7 –
Consagração
Os padres do deserto não foram a única vertente da vida consagrada. Ademais do grupo apostólico, existia a multidão dos seguidores de Jesus, entre os quais se enumeram setenta e dois, enviados á missão. Evidentemente que não escapava a observação deles o como Jesus vivia, as exigências consigo mesmo e com aqueles que se propunham segui-lo, ainda que não pertencessem ao grupo dos apóstolos. Houve então pessoas que quiseram viver como Jesus e Maria.
Os padres do deserto não foram a única vertente da vida consagrada. Ademais do grupo apostólico, existia a multidão dos seguidores de Jesus, entre os quais se enumeram setenta e dois, enviados á missão. Evidentemente que não escapava a observação deles o como Jesus vivia, as exigências consigo mesmo e com aqueles que se propunham segui-lo, ainda que não pertencessem ao grupo dos apóstolos. Houve então pessoas que quiseram viver como Jesus e Maria.
Fala-se
das filhas do apóstolo são Felipe que
permaneceram solteiras e se dedicaram ao serviço do Senhor inicialmente e da
comunidade em seguida. Não se falava nos votos de pobreza, obediência e
castidade. Ao que se sabe se conhecia a virgindade consagrada a exemplo de
Maria, a mãe de Jesus. Fala-se também de Anália, inicialmente noiva de um tal
Daniel, voltando á vida pelo poder de Jesus, dedicou-se totalmente ao seu
serviço, mesmo permanecendo com sua família.
Os
primeiros cristãos não tinham uma
visão completa dos sacramentos. Conheciam bem o Batismo pelo qual recebiam o
perdão dos pecados. Na prática desconheciam a Penitencia. Porém com o tempo se
deram conta de que o pecado mortal os colocava em situação muito difícil, pois
o batismo se recebia uma só vez. O batismo era visto como a única tábua de
salvação. A misericórdia do Senhor não teria previsto uma segunda?
Recordaram-se
das palavras de Jesus: “recebam o Espírito Santo, os pecados a quem perdoarem
serão perdoados e a quem não perdoarem não serão perdoados”. Naqueles tempos a
prática deste sacramento era muito dura: primeiro deviam cumprir a penitencia
que por vezes se estendia por toda a vida, só depois podendo receber a
absolvição. Conseqüência, ou se adiava o batismo para o final da vida,
ou se alguém já batizado incorresse em pecado mortal, um outro, talvez um
familiar ou da mesma comunidade se oferecia para fazer a penitencia em lugar do
pecador. Normalmente eram jovens. As penitencias incluíam a exclusão do
matrimonio, entre outras penas. Surgiram na Igreja grupos de penitentes voluntários,
a Ordem da Penitencia. As jovens eram chamadas de virgens e os rapazes
ascetas. Sabe-se que são Cipriano, bispo de Cartago assistia um desses grupos
em sua diocese.
Quando
pelo ano 500, são Bento instituiu a
vida monacal, uma forma de fazer penitencia que substituiu o monacato no
deserto passou a substituir também a chamada Ordem da Penitencia que foi
desaparecendo. Esses grupos de penitentes voluntários eram verdadeiramente
consagrados seculares em suas comunidades em suas famílias, em suas atividades,
cujo carisma era o fazer penitencia pelos pecadores. Com o andar dos anos se
tentou restabelecer esta modalidade de consagração, contudo, sem resultado.
Precursoras dos atuais Institutos foram as ursulinas, que se obrigaram a se
fazer monjas, em força das disposições da Igreja, na época.
Somente
nos inícios do século 20, os
Institutos seculares reaparecem. O primeiro deles foi a Realeza de Cristo. A
Pequena família Franciscana aparece em 1929. A Pequena Família de Irmãos franciscanos,
em 1992. Pio XII canonizou os Institutos Seculares de Vida consagrada com a
carta apostólica “Provida Mater Ecclésia” em 1947.
Nota: esse é um resumo muito sucinto da historia dos
Institutos seculares, apenas para uma primeira informação. Frei Antoninho.
8 –
Consagração -
Formação e retiro.
Leitura.
No Evangelho encontramos um fato
muito interessante, os discípulos dizem a Jesus: Si tal é a condição do
homem em relação á mulher, não paga a pena casar-se! Jesus lhes responde: Nem
todos entendem este modo de falar senão aqueles a quem lhe seja concedido: Há
eunucos que nasceram assim desde o seio materno; há outros que foram feitos
tais pela maldade dos homens e há outros que se fizeram tais por causa do
reino dos céus. Quem puder entender que entenda. (Mt.19, 10-12).
