus não abandona o homem como se não estivesse mais interessado em seu futuro. Pelo contrário, Deus fala com ele, dá-lhe a possibilidade e a capacidade de conhecê-lo, entretém-se familiarmente com ele, manifesta-lhe a sua vontade. O diálogo de Deus com o homem inicia-se no primeiro instante da criação de Adão, no jardim do Éden. E não terá mais fim. Enquanto Deus comanda as outras criaturas de modo impessoal, ao homem Ele se dirige como pessoa livre e espera uma resposta (cf. Gen. 2, 16-17; Sir. 17, 1-11).
            Portanto, o homem não é uma realidade casual.
            É um ser chamado a cultivar a “imagem de Deus”que é ele. Deus, após tê-lo criado, manifesta-lhe suas propostas de diversas maneiras e o estimula a acolher os seus dons.
Instaura-se assim um diálogo em que Deus chama e o homem é solicitado a responder. A vocação evoca esse diálogo não isento de dificuldades e incertezas, de adesões e resistências, porque o homem pode condicionar ou também opor-se às iniciativas gratuitas com as quais empenha-se em colaborar com ele, para ajudá-lo a tornar-se o que ainda não é. Apesar dos obstáculos e das resistências do homem, Deus persiste em envolvê-lo no seu desígnio de amor.
O homem deve convencer-se de que valoriza sua existência à medida em que vive sua relação com Deus, numa atitude igual à da relação entre um pai e um filho.

1.2.3. Aberto aos seus semelhantes

            Um outro dado que brota da descrição simbólica dos primeiros capítulos do Gênesis é que o homem é, por natureza, um ser social. Isso o leva a descobrir em si mesmo uma inegável aspiração de comunicar-se com os outros homens. A complementariedade e a interdependência especificam seu modo de ser e de viver. O caminho da sociabilidade é aquele que o homem deve percorrer, se quer se realizar.
            Isso se deduz do fato de que Deus não criou o homem como indivíduo independente, mas como pessoa, isto é, como sujeito que é, ao mesmo tempo, princípio, centro e fim de relações. Desde sua criação, não quer que o homem permaneça só. Ao seu lado, pôs uma ajuda que lhe fosse semelhante (cf. Gen. 2,18), para que através da mútua colaboração o homem e a mulher, cada um a seu modo, contribuíssem para a própria complementação e o próprio amadurecimento.   
            A união do homem e da mulher representa a primeira forma terrena de comunhão de pessoas. Dessa deriva e nela se inspira, dentro de certos limites, toda forma de vida em sociedade, atenta a salvaguardar uma livre e fecunda troca de relações entre as pessoas, baseada não na prepotência e na força, mas no amor. Para exprimir a aliança estabelecida com o povo de Israel, e o próprio Deus evoca o simbolismo das núpcias (cf. Os. 2,16s. 21s.; Jer. 2,2.20; 31,3; Ez. 16, 1-43. 59-63).
            Relativo por constituição, o homem percebe que sua progressiva realização depende de um contínuo dar e receber. Seu crescimento não pode estar separado daquele dos outros homens. Portanto, os homens devem empenhar-se, juntos, em colaborar, para que todas as pessoas e as comunidades cresçam em humanidade, visto que toda vocação, mesmo sendo pessoal, guarda em si mesma uma exigência comunitária.

1.2.4. Artífice do seu destino

O homem é uma criatura sociável a quem Deus faz suas propostas e de quem espera uma resposta. Nesse contexto de chamado e de resposta, está o discurso das livres opções do homem, das responsabilidade que dela brotam e da sua vocação para construir o próprio destino.
O dom da existência, que Deus deu ao homem, não é uma realidade pronta e acabada que deve ser acolhida e conservada passivamente. É um projeto que o homem é convidado a receber, potencializar e completar com a contribuição de seu empenho e de suas firmes decisões para que se realize como homem, cultivando seus dotes e partilhá-los com os outros, em espírito de autêntica fraternidade.
            Junto com o dever de encaminhar-se em direção a sua plenitude, o homem tem também a obrigação de procurar por si mesmo os caminhos para conseguí-los. Não se trata de inventá-los, mas de descobrí-los através da leitura dos impulsos internos e dos acontecimentos com os quais Deus acompanha o homem na integração da própria iniciativa com a divina.
O tempo que o homem tem à sua disposição sobre a terra é um tempo de empenho e de responsabilidade. Um tempo em que ele prepara o que quer ser, com escolhas que respeitem sua dignidade de homem e as finalidades para as quais foi criado, sem esconder ou estragar os dons que Deus lhe concedeu.
            Infelizmente, não é sempre assim. Criado para viver unido a Deus e a dialogar com Ele, o homem pode eximir-se de aceitar esse destino. Não por acaso, as primeiras palavras que Deus dirige ao homem assumem a forma de uma proibição que põe à prova o exercício da liberdade humana: “Tu poderás comer de todas as árvores do jardim, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não deves, comer, porque, quando dela comeres, certamente morrerás”(Gen. 2,16-17).
            A proibição e as sanções contidas nesse texto das Escrituras mostram que Deus considera o homem capaz de responder “sim” ou “não” aos seus mandamentos e que suas respostas trazem conseqüências positivas ou negativas para o presente e o futuro de sua existência.
            É verdade, porém, que mesmo quando o homem se mostra surdo às ordens e aos convites de Deus e se afasta d’Ele, recusando-se a escutá-Lo, Deus continua a oferecer-lhe sua amizade, confirmando sua disponibilidade em retomar o diálogo interrompido pela criatura, para que esta se encontre e dê o melhor de si mesma na atuação do desígnio divino, do qual depende a construção do próprio destino temporal e eterno.

