A
mãe de Santa Clara contou que, quando estava esperando o seu
nascimento foi rezar diante de Jesus Crucificado para pedir um bom
parto e ouviu uma voz que lhe dizia: “Não, temas mulher, porque
salva vais dar à luz que vai deixar o mundo mais claro!” E foi por
isso que ela deu o nome de Clara à sua primeira filha.
Ser
mãe é fazer experiência, à primeira vista contraditórias, de dor
e de alegria. As dores do parto são das mais intensas que possam ser
experimentadas. A alegria, porém que se segue não se compara a
nenhuma outra.
Santa
Clara não foi mãe no sentido corporal, mas carregou em si o Cristo,
seguindo seus passos, e dando à luz a muitas outras vidas: mulheres
que foram ao seu encontro, para, através dela, encontrarem o Cristo
pobre, crucificado e glorificado. Esta experiência, ela passa a
Santa Inês de Praga, em sua terceira Carta.
Refletindo::
...Assim
como a gloriosa Virgem das virgens O trouxe materialmente, assim
também você, seguindo seus passos, especialmente os da humildade e
pobreza, sem dúvida alguma, poderá trazê-lo espiritualmente em um
corpo. Casto e virginal. Você vai conter quem pode conter você e
todas as coisas, vai possuir algo que, mesmo comparado com as outras
posses passageiras deste mundo, será mais fortemente seu.”(3Clm
24-26).
Santa
Clara seguiu os passos de Jesus e foi sempre obediente aos seus
ensinamentos.
Como
vimos Clara já tinha sido prometida a sua mãe como alguém que
haveria de deixar a luz mais clara. Mas, de onde ela tirava essa luz
que lhe ilumina o rosto?
Clara
“era assídua na oração e na contemplação. Quando saía da
Oração, seu rosto parecia mais claro e mais bonito que o sol e suas
palavras exalavam uma doçura inenarrável tanto que sua vida parecia
toda celestial (ProcC IV,4)”.
Diz
Tomás de Celano “Clara foi virgem de corpo e puríssima perfeição;
jovem em idade, mas amadurecida no espírito. Firme na decisão e
ardentíssima no amor de Deus, rica em sabedoria, sobressaiu na
humildade. Foi clara de nome, mas clara por sua vida e claríssima em
suas virtudes (ICel 18)”.
A
contemplação transformou Santa Clara, fazendo com que realizasse
nela o que foi dito por Jesus e foi registrado para nós por São
Mateus e São Lucas:
“A
lâmpada do corpo é o olho. Se o teu olho é sadio, o corpo inteiro
fica iluminado (Mt 6,22)” - ”Se o seu corpo inteiro está
iluminado, sem nenhuma parte escura, ele será todo luminoso, como
quando a lâmpada ilumina você com o seu clarão (Lc 11,36)”.
João
Paulo II, em um magnífico discurso às Clarissas de Assis, disse:
“Francisco
via assim a sua irmã: ele via a si mesmo na imagem dela, imagem de
Cristo, em que via retratada a santidade que devia imitar; via a si
mesmo como um irmão, um pobrezinho à imagem da santidade desta
esposa autêntica de Cristo em que encontrava a imagem da Esposa
perfeitíssima do Espírito Santo, Maria Santíssima... São
Francisco descobriu Deus uma vez, mas depois voltou a descobri-lo com
Clara ao seu lado. Em nossa época é necessário repetir a
descoberta de Santa Clara, porque é importante para a vida da
Igreja”.
Maria
Sticco, biografa de São Francisco, contou esta lenda:
“Uma
vez, voltando de Perusa com Frei Leão, São Francisco parou para
tomar água numa fonte e disse:
-
Frei Leão, cordeirinho de Deus, sabes o que vejo no espelho da água?
-
A lua que surge, pai, respondeu Frei Leão.
-
Não, vejo o rosto da irmã Clara, puro e resplandecente qual o de
quem vive na perfeita graça do Senhor.
E
retornou depressa o caminho, louvando a Deus que lhe enviara sóror
Clara e lhe dera aquela consolação”.
Vejamos
o Trecho da Bula de canonização de Santa Clara, publicada pelo Papa
Alexandre IV, que canonizou a Santa em Anagni a 15/8/1255.
Ó
admirável clareza da bem-aventurada Clara, que quanto mais
diligentemente é buscada em pontos particulares mais esplendidamente
é encontrada em tudo. Brilhou no século e resplandeceu na religião.
Em casa foi luminosa como um raio, no claustro teve o clarão de um
relâmpago! Brilhou na vida, irradia depois da morte. Foi clara na
terra e reluz no céu! Como é grande a veemência de sua luz e como
é veemente a iluminação de sua claridade”.
Que
Santa Clara, mãe de todas as Clarissas e dotada de tantos títulos
de claridade, nos ajude a sermos luz no caminho de nossos irmãos e
irmãs e que ilumine os passos de todos aqueles que buscam claridade.
E
assim seja.
Fontes
Franciscanas
Contribuição
de Luiza Telles