As
últimas palavras de Jesus se referem àqueles que livres e voluntariamente
escolheram a vida celibatária em busca da perfeição evangélica e da difusão do
reino de Deus. Por isso renunciam á construção de uma família própria,
renunciam a ter um esposo ou esposa, a filhos e netos... Renunciam mais: a
possuir bens materiais, para viver exclusivamente para os bens do reino,
renunciam mesmo a vontade própria para se submeter totalmente á vontade de Deus.
Jesus
mesmo dá o exemplo: Ele renunciou a possuir riquezas e bem estar material: “O
filho do homem não tem onde reclinar a cabeça”(Mt.8,20;
Lc9,58); renunciou a vontade própria: Pai, faça-se a tua vontade e não a
minha” (Lc 22,42); renunciou ao matrimonio: “Eu e o Pai somos um”
(Jô. 10,30); o matrimonio corresponde a uma necessidade humana, Cristo sendo um
com o Pai exclui qualquer carência.
Outro
exemplo é Maria, sua mãe: Quando o anjo lhe anuncia que será mãe do Messias,
responde: “Como será isso, se não conheço homem”?(Lc. 11,34)
Casada juridicamente com José, consagra sua virgindade no cuidado de
seu filho e filho de Deus. Quando morreu Jesus foi confiada por ele aos
cuidados de um sobrinho. Quando o anjo lhe revelou o mistério de sua concepção
respondeu com um testemunho de inteira obediência aos desígnios de Deus: “Sou
a escrava do Senhor, cumpra-se em mim segundo a sua vontade”(Lc 1,
38). Quando apresentou o Menino no Templo ofereceu com José um par de
rolas, sacrifício oferecido pelos pobres.
José
também é exemplo de um consagrado secular: casado com Maria, respeita a
consagração de sua esposa e ele mesmo se consagra na guarda da vida de Maria e
do menino que levava em seu ventre. Carpinteiro em Nazaré é testemunho de um
simples homem do povo que vive do seu trabalho. Quando pensou em abandonar Maria,
esclarecido pelo anjo, num testemunho de obediência, assume sua função de
guarda fiel de sua esposa e de pai adotivo de Jesus. Está aí o casto, o
pobre, o obediente.
Jesus,
Maria e José são exemplos de seculares consagrados á causa de Deus.
Externamente igual a todos os nazarenos e nazarenas, são porem, consagrados á
mais alta missão que jamais o Pai do céu confiou a um ser humano. Para isso se
santificam e a essa missão se dedicam de corpo e alma: Jesus Deus e homem, o
redentor e fundador da Igreja; Maria, a virgem - mãe imaculada, corredentora e
mãe da Igreja; José o guarda e patrono da Igreja.
A Sagrada
família é a patrona da PFIF e de fato de todos os Institutos seculares de vida
consagrada, seguidores do seu modelo de vida.
Meditação:
releia o texto, conferindo tudo no Evangelho. Oração: Conversa com Deus,
Jesus, Maria e José sobre o mistério da vida consagrada e os seus planos de
consagração. Contemplação: Voa no tempo e no espaço e visita esta
família admirável. Observa silenciosa e amorosamente como vivem, como se
quieren, como se ajudam... etc.
9 –
Consagração. . - Formação
e retiro.
Que
diz a Igreja? Jesus afirmou: “quem
vos escuta a mim escuta e quem vos despreza a mim despreza, e quem me despreza,
despreza aquele que me enviou”. Este texto é importante porque o Senhor
confere á Igreja o seu poder. Não somente nos casos em que está em jogo a
infalibilidade, mas de maneira geral sempre que se pronuncie, oriente ou
corrija mediante documentos oficiais. Com relação á vida consagrada a Igreja
tem uma experiência secular e com o testemunho de tantos consagrados, mais a reflexão
teológica, sua palavra adquire também uma autoridade humana de grande valor.
No
documento “Lúmen Gentium” (Luz dos povos) nos diz: “O fiel cristão
mediante os votos e outros vínculos similares por sua própria natureza, se
obriga á pratica dos três votos se entregando totalmente a Deus
sumamente amado, de modo que se ordena ao serviço de Deus e a sua glória, por
um título novo e especial”. Pelo batismo se está morto ao
pecado e consagrado a Deus; porém para que se possa tirar um fruto mais ubérrimo
da graça batismal, se pretende pela profissão na Igreja dos Conselhos
evangélicos, livrar-se dos impedimentos que poderiam afastar do fervor da
caridade e perfeição do culto divino e é consagrado intimamente ao serviço
divino. A consagração será tanto mais perfeita, quanto melhor representa, por
vínculos mais firmes e mais estáveis ao Cristo unido com vínculo indissolúvel á
sua Igreja”. (LG.44).