1.2.5. Colaborador de Deus

Logo que são criados, homem e mulher recebem a missão de comunicar a vida com o objetivo de povoar a terra, dominá-la (cf. Gen. 1, 26-28) e transformá-la em uma casa para seus filhos. Todas as outras criaturas a eles estão sujeitas (cf. Gen. 1,28; 9,7). Isso leva o salmista a perguntar-se “que é o homem para que dele Tu te lembres? Contudo Tu o fizeste um pouco menor do que os anjos e o coroaste de honra: a ele deste poder sobre as obras de tuas mãos, tudo colocaste sob seus pés” (Salmo 8, 5-7).
O homem existe para desenvolver uma função específica no mundo. Sua vocação é uma vocação histórica. Ele é chamado à existência para que tome a direção do mundo, colocando-o a serviço das exigências da vida humana e conduzindo-o à plenitude de sua evolução, consciente de agir como colaborador e como executor das intenções divinas sobre a criação. E da criação o homem pode dispor como verdadeiro senhor (cf. Gen. 1,28; Sab. 2,23), contando que respeite o fim último da mesma criação e que não diz respeito à sua própria exaltação, mas à glorificação de Deus.

1.2.6.Coroamento da criação

            Por causa de sua semelhança com Deus, o homem aparece como o “contro e o vértice”(GS. 14) do mundo material. Ele é chamado à existência depois das outras coisas. Em sua criação, há uma ação direta e especial de Deus. Se antes de seu aparecimento o mundo era apenas “bom” (Gen. 1, 25), após ele, o mundo torna-se “muito bom” (Gen. 1,31).
            A “imagem de Deus” esculpida no homem faz dele, verdadeiramente, o coroamento de toda a obra criadora, o ponto mais alto em que brilha mais viva a presença e o poder de Deus. É verdade que a “imagem de Deus” foi deturpada pelo pecado e, portanto, também a criação “foi subemetida à vaidade” ( Rom. 8,20). Todavia, em sua condição de espírito encarnado, inserido no mundo, o homem, se não se fecha no próprio egoísmo mas se se deixa penetrar pelo dinamismo do amor divino, readquire a capacidade de “prolongar a obra do Criador”e de dar “uma contribuição pessoal” à realização do plano providencial de Deus na história (GS. 34). Ele colabora assim “com a própria ação para completar a divina criação”(GS. 67), transformando-a numa habitação do homem que corresponda ao desígnio que Deus tenha quando lhe imprimiu seu impulso criador.


2. “TEVE ASSÍDUO CUIDADO COM O GÊNERO HUMANO” (D.V. 3)

            No A.T. se delineiam dois tipos de vocações: uma coletiva e outra individual. A vocação coletiva se identifica com o chamado a formar um povo santo e sacerdotal que vive em aliança com Deus (cf. Ex. 19,3-6); as vocações individuais são ordenadas a desenvolver um ministério particular no meio do povo de Deus; tendem por si mesmas à formação e ao crescimento do povo Deus; são muitas as respostas concretas de Deus aos “gemidos” do povo (cf. Ex. 2, 23-4,9). Pondo-se ao serviço da  comunidade, os chamados, com suas missões, promovem a fidelidade do povo à aliança. Veremos a seguir, algumas vocações individuais do A.T. De cada vocação será ilustrada a origem, a missão e a resposta, a realização do chamado no plano pessoal.

2.1. CHAMOU ABRAÃO PARA FAZER DELE UM GRANDE POVO

            A vocação de Abraão (Gên. 12,1-3) é assim  fundamental na economia do livro de Gênesis, por constituir uma virada decisiva para a história da humanidade. Com a humilde submissão de Abraão e dos Patriarcas a Deus, a história da desobediência e das maldições, iniciadas no jardim do Éden (cf. Gên. 3,17), se transforma em história da obediência e da bênção.
O relato da vocação de Abraão é inserido num contexto mais amplo constituído de cinco trechos assim articulados: apresentação do país de Abraão e da descendência de Taré (Gên. 11,27-32); vocação de Abrão com relativo convite a deixar a sua terra para ir ao país que o Senhor lhe havia mostrado (Gên. 12,1-9); tentação de abandonar a terra prometida pelo rico país do Egito (Gên. 12,10-13,1); retorno à terra prometida (Gên. 13,2-18) e luta contra os inimigos para não perder o dom divino (Gên. 14,1-24).

2.1.1. Chamado Divino

            Com a diferença das outras vocações bíblicas, aquela de Abraão é introduzida secamente com estas palavras: “O Senhor disse a Abrão” (Gên. 12,1).
            É Deus que com a sua palavra criadora irrompe na vida deste arameu errante (cf. Dt. 26,5) e o transforma de politeista em monoteista, para fazer dele o pai de todos os crentes (cf. Rom. 4,11-12). A intervenção de Deus imprime uma nova orientação a toda a sua vida.
O chamado vem seguido de uma ordem precisa: “Deixa a tua terra, tua família e a casa de teu pai e vai para a terra que eu te mostrar” (Gên. 12,1). Isto supõe uma progressiva e real manifestação de Deus a Abraão, que culmina no chamado do qual a Escritura não conservou recordação. A existência de um fato místico, pelo qual Abraão foi feito objeto em Harã e que assinala o início de uma nova humanidade e de uma nova terra, não se pode colocar em discussão.
            A palavra de Deus que chama tem a força de arrancar Abraão do seu ambiente sócio cultural e de conduzí-lo a uma terra por ele desconhecida lançando-o num caminho de fé, cujo sentido excede a sua existência, investe toda a humanidade e se manifesta plenamente somente no século futuro (cf. Gál. 3,16). Como se pode ler na carta aos Hebreus, chamando Abraão, Deus lhe fez o pedido com a fé, numa obediência heróica: “pela fé Abraão, chamado por Deus,  obedeceu partindo para um lugar sem saber por onde andava” (Heb. 11,8). Todavia Abraão sabia, que podia contar totalmente com a ajuda de Deus, que manifestou-se a ele como seu protetor: “Nada temas, Abraão! Eu sou o teu protetor” (Gên. 15,1).


