sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Santa Clara de Assis – E o Ponto de Partida


Santa Clara nasceu em Assis, na mesma cidade de Francisco, no ano 1194, 12 anos depois de Francisco (1182). Ela era de família rica e nobre, diferente de Francisco que era rico mais não era nobre. Toda a família era muito religiosa e ajudava bastante aos pobres.
Quando tinha dezoito anos, Santa Clara deixou tudo para seguir Jesus Cristo pobre, querendo ser como ele: não ser dona de nada.
E foi assim que ela, com algumas companheiras, ligou-se ao Movimento Franciscano, que estava começando o caminho de pobreza.

Passamos ao tema de hoje:

Na segunda Carta a Inês de Prega, Santa Clara fez uma exortação premente: “Não perca de vista seu ponto de partida” (2Ctln 11).

“...Lembre-se da sua decisão como uma segunda Raquel. Não perca de vista seu ponto de partida, conserve o que você tem, faça o que está fazendo e não deixe mas, em rápida corrida, com passo ligeiro e pé seguro, de modo que seus passos nem recolham a poeira, confiante e alegre, avance com cuidado pelo caminho da bem-aventurança. Não confie em ninguém, não consinta com nada que queira afastá-la desse propósito, que seja tropeço no caminho, para não cumprir seus votos ao altíssimo na perfeição em que o Espírito do Senhor a chamou.” (2Clm 11-14).

Para entender toda a força do que ela quis dizer, é preciso ter em conta que essa carta era uma resposta a uma questão também premente de Inês sobre o que deveria fazer diante de uma ordem recebida do Papa para que tivesse propriedades. Para Clara, não era uma questão simples. Para ela, não querer ter propriedade não era uma leviandade: estava no núcleo de seu compromisso de amor pessoal com Jesus Cristo.

Alguns anos antes, quando o Papa Gregório IX quisera forçá-la a ter propriedades e chegara a dizer: “Se o seu problema é o voto de pobreza, você sabe que eu sou o Papa e posso dispensá-la, ela dissera com firmeza: - “Não me dispense de seguir o meu Senhor Jesus Cristo!”.

Não se tratava de nenhum voto formal de pobreza, mas de viver como Jesus, de ter “os mesmos sentimentos de Jesus, que não se achou grande por ser Deus: pelo contrário esvaziou-se até ser encontrado como um servo, como um de nós, para nos salvar”.(df, Fl 2).

Mas o que é este ponto de partida?
Ponto de partida é o início, o ponto fecundante da vocação que cada qual recebeu do Senhor, o ponto em que a inspiração divina flechou com a flecha do amor o seu coração para dedicar-se a vida inteira no serviço ao Senhor.

Clara de Assis viveu intensamente a vocação que lhe foi dado por Deus, primeiramente a vocação a vida, e depois a vocação que desejou ardentemente abraçar, a vocação a vida religiosa. Portanto esvaziou-se de tudo.
A seu exemplo muitas outras moças inspiradas pelo Senhor aspiravam seguir os passos de Santa Clara. Clara foi para sua época um luzeiro, o qual atraiu para Cristo muita gente de boa vontade.

Seguir Jesus Cristo no modo da vida religiosa, como o fez Santa Clara, é reservado para poucos, porque exige um esforço imenso, esforço este que deve conduzir o ser humano a abraçar a vida fraterna. E, por isso, Clara de Assis é para nós um modelo de fidelidade. Clara durante toda a sua vida foi fiel a proposta evangélica e por esta proposta lutou a vida toda.

Clara de Assis lutou muito para viver o evangelho radicalmente, e por isso foi preciso travar uma luta consigo mesmo, com suas irmãs e para com as autoridades eclesiásticas, as quais desejavam que ela vivesse a regra que eles propunham. Clara foi forte e fiel ao Evangelho, foi radical em sua escolha por viver a pobreza radical.

Clara ensina-nos que seguir o santo Evangelho significa nunca perder o ponto de partida. Para todo cristão o ponto de partida é o Batismo, para aqueles que seguem a vida religiosa o ponto de partida é o doce toque do chamamento. Este chamamento para muitos pode ter sido um hábito, um sinal, uma cruz, um sonho, ou qualquer outra coisa que possamos imaginar. O toque originário, aquele que nos motivou a querer saber mais sobre a vocação é justamente este toque que é o ponto de partida.

Clara de estipe nobre abraçou o Cristo Pobre e não perdeu de vista seu ponto de partida.

E é esse recado que hoje Clara nos passa que nunca se perca de vista o nosso ponto de partida.

E assim seja.

Fontes Franciscanas
Contribuição de Luiza Telles
Tríduo de Santa Clara
09/08/2012
Muito obrigada Lluiza Teles e Peinha pela dedicação e compromisso com a PFF.
 Vamos dar as mãos e orar muito pelas nossas irmãs da Pequena Familia Franciscana.


Um comentário:

  1. Boa tarde.
    O que siginifica estas siglas:
    (2Clm 11-14), (df, Fl 2).
    Grata.
    Cássia Parreira

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