O texto
se apresenta com um conteúdo muito rico; simplificando: 1º - A consagração
pelos votos tem suas raízes na consagração batismal, que é a consagração
fundamento. 2º- A consagração pelos votos é tal por um título novo e
especial; nos consagra mais intimamente e expressa mais plenamente a
consagração batismal.
O
documento “Perfectae Caritatis”: “Recordem em primeiro lugar os membros
de qualquer Instituto que pela profissão dos conselhos evangélicos, deram uma
resposta ao chamado divino, de modo que não somente estão mortos ao pecado, mas
também renunciando ao mundo vivem somente para Deus. Já que entregaram toda sua
vida ao seu serviço, o que constitui certamente uma peculiar consagração, que
tem suas raízes na consagração do Batismo, a expressa mais plenamente. E porque
esta entrega de si foi recebida pela Igreja, saibam que ficam vinculados ao
serviço da mesma”(PC.5).
Simplificando:
3º - O consagrado vive somente para Deus, é propriedade divina. 4º - Está
vinculado á Igreja que recebeu sua consagração na representação do
Senhor.
Esta
lição leva a que os consagrados entendam melhor a natureza de sua consagração
em relação a Deus e a Igreja e possam dar-lhe o devido valor, prestar-lhes o
devido serviço, admiração e gozo espiritual.
Meditação. O tema é de natureza teológica, porém não tão
difícil de ser entendido. Leia mais uma vez. Se necessário pode consultar-me
por internet.
Oração: Peça com fé e humildade a graça de cada dia
aprofundar-se mais e mais no sentido de sua vocação, sinal de uma predileção
muito grande de Deus por sua pessoa. Contemplação: Diante de algo tão
grandioso e misterioso que nunca será entendo em plenitude, silencia boca e
mente, e assim, simplesmente permaneça em um silencio gozoso, humilde e
grato. Fr.Antoninho.
10 –
Consagração.
- Formação e Retiro
Foi dito
que o Batismo é a consagração fundamental. Sem o batismo, nenhum sacramento é
sacramento, nenhuma consagração é consagração. O batismo faz do batizando
membro da Igreja de Cristo, membro do corpo místico de Cristo, filho de Deus em
e por Jesus Cristo, templo vivo do Espírito Santo, morada da Santíssima
Trindade.
Disso vem
o conceito de consagrado. O ser humano batizado é misteriosamente separado para
Deus, unido a Deus, isto é, ao Santo, ao Sagrado. Essa proximidade com Deus o
coloca na dinâmica da santificação, pois o Senhor diz no Livro do Levítico: “Porque
eu sou Jahvé o vosso Deus, santificai-vos e sede santos porque eu sou
santo” (Lev.11,44)
Conclusão
1ª: A finalidade da vida consagrada, com suas raízes no Batismo, é a perfeição
da vida cristã, da vida Evangélica, em outras palavras, a santidade.
No
Evangelho Jesus dá poderes extraordinários á Igreja: “Quem vos escuta a
mim escuta; quem vos despreza a mim despreza; o que atem na terra será atado no
céu, o que desatem na terra, será desatado no céu”. Isso significa que
si a Igreja recebe os votos do consagrando é o céu, Deus, quem os recebe. Mais:
a iniciativa não é do consagrando, pois a vocação e a consagração vêm de Deus.
Ao homem cabe a resposta.
O
já consagrado pelo batismo, é consagrado mediante os votos, por um título
novo especial; igualmente o consagrado pelo batismo vinculado a
Igreja, se vincula mediante os votos ao serviço da Igreja por um titulo novo
e especial.
Conclusão
2º: Outra finalidade da vida consagrada é o comprometer-se com a
difusão do Reino de Deus, ou seja, com o apostolado.
