“Adora,
Ama, vive na dulcíssima Trindade que habita no céu do teu coração”.
O tema do
Amor é objeto de reflexão, estudo e oração de toda atividade formativa para o
ano de 2017/2018: os dias de Encontros devem ser momentos de síntese e olhar
juntos na dimensão “amorosa” da nossa vida ou, para dizê-la com palavras do
Evangelho, sobre a qualidade do nosso ser sal, fermento e luz no interno da
nossa consagração secular.
Amar
(...) é a fadiga de uma vida inteira. É o mais belo dever que nos seja pedido
desenvolver. É - o sabemos bem – o primeiro e maior mandamento, mas com
frequência vivemos como desmemoriados, como se isto fosse um subentendido
banal: o sabem todos, mas nenhum o pratica a sério! (...) Contudo é justamente
o amor que define a pessoa em relação, é justamente o amora identidade de Deus,
é justamente o amor o fundamento da Trindade! Somos felizes plenamente somente
quando estamos realmente enamorados, apaixonados por alguma coisa, por alguém.
O sabemos. Mas fazemos de conta que não sabemos. Conhecemos de cor a primeira
carta da João e a citamos com frequência, mas quanto, de que modo e até a que
ponto deixamos que esta verdade permeie a nossa existência? De verdade, é verdadeiro
(!): quem
não ama, não conhece a Deus e está morto! Então? Isto escancara um
segundo e apaixonante desafio diante de nós: o cuidado com as relações, todas as relações, aquela com a Trindade que
habita em mim, aquela comigo mesmo, aquela com as irmãs, aquela com as coisas,
o tempo, o trabalho, a cidade secular, o criado. Um desafio e uma possibilidade
enorme, mas não impossível de que somos habilitados a viver em plenitude;
diante a tudo isto não nos resta senão reconhecer a nossa necessidade de cura.
Temos necessidade de aprender a amar e de que alguém finalmente nos ensine a
via do amor evangélico; temos necessidade de aprender a nos perdoar e a
reconciliar aquilo que está dividido em nós e entre nós; temos necessidade, em
somente uma palavra, de formação constante, séria e permanente, (...)
Maravilhosa é a meta: aprender a amar Como Ele nos amou. Não se pode ignorar
este 2º percurso da revitalização se queremos de verdade desenhar de novo um futuro para o nosso
Instituto.
(Da relação da Assembléia Central
2015)
Obviamente dizer: “AMA” chama em
causa as nossas relações humanas, ad intra e ad extra do Instituto, e a nossa
contemporânea capacidade de ousar o futuro.
Meditar e rezar sobre um “amor que se leva a cura das relações
curando-as”, implica o desejo de reler até o moto clássico que deu origem
ao nosso carisma, atualizando-o: “Viver a união com Deus na cela da alma no
meio aos homens deste mundo”. Está bem
perguntar-se quais são as implicações desta frase assim tão cara ao Instituto,
uma vez lida e vivida na ótica do amar evangélico. Mas está bem colocar-se
súbito as perguntas de fundo.
São João nos lembra continuamente
que não podemos dizer amar a Deus se depois ignoramos, desprezamos ou ...
odiamos o irmão/a irmã que os nossos olhos de carne vêm. A forma mais alta e
mais essencial do amor evangélico é a intimidade amorosa com o Deus trinitário
que tem a sua nova prova existencial no “gastar-se” para “as viúvas, os órfãos
e os estrangeiros” de todo tempo. No seu tempo, Francisco e Clara reconheceram
nos leprosos os mais pobres entre os pobres. A nós cabe o desafio de reconhecer
e permanecer ao lado daqueles que, empobrecidos, a Providência coloca no nosso
caminho.
A intimidade amorosa não é intimismo ou pior ainda
“espiritualismo devocional” que se nutre apenas de formulas, retiros repetidos
cansativos, correr atrás de revelações privadas como se fossem o Quinto
evangelho ... mas um real
envolvimento pessoal com todo tipo de “periferia” existencial que nos chama
para servir e para amar os “descartados” do sistema iníquo da sociedade
ocidental pós-moderna. Os nossos grupos testemunham esta paixão?
A
primeira carta de João insiste muitíssimo sobre o valor da “comunhão” real,
concreta, vitalmente e espiritualmente partilhada. A fraternidade, as “sororitas”,
a comunhão fraterna, o estimar-se e o querer bem são o grito que percorre todas
as cartas de Vincenza ao Instituto: este é o sinal mais evidente que a partilha
e o ser “todas por uma e uma por todas” não é opcional, uma oportunidade, mas a
chave preciosa para entrar e permanecer no amor que Deus derramou no nosso
coração. Contar a vida, narrar umas às outras as fadigas e as alegrias da
pertença ao Instituto, ocupam a melhor parte dos nossos encontros fraternos?
“A Secularidade essencial” de que
nos fala Vincenza não se traduz na prática individualista do nosso agir e
operar, onde a “sororitas” é apenas um opcional, a Fraternidade, o Grupo e o
Conselho Central evitar ou olhar com suspeita ou medo. Ser consagradas
seculares não significa “faço aquilo que quero, como e quando quero”
independente da ligação que me une à minha realidade local. Consagrar-se a Deus
e aos irmãos é tomar cuidado, não fechar-se no próprio individualismo
referencial e para acrescentar ... “julgador e murmurador”. Estamos certos de
ter ideias claras a propósito e de viver o nosso senso de pertença ao Instituto
e à Igreja com o coração de Vincenza?
Deus nos
amou por primeiro e é maior do que o nosso coração. Este conhecimento é o motor
sempre aceso da nossa urgência de percorrer a estrada da história ... “O amor
de Cristo nos impele” ... Evangelizar, testemunhar com o exemplo da vida,
colaborando com a Igreja local, ter no coração o próprio percurso de fé e
partilha-lo, são os traços peculiares de uma autêntica consagração secular e eclesial.
Como podemos melhorar e melhorar-nos?
“Evangelizar é uma urgência do amor” nos
lembra Vincenza: Sentimo-nos de verdade dentro de uma adulta relação de amor
com Deus Trindade para amar “no” mundo, o mundo? Sentimo-nos “empenhadas” a
viver a nossa autoformação ao amor evangélico deixando-nos guiar por pessoas
sábias e voltadas para Deus? (Sacramento da reconciliação e acompanhamento
espiritual constante?).
“Permanecei
em mim e eu em vós... sem mim nada podeis fazer.” Escolher isto “estar em” é o
desafio e o risco maior porque implica confiança absoluta. Abrir-se ao inédito
e ao novo de relações deveras HUMANAS, inaugura uma nova estação cultural,
contribui para permanecer atentos à voz do Espírito, garante a serenidade e a
imprevisibilidade de uma autêntica escolha de vida secular. Quem prefere o
“status quo” à imprevisibilidade do Deus que vem e que faz sempre coisas novas
para nós, é já “atormentado”, e não de certo a sentinela que perscruta o
horizonte!
O amor, o amar, implica sempre um risco e um desafio: somos
capazes de “ousar” o inédito, o novo, ou preferimos fazer e repetir aquilo que
temos feito sempre e, no mesmo modo? Com frequência não “temos a liberdade
interior” nem mesmo de mudar o modo e os tempos dos encontros mensais ou o
esquema da jornada fraterna, em muitos casos nem mesmo se celebra
separadamente; estamos seguros nesta estrada justa para responder ao apelo do
amor de Deus, hoje?
Frei Marino
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