2.1.2. Missão de Abraão

            Convidado a deixar seu país, pátria, casa paterna para receber como sorte a bênção, Deus confia a Abraão a missão de ser um mediador e transmissor de bênção: “Farei de ti uma grande nação; eu te abençoarei e exaltarei o teu nome, e tu serás uma fonte de bênçãos. Abençoarei aqueles que te abençoarem e amaldiçoarei aqueles que te amaldiçoarem; todas as famílias da terra serão benditas em ti” (Gên. 12,2-3).
            A sua missão de mediador e de abençoador para a humanidade inteira se entende não somente no contexto da história primitiva (Gên. 1-11): como pela desobediência de Adão a maldição recai sobre toda a humanidade (cf. Gên. 3,14-17; 4,11; 5,29; 9,25), assim pela obediência de Abraão a bênção de Deus passando por Isaac (Gên. 25,11) e Jacó (Gên. 27,30; 28,14), alcança Israel e em Cristo, o herdeiro da promessa (cf. Mt. 1,1; Gál. 3,16), verifica-se a participação da humanidade inteira.
            Com Abraão a bênção de Deus retorna sobre a terra.
            Ser bênção: esta é a vocação-missão de Abraão. Obterá a bênção, que flui de Abraão, a quem, como ele, crê e obedece ao Senhor. De Abraão se diz: “Crê no Senhor, como Abraão teve fé” (Gál. 3,9; Rom. 4,18).

2.1.3. Resposta ao chamado de Deus.

            A Abraão Deus pede uma ruptura radical com todas as ligações naturais e a partida imediata de sua terra. O imperativo “vattene” exprime de fato uma dúplice exigência da vocação: ruptura com o seu passado pagão, representado pela separação de tudo isto que tinha de mais caro, e imigração a um país escolhido por Deus e por ele desconhecido. As promessas de Deus são ligadas à execução de uma ordem “Então Abraão partiu como o Senhor lhe havia dito” (Gên. 12,4). Do “êxodo” de Abraão de sua região são lembradas as etapas de partida e de chegada (Harã e Canaã), das quais algumas paradas são significativas em sua demorada peregrinação à terra prometida: Siquëm e as montanhas do Oriente de Betel. Abraão atravessou a terra de Siquém, até o carvalho de Moré, Deus se manifesta a Abraão e renova a promessa (Gên. 12,7a); em Siquém Abraão constrói o primeiro altar e oferece o culto ao Senhor que o havia chamado (Gên. 12,7b). A segunda parada foi num lugar sobre a montanha ao oriente de Betel (Gên. 12,8). Estes dois lugares passaram para a história como santuários patriarcais. De Betel Abraão se transfere à Negeb, onde se acampa até que sobreveio uma fome na Região e sendo grande a miséria Abraão desceu ao Egito para aí viver algum tempo (Gên. 12,9-19).

2.1.4. Pai ao preço de uma vida

            A resposta à vocação-missão de ser mediador e transmissor de bênçãos para todas as gentes deixa Abraão em momentos dramáticos. Deus de fato lhe pede o sacrifício de uma tríplice separação da sua Região, do seu país de origem e da casa de seu pai. Em seguida àquela mesma palavra lhe pedirá para imolar o filho pela promessa: “Toma teu filho, o teu único filho que amas, Isaac, vá ao território de Moriá e oferece-o em holocausto sobre um monte que eu te indicarei” (Gên. 22,2).
            A ordem do Senhor é determinante: Abraão deve deixar a sua segurança em troca de uma terra que lhe será indicada e de uma promessa tendo em vista a descendência, também esta projetada no futuro. A promessa da descendência pesa por demais contra a evidência: Abraão é velho de 75 anos (Gên. 12,4) e Sara sua mulher, é estéril (Gên. 11,30). Com o passar dos anos, Abraão vê se esvair a esperança na promessa, tanto que dirá ao Senhor: “Eu me vou sem filhos e o herdeiro de minha casa é Eliezer de Damasco” (Gên. 15,2-3). Será a palavra de Deus a assegurar a Abraão, mas a promessa é ainda outra vez projetada no futuro: “Não é ele que vai ser teu herdeiro mas aquele que vai sair de tuas entranhas” (Gên. 15,4). É crendo na Esperança (divina) contra a esperança (humana), que Abraão se torna pai de uma multidão de pessoas (Rom. 4,18). A sua fé não vacilou nem mesmo quando, do nascimento de Isaac, Deus lhe pediu para oferecer em sacrifício o filho da promessa que tanto amava.
            É a fé em Deus a sustentar Abraão pela via da obediência e a dar-lhe a força para deixar um destino seguro para receber a sorte na esperança de uma terra nova e um povo numeroso, e ser uma bênção para todas as famílias da terra. No seu caminho de fé, Abraão é sustentado pela promessa divina, que sempre o acompanha, e a fidelidade de Deus à palavra dada; uma palavra que pouco a pouco se manifesta em toda a sua caminhada e faz com que o futuro se torne presente.

