sábado, 20 de dezembro de 2014

FREI JUVENAL: ALGUÉM QUE PASSOU POR ESTA VIDA FAZENDO O BEM



Frei Juvenal começou a caminhar com a Pequena Família Franciscana - Fraternidade Santa Maria dos Anjos, antes chamada de Grupo de Garanhuns – por volta do ano de 1982. Acolheu no Recanto Franciscano Nossa Senhora de Guadalupe, situado no Sitio Cruz, as irmãs do grupo de Garanhuns. Foram mais de trinta anos de assistência, sem esperar nada em troca, aos poucos ele foi convidando outras irmãs. Ao encontrar uma jovem que demonstrava sinais de vocação religiosa, Frei Juvenal aproximava-se e a convidava para a Pequena Família Franciscana. Foi assim que ele contribuiu para o crescimento da fraternidade.
Um dia quando estávamos tomando café, Frei Juvenal começou a falar da PFF. Fez logo o convite, naquele instante não aceitei, porém depois comecei a refletir se, de fato, a minha vocação era para o casamento. Conversei com ele e novamente fui convidada por ele para pertencer a PFF. Neste dia, Frei Juvenal contou-me a história da sua irmã Judith Bomfim e convidou-me para um encontro do grupo de Garanhuns que estava previsto para o final da semana. Recordo-me até hoje a alegria que o encontrei quando cheguei a sua casa. Partimos, então, para Garanhuns e no dia 13/03/2004 conheci o grupo.  Sempre percebi um grande entusiasmo presente no Frei Juvenal quando estava se preparando para participar dos encontros da PFF. Seu entusiasmo contagiou-me e passei a sentir junto com a alegria de encontrar com as minhas irmãs.
O meu batismo foi celebrado por Frei Juvenal. Ele ajudou-me a retornar aos caminhos do Senhor, convidou-me para pertencer a Pequena Família Franciscana, celebrou a minha entrada no Instituto, celebrou a minha consagração com muita alegria e muito mais contente ele ficou no dia em que celebrou a minha Incorporação definitiva.
Ele foi um pai cuidadoso e cheio de amor para com cada uma de suas filhas espirituais. Sempre chegava cedo aos nossos encontros, conversava com cada uma das irmãs, e escutava o que elas tinham para partilhar. Ele sempre vinha preparado para celebrar a eucaristia, momento que era vivido por nós como um instante de graça muito grande. Se alguma das irmãs deixava de participar dos encontros, ele ligava ou, até mesmo, escrevia uma carta querendo saber o porquê da ausência delas nos encontros. Quando percebia que uma das irmãs estava desanimada ele procurava conversar com ela. 
Cada momento que convivemos com ele, aprendemos muito. Ele sempre falava sobre a necessidade da oração e do silêncio para continuarmos perseverantes nos caminhos do Senhor. Sua presença enchia nosso coração de alegria, por sabermos que tínhamos um assistente espiritual tão dedicado.
Quando sua irmã Judith Bomfim faleceu, seus cuidados com a nossa fraternidade aumentaram ainda mais, pois ele desejava atender ao pedido feito por sua irmã antes de partir para a casa do Pai, em que ele prometeu que continuaria cuidando da PFF. Realmente, ele dedicou-se a nossa fraternidade até os últimos instantes de sua vida. Com a cirurgia prevista para o dia 02 de outubro, Frei Juvenal participou do nosso encontro no dia 30 de setembro refletiu sobre a necessidade de assumir o compromisso com Jesus e com o Instituto. Duas irmãs renovaram os votos e ele continuou conosco. Conversamos, sorrimos, partilhamos os principais acontecimentos e, por fim, nos despedimos.
Seu empenho e seu entusiasmo em assistir e acompanhar com muito amor e dedicação a Pequena Família Franciscana é um grande exemplo para aqueles que desejam colocar-se a serviço do nosso Instituto para ajudá-lo a crescer e ser sinal do amor de Deus na vida dos irmãos e irmãs. Peçamos a Jesus que nos conceda assistentes dedicados como o nosso Frei Juvenal, que ame o nosso Instituto tanto quanto ele amou.
Ele ajudou-me a voltar aos caminhos do Senhor, senti na pessoa dele o amor de Jesus por mim no momento de confissão. Fui uma ovelha que se distanciou do rebanho e Deus colocou Frei Juvenal na minha vida para me reconduzir. Ele foi um pai cheio de atenção e cuidado, soube amar a todos sem distinção e sem querer ninguém para si, soube aproximar-se no momento certo e distanciar-se quando era preciso. Orientou, chamou atenção, fez tudo com muito amor. Preocupou-se com PFF e, em especial, com a Fraternidade Santa Maria dos Anjos. Esteve conosco um dia antes de ir fazer a cirurgia e junto conosco fez um momento de reflexão sobre os escritos de Vincenza, de Frei Ireneo e São Francisco e, por fim, refletimos sobre o Evangelho que diz: “Quem quer me seguir renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga.” Frei Juvenal que sempre em suas palavras dizia que nos devemos lutar para construir “um povo de irmãos e uma terra sem males, uma sociedade justa e fraterna, onde todos possam ter voz e vez”. Sua vida inteira lutou para que isso acontecesse, soube ser fraterno, soube colocar-se a serviço de todos, souber viver a partilha...
A páscoa definitiva de Frei Juvenal foi no dia 06 de outubro de 2014, a tristeza tomou conta do nosso coração, mas a certeza de que ele continuará presente em nossos corações e caminhará sempre conosco nos ajuda a permanecer firmes. Como foi triste ver no rosto de cada pessoa: crianças, jovens, adultos e idosos que estavam na missa de corpo presente as lágrimas, o sentimento de dor, de perda de um pai. Cada qual se aproximava do corpo querendo tocar, alguns não acreditavam no que estavam vendo, queriam que fosse um sonho. Mas olhando por outro lado; como foi belo, tantos testemunhos, quantas sementes plantadas, quanta certeza de que ele está junto de Deus.   Após a comunhão, momento em que ficamos junto ao seu corpo, sentimos uma paz que tomou conta do nosso coração. Pensei no desejo dele, de ficar conosco e querer ser sepultado no Sitio Cruz. Seu corpo foi plantado na Capela de Nossa Senhora Aparecida; lugar onde, todos os anos, colocamos os feijões da Festa da Colheita e como disse um dos frades: “foi uma festa da colheita antecipada”. Sem querer entregamos o seu corpo e sua alma a Deus, como é difícil devolver para Deus alguém que amamos tanto. Guardarei sempre na memória e no meu coração o convite que ele me fez para pertencer a PFF. Lembro sempre da alegria que demonstrava quando estava indo participar dos encontros na nossa fraternidade. Passaram-se dois meses de sua partida para a casa do Pai, mas o sentimos presente em nossos corações. Bendito seja Deus pela existência dele em minha vida e na Pequena Família Franciscana.

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