Frei
Juvenal começou a caminhar com a Pequena Família Franciscana - Fraternidade
Santa Maria dos Anjos, antes chamada de Grupo de Garanhuns – por volta do ano
de 1982. Acolheu no Recanto Franciscano Nossa Senhora de Guadalupe, situado no
Sitio Cruz, as irmãs do grupo de Garanhuns. Foram mais de trinta anos de
assistência, sem esperar nada em troca, aos poucos ele foi convidando outras
irmãs. Ao encontrar uma jovem que demonstrava sinais de vocação religiosa, Frei
Juvenal aproximava-se e a convidava para a Pequena Família Franciscana. Foi
assim que ele contribuiu para o crescimento da fraternidade.
Um
dia quando estávamos tomando café, Frei Juvenal começou a falar da PFF. Fez
logo o convite, naquele instante não aceitei, porém depois comecei a refletir
se, de fato, a minha vocação era para o casamento. Conversei com ele e
novamente fui convidada por ele para pertencer a PFF. Neste dia, Frei Juvenal
contou-me a história da sua irmã Judith Bomfim e convidou-me para um encontro
do grupo de Garanhuns que estava previsto para o final da semana. Recordo-me
até hoje a alegria que o encontrei quando cheguei a sua casa. Partimos, então,
para Garanhuns e no dia 13/03/2004 conheci o grupo. Sempre percebi um grande entusiasmo presente
no Frei Juvenal quando estava se preparando para participar dos encontros da
PFF. Seu entusiasmo contagiou-me e passei a sentir junto com a alegria de
encontrar com as minhas irmãs.
O
meu batismo foi celebrado por Frei Juvenal. Ele ajudou-me a retornar aos
caminhos do Senhor, convidou-me para pertencer a Pequena Família Franciscana,
celebrou a minha entrada no Instituto, celebrou a minha consagração com muita
alegria e muito mais contente ele ficou no dia em que celebrou a minha
Incorporação definitiva.
Ele
foi um pai cuidadoso e cheio de amor para com cada uma de suas filhas
espirituais. Sempre chegava cedo aos nossos encontros, conversava com cada uma
das irmãs, e escutava o que elas tinham para partilhar. Ele sempre vinha preparado
para celebrar a eucaristia, momento que era vivido por nós como um instante de
graça muito grande. Se alguma das irmãs deixava de participar dos encontros,
ele ligava ou, até mesmo, escrevia uma carta querendo saber o porquê da
ausência delas nos encontros. Quando percebia que uma das irmãs estava
desanimada ele procurava conversar com ela.
Cada
momento que convivemos com ele, aprendemos muito. Ele sempre falava sobre a
necessidade da oração e do silêncio para continuarmos perseverantes nos
caminhos do Senhor. Sua presença enchia nosso coração de alegria, por sabermos
que tínhamos um assistente espiritual tão dedicado.
Quando
sua irmã Judith Bomfim faleceu, seus cuidados com a nossa fraternidade
aumentaram ainda mais, pois ele desejava atender ao pedido feito por sua irmã
antes de partir para a casa do Pai, em que ele prometeu que continuaria
cuidando da PFF. Realmente, ele dedicou-se a nossa fraternidade até os últimos
instantes de sua vida. Com a cirurgia prevista para o dia 02 de outubro, Frei
Juvenal participou do nosso encontro no dia 30 de setembro refletiu sobre a
necessidade de assumir o compromisso com Jesus e com o Instituto. Duas irmãs renovaram
os votos e ele continuou conosco. Conversamos, sorrimos, partilhamos os
principais acontecimentos e, por fim, nos despedimos.
Seu
empenho e seu entusiasmo em assistir e acompanhar com muito amor e dedicação a
Pequena Família Franciscana é um grande exemplo para aqueles que desejam
colocar-se a serviço do nosso Instituto para ajudá-lo a crescer e ser sinal do
amor de Deus na vida dos irmãos e irmãs. Peçamos a Jesus que nos conceda
assistentes dedicados como o nosso Frei Juvenal, que ame o nosso Instituto
tanto quanto ele amou.
Ele ajudou-me a voltar aos caminhos do Senhor, senti na pessoa dele o
amor de Jesus por mim no momento de confissão. Fui uma ovelha que se distanciou
do rebanho e Deus colocou Frei Juvenal na minha vida para me reconduzir. Ele
foi um pai cheio de atenção e cuidado, soube amar a todos sem distinção e sem
querer ninguém para si, soube aproximar-se no momento certo e distanciar-se
quando era preciso. Orientou, chamou atenção, fez tudo com muito amor.
Preocupou-se com PFF e, em especial, com a Fraternidade Santa Maria dos Anjos.
Esteve conosco um dia antes de ir fazer a cirurgia e junto conosco fez um
momento de reflexão sobre os escritos de Vincenza, de Frei Ireneo e São
Francisco e, por fim, refletimos sobre o Evangelho que diz: “Quem quer me
seguir renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga.” Frei Juvenal que sempre
em suas palavras dizia que nos devemos lutar para construir “um povo de irmãos
e uma terra sem males, uma sociedade justa e fraterna, onde todos possam ter
voz e vez”. Sua vida inteira lutou para que isso acontecesse, soube ser
fraterno, soube colocar-se a serviço de todos, souber viver a partilha...
A
páscoa definitiva de Frei Juvenal foi no dia 06 de outubro de 2014, a tristeza
tomou conta do nosso coração, mas a certeza de que ele continuará presente em
nossos corações e caminhará sempre conosco nos ajuda a permanecer firmes. Como foi triste ver
no rosto de cada pessoa: crianças, jovens, adultos e idosos que estavam na
missa de corpo presente as lágrimas, o sentimento de dor, de perda de um pai.
Cada qual se aproximava do corpo querendo tocar, alguns não acreditavam no que
estavam vendo, queriam que fosse um sonho. Mas olhando por outro lado; como foi
belo, tantos testemunhos, quantas sementes plantadas, quanta certeza de que ele
está junto de Deus. Após a comunhão,
momento em que ficamos junto ao seu corpo, sentimos uma paz que tomou conta do nosso
coração. Pensei no desejo dele, de ficar conosco e querer ser sepultado no
Sitio Cruz. Seu corpo foi plantado na Capela de Nossa Senhora Aparecida; lugar
onde, todos os anos, colocamos os feijões da Festa da Colheita e como disse um
dos frades: “foi uma festa da colheita antecipada”. Sem
querer entregamos o seu
corpo e sua alma a Deus, como é difícil devolver para Deus alguém que amamos
tanto. Guardarei sempre na memória e no meu coração o convite que ele me fez
para pertencer a PFF. Lembro sempre da alegria que demonstrava quando estava
indo participar dos encontros na nossa fraternidade. Passaram-se dois meses de
sua partida para a casa do Pai, mas o sentimos presente em nossos corações. Bendito seja Deus pela existência dele em minha vida e na Pequena
Família Franciscana.