2.1.5. Realizações pessoais de Abraão.

            A realização da nova personalidade de Abraão passa pelo caminho do sacrifício de alguns valores terrenos (país, pátria, casa paterna) e comporta a adesão plena à promessa de Deus. Ao subtrair Abraão de um destino seguro, Deus lhe traça um outro plano de muito superior: “Farei de ti uma grande nação; eu te abençoarei e exaltarei o teu nome, e tu serás uma fonte de bênçãos. (Gên. 12,2). A fé heróica e a obediência pronta não comprometem a personalidade de Abraão; ao contrário contribuem para realizar nele um projeto de Deus que quer fazer dele o “grande pai de uma multidão de pessoas” (cf. eclo. 44,19). É de fato a bênção divina a tornar Abraão muito fecundo e a fazer dele “nações” (Gên. 17,6).
O fato é notado pela própria troca do nome: “Não te chamarás mais Abrão, mas te chamarás Abraão, porque pai de uma multidão de povos” (Gên. 17,5). Não obstante a sua formulação ao futuro, Abraão antegoza em “germe” as promessas de Deus. No nascimento de seu filho Isaac de Sara, com noventa anos e estéril, Abraão, centenário, vê realizarem-se os seus desejos e adquire a certeza que todas as palavras do Senhor, mesmo que projetadas no futuro, terão pleno cumprimento.
“Ajudar a todos, dar alegria a todos, servir a todos, grandes e pequenos, familiares e estranhos: esta foi a verdadeira missão de Antonieta” durante toda a sua existência.
 (Vida de Família 1/1998)