O batismo
contém em si todo o pluralismo da vida cristã, é como a semente da qual
germinam todas as vocações características do cristianismo: no clero, no
laicato na vida consagrada e no mundo secular. Cada vocação explora um filão
particular; um filão que nasce do batismo, desenvolvendo as virtualidades que
lhe são próprias. Nem o Clero, nem o laicato, nem a vida consagrada e a secular
vive todas as possibilidades do Batismo, nenhuma por si mesma esgota a riqueza
do Batismo. Todos, porém, são necessários para manifestar o que é
verdadeiramente o batismo na vida da Igreja. Leigo, sacerdotes, consagrados e
seculares, representam uma plenitude especifica. Na vida consagrada os votos
aprofundam, especificam as virtudes da pobreza evangélica, da obediência
caritativa, e da castidade solteira contidos no Batismo em gérmen. A encarnação
perfeita da vocação cristã não pode realizar-se plenamente em uma só categoria
de fieis, somente na Igreja universal. Assim não é difícil entender que o
consagrado é tal por seu batismo e por um novo e especial titulo escolhe
cultivar determinados valores da vida cristã contidos no Batismo e renuncia a
cultivar outros. A vida consagrada, a consagração pelos votos é a que toca o
cume de toda a graça batismal (Gutierrez. Teologia sistemática da vida
religiosa, Madrid.
Meditação - Releia o texto, analise, se coloque á luz destas
verdades, tire conclusões praticas. Oração. Agradeça a Deus por seu
Batismo peça a graça de ser fiel á sua vocação. Contemplação:
Detém-te no conceito de consagração como plenitude do Batismo e em silencio
permita ao teu coração agradecer, louvar e glorificar o Senhor
11-
Consagração. - Formação e retiro.
Que
não é a vida consagrada. Nem tudo o que se afirma da vida consagrada está
certo.
1º - A
vida consagrada não é um estado de perfeição no sentido de que outros
estados, o matrimonial, o sacerdotal, por exemplo, o não o sejam. No
passado muitos entendiam que para santificar-se era necessário entrar para a
vida religiosa ou então imitá-a. O Concilio Vaticano II declarou que o don da
santidade pertence á Igreja universal. O dever da santidade não deriva da
vocação á vida religiosa, mas do próprio batismo.
2º -
Jesus não fundou a vida consagrada mediante os conselhos evangélicos. A vida
religiosa surgiu na Igreja no século IV e a secular consagrada já no século I
em circunstancias sociais eclesiais especiais. Nem os Santos Padres, nem os
Padres do deserto escreveram que Jesus Cristo tenha instituído a vida
consagrada.
3º -
Não é a atividade que faz o autentico consagrado. Esta idéia veio do
Calvinismo no qual se acreditava que o produzir era sinal de predestinação
divina. A modernidade fortaleceu esta idéia: quem produz tem valor, bom
religioso é aquele que produz, mal interpretando o slogan de São Bento: “Ora et
labora”. O ativismo produziu religiosos secos, vazios, desanimados funcionários
público sem identidade. Pior ainda, quando identifica o ser consagrado com
alguma obra.
4º -
Supervalorização de estruturas que deviam ser instrumentos se tornou a própria
instituição. O secundário se fez principal O que era um meio, finalidade: o
homem para o sábado e não o sábado para o homem.
Que é
a vida consagrada. Até o ano 312 ser
cristão era optar pela possibilidade do martírio. Eram tempos heróicos de uma
vida cristã fervorosa. Com o famoso edito de Milão a Igreja ganhou a liberdade.
O numero de cristãos se multiplicou e o fervor inicial baixou. Sem ambiente
para viver o evangelho com radicalidade muitos procuraram o deserto para aí
viver a perfeição da vida cristã. Depois vieram os mosteiros, fora das cidades,
silencio quase absoluto... uma modalidade de deserto.
O
concilio de Trento centralizou a ênfase da vida consagrada nos três votos.
Porem o projeto original da vida consagrada era viver a aliança do próprio
batismo de forma radical. Essa radicalidade, essência da vida consagrada é o
amor: “amor a Deus sobre todas as coisas e amor ao próximo como Deus nos
amou”. Não existe lei mais importante, “viver o primado do absoluto que é
Deus.
Conseqüências:
1º - A pessoa consagrada pertence a
Deus por uma aliança livremente assumida: vive em Deus e para Deus. E pertence
totalmente aos irmãos, servindo a Deus em suas pessoas. Todo o que faça é
culto, adoração e serviço. 2º- A vida se torna uma liturgia perene, um
processo de conversão para toda a vida.
Meditação.
Releia o texto, devagar, medindo as
palavras.
Oração. Talvez que sua vida não seja o que se disse. É hora de
orar, de pedir a Deus a graça de viver o verdadeiro sentido da vida consagrada.
Contemplação. Deixa a sua mente e coração demorar-se na pessoa de Jesus
como o primeiro e perfeito consagrado.