Estudo - Sexênio - Texto 7


7.       SECULARIDADE E ORAÇÃO
Ascética e oração (tirado dos “Documentos CMIS, CRIS”: reflexões sobre os I.S.)
134. A ascética de uma vida consagrada por meio dos conselhos que se desprender em pleno mundo, comporta uma revisão de consciência contínua e estimulante.
135. Um tal exercício requer para manter-se no equilíbrio, na serenidade e na autenticidade, uma atitude ininterrupta de oração. Isto se alimenta pela participação na liturgia eucarística, da meditação cotidiana possivelmente prolongada pela Palavra, de tempos fortes de reflexão e de oração: retiros, exercícios, horas de reflexão, de oração e de silêncio, no qual se faz mais íntimo e mais humilde o procurar a vontade de Deus e a inspiração do Espírito.
136. Os Institutos Seculares estão persuadidos que a ação febril do mundo na qual participam os próprios membros, devem perseverar-se e esclarecer-se na oração; que a “contemplação” não se possa separar por um ritmo de vida fortemente empenhado na ação.
137. É um dado de fato a procura por parte dos leigos consagrados, particularmente dos jovens, de “momentos fortes” de oração, de momentos de “deserto”
138. É para notar ainda uma orientação, sempre mais precisa e compartilhada, visando uma atitude de união com Deus prolongada e continuada na vida cotidiana de trabalho, no contexto do cansaço e do tumulto da jornada.  
139. Os membros dos Institutos Seculares, mesmo aproveitando abundantemente, pelo caminho do Reino de Deus no mundo, todas as forças humanas (as sociais, científicas e técnicas), instrumentos que usam ao lado e no meio aos outros homens, faltariam menos ao seu dever se não confiassem principalmente, na ajuda a na fecundidade da oração. E com a oração, a cruz, que é sinal da ressurreição e meio para levar avante no mundo a esperança da efetivação do Reino.
“Rezai incessantemente no Espírito, com toda a espécie de orações e súplicas” (Ef 6,18
Quando os Apóstolos pedem a Cristo: “Senhor, ensina-nos a rezar” (Lc 11,1) Ele os convida a invocar Deus com o nome de Pai “Abbá” “Papai”.
Deus não é somente o Criador, o Senhor Onipotente do céu e da terra, mas é “... o meu pai e vosso Pai”, em consequência Cristo é nosso irmão e n’Ele nos tornamos irmãos de todo homem. Para alcançar o coração do Pai devemos caminhar juntos aos irmãos amados com a medida do amor de Cristo.
Quando o homem se deixa envolver, sem fazer resistência, ao amor de Deus a oração torna-se uma necessidade, um meio para exprimir a sua adesão. O louvor sai espontâneo e tudo quanto pertence à existência vem incluído como dom gratuito do amor.
“É no encontro da alma com o seu Deus, onde se inicia toda uma troca de divino amor. É a alma que, dá a Deus todo o seu afeto, que lhe doa toda a si mesma, que corre para pedir-lhe amor, e é Deus que dá a alma o seu amor” (Vincenza).
O estado habitual do consagrado é a intimidade com Deus, a comunhão com a Trindade Santíssima e seguimento e a conformidade a Cristo, o abandono á ação do Espírito Santo.
“A oração é a comunicação da alma com Deus, a comunicação de Deus á alma” (Vincenza).
A vida toda então se transforma num ato de louvor e de adoração, no sacrifício sacerdotal, na oferta de padecimento e de agradecimento. Oração e vida não são momentos isolados e separados, mas, tornam-se um contínuo que se desenvolve no tempo e no espaço em uma relação pessoal que vai para Deus aos irmãos e vice-versa.
“A oração se define como a elevação da alma a Deus; a alma não é outro que a mente, o coração, a vontade, todo o nosso ser interior e exterior. Oração significa adorar, pedir, agradecer, bendizer’. (Querei-vos bem 195)
Uma vida consagrada sem oração é vazia, perde o significado e termina por fechar-se em si mesma em uma busca de satisfações pessoais.
A nossa é uma consagração especial porque caracterizada pela secularidade.
Se existe um modo particular e específico de viver a consagração na secularidade, existe também uma forma de oração que é própria de nós seculares consagradas.
Mesmo mantendo as características fundamentais, todavia o modo de relacionar-se com Deus, reanima-se e muda segundo a escolha de vida.
Como a consagração no mundo não nos separa das realidades terrenas, mas nos deixa em pleno título inseridas entre os outros homens, assim a oração não nos tolhe e não nos separa do mundo. Quando “entramos em nosso quarto e, fechamos a porta, rezamos ao Pai em segredo”. Não o fazemos para nos recolher em nós mesmos em um relacionamento interior com Deus, não nos isolamos, esquecendo os irmãos, os seus problemas, as suas fadigas e os sofrimentos de uma humanidade incapaz de viver a fé, porque na busca de bens ilusórios e de felicidade nas cosias efêmeras e passageiras. Nos fechamos para fazer silêncio em nós e fora de nós, para nos colocarmos em escuta, para ouvir a Palavra, mas também para levar ao mundo a Deus e para reencontrá-lo Nele.
“O mundo que eu desejava fugir – escreverá Vincenza – agora é o meu deserto, onde reina a solidão fecunda do amor”. É uma forma de contemplação nova e original, próxima da experiência de fé de Maria que “guardava todas estas coisas no coração” (Lc 2,51)
“Recolher-nos significa criar em torno de nós e em nós o silêncio no qual Deus fala... Quando o silêncio interior não está entre as virtudes preferidas, quanta dissipação na nossa mesma oração”   (V.B. 147).
A oração secular tem uma dimensão:
-          eclesial: é Cristo que esta em nós e que reza conosco, mesmo se estamos sós ou em pequenos grupos;
-          humana e cósmica ou seja, direta visando os homens e a história;
-          pessoal – e se faz íntima união com Deus, relacionamento personalizado e, com freqüência, único e incomunicável, que atinge as suas origens na oração litúrgica que ali se vivifica e se fortalece;
-          comunitária que, mesmo se não realiza em uma comunidade concreta, excetuando particulares momentos de vida de Instituto ou de grupo, nos reúne todos em um só Corpo e em um só Espírito.
“Sede fortemente contemplativas para distinguir o Senhor que passa nas atuais circunstâncias da história, para colaborar no Plano da Salvação de Deus que quer ‘recapitular em Cristo todas as coisas, aquelas do céu, como aquelas da terra’ ” (Cardeal Pirônio).
No centro da nossa jornada devemos por sempre a oração litúrgica. “... enquanto a Liturgia cada dia em templo santo no Senhor, em tabernáculo de Deus no Espírito aqueles que estão dentro dela, até a medida da idade da plenitude de Cristo, ao mesmo tempo admiravelmente lhes robustece as forças para que preguem Cristo” (S.C. n. 2).
“Portanto, assim como Cristo foi enviado pelo Pai, assim também Ele enviou os Apóstolos, cheios do Espírito Santo, não só para pregarem o Evangelho a toda criatura, anunciarem que o Filho de Deus, pela sua morte e ressurreição, nos libertou do poder do demônio e da morte e nos transferiu para o reino do Pai, mas ainda para levarem a efeito o que anunciavam: a obra da salvação através do Sacrifício e dos Sacramentos, sobre os quais gira toda a vida litúrgica” (S.C. n. 6).
A oração litúrgica em sentido restrito, é louvar, bendizer, agradecer, expor a Deus as próprias necessidades e as dos outros.
Recordamos que é sempre de Deus a iniciativa da salvação, da revelação, da liberação do homem da escravidão do pecado.
A Liturgia das Horas nos insere na oração oficial da Igreja que se dirige para Deus em coro unânime. Recolhamos este vínculo profundo de unidade e experimentemos aqueles Salmos, expressões de fé, de confiança, de abandono com os quais por séculos os fiéis se dirigem a Deus.
“É verdade que a oração litúrgica é insubstituível e eficacíssima (e fazei de não descuidar nunca do Messalino por preguiça ou indiferença”  (Vida de Família n. 2 1991/92)

         

Estudo - Sexênio - Texto 6

6.       A Nossa Regra
“... afim de que, interiormente purificados, iluminados e abrasados pelo fogo do Espírito Santo, possamos seguir as pegadas de vosso Filho nosso senhor Jesus Cristo e, por vossa graça unicamente, chegar até Vós, ó Altíssimo...” (F.F. 233)
Temos necessidade de recordar cotidianamente a nossa Regra de vida que é: vida de união com Deus na cela da alma, no mundo, nesta família espiritual.
1.      A vida de união é um dom de Deus que exige de cada uma o empenho de percorrer o caminho do amor. Esta é formada de três caminhos: Deixar tudo o que não favorece a união, cumprir segundo por segundo o que faz crescer no amor e de modo especial abraçar a cruz, responder ao amor de Deus com a disponibilidade de toda a vida.
Se, percorremos com generosidade o caminho do amor, a vida de união crescerá dentro de nós e aprenderemos a viver sempre unidas a Deus, como Maria.
Este precioso dom da união poderá ter tantas sutilezas diversas que se traduzem na mesma experiência que mudará totalmente a nossa vida.
Poderá significar viver na presença de Deus, acompanhadas por um profundo sentido do mistério, viver, com Deus, em sua companhia, na partilha, na amizade, viver perto de Deus, na adoração, na intimidade, no silêncio, na espera, no segredo, viver da sua mesma vida divina, de amorosa vida de união da qual Vincenza nos fala abundantemente; é só experiência pessoal que não se pode narrar.
2.      Na cela da alma – A vida de união não está fora de nós, mas dentro, na sela da alma. Todos os santos também, se usam palavras diversas, falam disto. É um lugar, em nós, para descobrir, para procurar, no qual retirar-se residir, permanecer. Lugar no qual se volta o mais rápido possível quando nos distanciamos. As inutilidades, o vazio, as vaidades, o orgulho, o supérfluo, os inimigos internos e externos, distanciam da cela e, portanto, de Deus, da união. A garantia que não se está fora da cela da alma, é a caridade. Quando se age pela caridade, pelo amor, pelo Senhor, na paz, sem segundas intenções, sem hipocrisia, vanglória, egoísmo, não se abandonará nunca aquele sentido de união com Deus.
A meditação e o silêncio conduzem ao limiar do interior da cela, a oração nos faz penetrar e o amor nos faz habitar nela e a caridade que ali se gera, nos envia aos irmãos.
Corremos o grandíssimo risco de não ter ainda encontrado este “lugar” em nós, porque a nossa vida é ainda imersa em um grandíssimo mar de “cosias” não verdadeiramente necessárias. Esta cela onde se vive o amor nupcial poderia ser submersa por mis pesos inúteis.
3.      No mundo – Somos criaturas que vivem este grande mistério permanecendo no mundo, nas condições comuns de vida, na plena secularidade.
A verdadeira vida de união envia aos irmãos, e andando no mundo, isto é, vivendo no mundo, anunciamos com a vida, o amor de Deus. Acreditamos que o mundo é lugar sagrado, criado por Deus, mantido em vida por Ele. Deserto árido porque sedento de Deus. Vincenza diz que o mundo é o seu belo deserto, onde plantou suas doces tendas. De fato, este deserto, cada dia, nós percorremos no nosso estar no mundo.
Mas também nós, como a nossa primeira irmã, podemos dizer que é belo este deserto, porque nele floresce cada dia o amor através da presença, a caridade, a oração de cada cristão e, portanto, também de cada uma de nós.
È urgente viver no mundo porque existe uma grandíssima necessidade de oásis, de água, de conforto, e cada vez que nos tornamos colaboradores de Deus damos também nós a nossa pequena contribuição para que este deserto floresça. As violências de cada dia, os sofrimentos, os ódios, os medos, as dúvidas, as desilusões e todo caminho do mundo feito de fragilidade e de enganos ao lado de todo bem, o bom, o belo, as mil esperanças de cada um, os ideais, as expectativas vistas na nossa pequena experiência de cada dia, junto a Jesus e em Jesus, encontramos significado. Uma presença, a nossa que exprima a união com Ele, que deixe transparecer no rosto, nos gestos, nas palavras, uma presença que fale Dele.
4.       Nesta família espiritual – A vocação nos foi dada dentro da P.F.F. Nesta família, através de um caminho de confiança e de colaboração, encontramos as respostas e as energias que nos ocorrem, a compreensão e o despojar-se, algumas vezes também momentos de incompreensões e de cansaço, pérolas preciosas sobre nosso caminho, que nos ajudam a modificar o caráter, a procurar verdadeiramente a vontade de Deus, a despojar-se do nosso “eu”.
Devemos refletir sobre o significado, para cada uma, da pertença a esta família, da comunhão de vida com as irmãs e da participação nos momentos de vida fraterna.
Caríssima irmã, o caminho é longo e difícil, mas também muito belo e excitante. Coragem! Nos parece sempre de estar no início. O Senhor nos está conduzindo pelos seus caminhos e quer a colaboração de todas. Você, como pode colaborar?  (Vida de Família, n. 2/98)
Empenho pessoal
Cada dia no momento mais calmo, dedicado á vida de oração, orienta o teu viver na calma, na paz, na oferta de ti mesma. Compreendas, iluminada, pelo Espírito Santo, as pequenas respostas operadas que deves dar.
-          Purifica o teu coração do egoísmo, da vanglória, da presunção, do buscar aquilo que te é cômodo e sacrifica-te pelo Evangelho.
-          Não podes viver tudo aquilo que o mundo te oferece. Deves escolher e ter a coragem de testemunhar o teu andar contra a corrente. Testemunhando com a vida, “fale” de Jesus. Aos grandes desafios que o mundo te faz, deves responder com as tuas pequenas escolhas corajosas, claras, decisivas que produzam frutos ali onde vives.
-          Pergunta-te se o teu “encasular” a consagração secular é bastante reduzido ou se podes dar, dentro de te, um maior espaço no acolhimento da pluralidade de expressões.
Considera, ainda, a tua disponibilidade pessoal para deixar-te conduzir pelo Espírito Santo visando manifestações novas do mesmo carisma, sempre na plena obediência à Igreja e às responsabilidades do Instituto

Estudo - Sexênio - Texto 5

5.       OBEDIÊNCIA
“Cristo... humilhou-se a Si mesmo, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz!” (Fil. 2,8)  
          Obediência: resposta ao amor de Deus
Iniciamos o desenvolvimento do art. 10 de Regra e a nossa atenção é logo atraída por Jesus que vem como Aquele que “depôs a sua vontade naquela do Pai”. A resposta de Jesus ao amor do Pai se exprime na sua total obediência na encarnação e na vida terrena até a morte de cruz pela salvação do mundo.
Chamadas por Jesus a seguí-Lo, nós somos encaminhadas para seu seguimento e à sua escola   o conhecemos como o Filho, em tudo e sempre obediente ao Pai, até fazer da sua vontade o próprio alimento. Para responder ao amor de Jesus, compreendemos que também para nós o único alimento deve tornar-se a vontade do Pai, assim como nos foi revelado pelo próprio Jesus. Somos introduzidas por Jesus em um grande projeto: formar uma só família com E, onde cada uma unida pelo amor, a própria obediência na sua, pela salvação de todo o mundo.
No sacrifício da cruz de Jesus, existe também o pequeno sacrifício da vontade de qualquer uma de nós. Pelo sim de Jesus ao Pai, nós também, movidas pelo Espírito Santo, repetimos o nosso sim cotidiano. Os nossos pequenos sim, um atrás do outro, na escuridão de cada dia, tornam-se como pequenos pontos luminosos que seguem o caminho visando a Jerusalém celeste. São estes pequenos sim que testemunham a resposta do amor de cada uma, ao Amor.
Na escola da Palavra
O caminho é cansativo porque a submissão de si à vontade de Deus, deve superar tantas resistências dentro de nós, e em torno de nós.
Antes de tudo, ocorre uma procura clara e sincera da vontade de Deus que se pode realizar somente percorrendo a via da conversão segundo a Palavra de Deus.
Na escola da Palavra acolhida, estudada, meditada, ruminada, suplicada, se pode conhecer a vontade de Deus que deve, pois, ser afetiva na vida de cada dia.
Esta passagem da acolhida ao conhecimento na atuação, se chama obediência.
É claro, portanto, que onde não existe empenho para conhecer a vontade através da escola da Palavra, não existe tão pouco possibilidade de obediência. A obediência cristã passa pelo conhecimento de Jesus e esta, por sua vez, se realiza no conhecimento da sua Palavra que deve ser cotidiana, progressiva, constante, contínua.
Fidelidade no cotidiano
A escola da Palavra leva para uma comunhão sempre mais profunda com o Pai, o Filho e o Espírito Santo que se exprime em testemunho de amor quando concretizamos o convite dirigindo-nos para a Regra, sempre no art.10: “cumpram fielmente as obrigações próprias da condição de cada um nas diversas situações da vida”.
O terreno de conflito do nosso eu, ao egoísmo pessoal e social é constituído da vida de cada dia.
A obediência ao Evangelho na procura da verdade, da lealdade, honestidade, do verdadeiro bem comum, é empenho diário nos lugares nos quais o Senhor nos colocou e com as pessoas que nos dá como irmãos. Nada deve colher de surpresa, parece muito difícil, desencorajar, mas iluminadas pela escola da Palavra, com o coração imerso na SS. Trindade, devemos procurar Deus em cada circunstância, compreender nele, com espírito de fé em cada acontecimento a agir com coragem. Podemos também perguntar-nos: até quando obedecer a Deus? A Regra nos exorta: “sigam o Cristo, pobre e crucificado, testemunhando-o, mesmo nas dificuldades e perseguições.”  (Vida de Família n.01/95)
Interrogamo-nos 
-          Conheço o art. 10 da Regra?
-          Que coisa me sugere quando reporto no 1º Regulamento: “obediência absoluta para percorrer com segura e rápida sem tropeços no amor?” (VB 2)
-          Fr. Ireneo afirma: “o espírito de obediência foi sempre a alma, a linfa desta semente de mostarda” (VB 225). Podemos afirmá-lo ainda hoje?
Obediência: configuração a Cristo
Continuando a nossa conversa fraterna sobre o conselho evangélico da obediência paramos um pouco nos artigos das Constituições e do Diretório que dele tratam.
No art. 15 das constituições lemos: “Com o voto de obediência a irmã se propõe a configurar-se a Cristo obediente...”
A motivação, o modelo, a força da obediência só se encontram em Jesus Cristo. No encontro com o único e Sumo Bem, a criatura responde com a oferta da vontade, ato que contém em si, o dom de toda si mesma. Este caminho caracterizado pelo revelar-se de Deus e pela resposta de cada criatura, pode progredir só se existe o dócil consentimento da pessoa.
Nós, chamadas a percorrer a via do amor, como Vincenza amava definir a nossa vocação, na obediência encontramos um meio privilegiado através do qual exprimimos o amor de pobres criaturas ao Senhor da vida.
Devemos confiar no Espírito Santo que cotidianamente nos guia no conhecimento de Cristo, e faz crescer em nós a docilidade e submissão que nos conduzirão á configuração a ele.
A reflexão sobre este tema não deve prosseguir tanto no considerar isolados atos de obediência que se sucedem em nossa vida. Poderia determinar somente um estéril raciocínio que não ajuda a configurar-se ao Cristo Senhor. Nos poderá ao invés ajudar muito, o retornar profundamente em nós mesmos, lutando contra uma vida ruidosa e fragmentada, procurando na relação de amor com Deus e com os irmãos e, sobretudo na relação esponsal de Jesus com cada um e com a humanidade, a energia que leva á obediência qual estado de vida contínua. Na comunhão de amor, realmente, existe como uma força interna que leve ao acolhimento e para submissão recíproca alegre e livre, também freqüentemente cansativa, que gera vida, crescimento, unidade, novidade.
Neste caminho de comunhão, Jesus é a vida; o disse Ele mesmo. E nós não podemos percorrer um caminho sem conhecê-lo, muito menos configurar-nos a Ele, obediente sem conhece-lo como tal.
O convite que continuamente repetimos é de colocar-nos seriamente e cotidianamente na escola da Palavra, para poder conhecer e, portanto, amar e tornar-se semelhante ao amado, obediente até a morte. Três indicações agora se queremos configurar-nos a Cristo obediente:    
  1. Meditar sobre o amor esponsal de Jesus para cada uma de nós e para a humanidade;
  2. descobrir a energia interna na vida de comunhão que leva livremente para obediência;
  3. ser assíduos na escola da Palavra.
A vida como sacrifício agradável a Deus
A expressão da obediência é a transformação da toda a vida em “um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”. O ensinamento de Paulo é relatado também nas Constituições no art. 15.
No antigo testamento o culto a Deus comportava a oferta de vítima ou de outro objeto, mas quando Jesus se encarnou e nos incorporou a Ele morto e ressuscitado, o culto espiritual se realiza através da oferta da própria pessoa e da realidade, que cotidianamente vivemos, em união ao sacrifício de Cristo.
Trata-se de pôr-se na existência de cada dia com aquele fogo de oferta a Deus que arde dentro de nós, procurando continuamente Ele, o seu querer, reconhecendo através de pequenas escolhas de cada dia, que Deus nos chama para ser seus filhos livres.
É necessário dar testemunho alegre da nossa obediência de filhos do Pai para infundir coragem a quantos a Providência nos faz encontrar.
Uma vida obediente ao santo Evangelho difunde amor em torno de si, exprime a fé em Deus quando os acontecimentos são incertos, desconcertantes, dolorosos, comunica paz e serenidade que nasce da consciência de serem chamados a colaborar com Deus na construção da cidade terrena.
Para a reflexão sobre como a nossa vida, possa tornar-se sacrifício agradável, sigamos os artigos 16 das Constituições e 13 do Diretório: “No ambiente em que vive, procure agir sempre segundo a vontade de Deus, no respeito ás autoridades constituídas, religiosas e civis “em todas aquelas coisas que não são contrárias a alma e a Regra”; “a irmã esteja atenta aos sinais dos tempos, ,para descobrir a vontade divina e procure, nos deveres de estado e nas situações de vida (especialmente as condições familiares, econômicas, sociais, profissionais, cívicas, políticas, a saúde e os acontecimentos), as ocasiões de obedecer a Deus”.
Somos exortadas a obedecer nas comuns condições de vida, isto é, no ambiente no qual vivemos. Não sonhar, portanto, e evadir seguindo fantasias inúteis, mas o nosso primeiro empenho é aquele, da fidelidade ao lugar, a história, as situações nas quais nos encontramos. Aqui a obediência não é passiva aceitação de quanto acontece em torno de nós, mas é empenho operoso de quem procura o porque, o Senhor permitiu ou quis a nossa presença particularmente em determinadas situações e se interroga: Quais as sementes de bem que nós devemos fazer crescer?
Encontrar respostas; trata-se de lutar para obedecer àquela vontade de Deus, que se nos manifesta. Então não se trata de passividade, mas de encontrar no profundo do coração a luz da verdade de Deus e a ela submeter-se lutando.
Discernir a vontade de Deus
Quando realizamos as escolhas e tomamos as decisões, dizemos de qualquer modo uns sim que significam igualmente não nas outras possibilidades. Neste agir podemos ser guiados pela própria vontade que nos impele a procurar o próprio lucro, o prazer imediato, alguma forma de comodidade, ou estamos, também inconscientemente, influenciadas pela “mentalidade deste século” com todas as suas imposições, propostas e ofertas, ou somos animadas pela obediência ao Senhor Jesus e aos seus ensinamentos.  
S. Paulo nos recorda, em Rm 12,2: “Não vos conformeis às estruturas deste mundo, mas transformai-vos pela renovação da mentalidade, a fim de distinguir qual é a vontade de Deus: o que é bom, o que Lhe é agradável, o que é perfeito”.
Ocorre um empenho no discernimento para distinguir em nós mesmas por qual espírito somos guiadas. A vontade de Deus, para qual obedecer, não se encontra com facilidade e, nem sempre nos é clara, mesmo quando a procuramos sinceramente e, uma vez encontrada, também nos aderimos parcialmente por causa da fragilidade humana.
Esta reflexão não quer nos desencorajar, mas somente fazer-nos compreender a serenidade do nosso chamado e os horizontes do conselho evangélico da obediência. Cada uma deve por todo o empenho para ser fiéis as Constituições por inteiro (integralmente) e a dar a máxima atenção no caminho de formação que o Instituo propõe nos vários níveis. Peçamos ao Senhor de fazer-nos amar e viver a obediência, de tornar-nos atentas á sua vontade nos ambientes nos quais a Providência nos colocou, de tornar-nos generosas para poder doar também nós, aquela pequena contribuição para realização de seu Reino, hoje sobre a terra.
   (Vida de Família 3/1995)
Interrogamo-nos
-          Nos esforçamos de dar, como pessoas, um testemunho coerente e marcado pela sobriedade e alegria, acolhimento, serena abertura ao mundo, atenção às realidades temporais nas suas sutilezas, capacidade de alargar o pequeno horizonte privado?
-          Procuramos apresentar um testemunho autêntico de coerência, entre o dizer o fazer e o ser, uma sincera e honesta transparência no reconhecer eventuais erros e no admitir que ninguém já “chegou”, mas que para cada uma subsiste algumas vezes dúvidas e que por isso ocorre sentir-se sempre em busca?