2º TEMA: 7 de Março 2020 e o PROJETO DOS MALVADOS
Por que, Senhor estás longe? O capítulo 2 do Livro da
Sabedoria é esplêndido do ponto de vista literário e de conteúdo, mas contém
uma verdade débil e pobre, quase sempre desmentida pelos fatos que acontecem à
nossa volta e que todos os dias os meios de comunicação nos propiciam. São fatos
marcados por eventos de morte, de projetos de mortes impiedosamente pensadas e
perversamente executadas. Como pensar em um Deus que é nosso Pai, que se ocupa
conosco e com as coisas do mundo, diante daquilo que acontece e considerando
como estão indo as coisas? Essas coisas têm, por exemplo, o rosto de quem
desembarca todos os dias, clandestino, às nossas costas; os rostos de homens e
mulheres desfigurados pelas guerras, os rostos das crianças violentadas,
exploradas e mortas, os rostos das várias solidões... Vivemos abaixados neste
mundo e estremecemos angustiados diante da escolha da morte, que domina a
história humana, aquela de hoje e aquela de ontem. Escolha constituída pelo
ímpio, contrastando a escolha da vida, representada pelo justo que nunca aprova
o projeto dos ímpios. Mas como vão terminar as coisas? No confronto fechado
entre os dois opostos, ímpios e justos, prevalece sempre a lei do mais forte, e
prevalece através da opressão do justo. O Senhor examina os justos e os
ímpios. O que e dizer diante de tudo
isso? O autor responde com a lúcida convicção e a certeza de que Deus se faz
presente na história precisamente através do justo, através do seu estilo de
vida, da sua qualidade de vida e da sua fé que o faz perseverante até o fim.
Mas como termina? Tudo parece terminar com a condenação e a morte do justo,
enquanto os maus continuam impertinentes a perseguir os seus projetos.
Os Padres da Igreja veem nestes
versículos nos quais o justo é descrito, uma profecia da paixão de Jesus. A
partir dessa perspectiva, há apenas o constrangimento de ler impotente uma
história de malvados que, com sua agressividade, invocam e praticam todo o tipo de morte, morte que eles
retém como amiga, com a qual concluem uma aliança porque são dignos de lhe
pertencer, dignos de fazerem a escolha da morte, uma escolha que faz descer às periferias da alma humana.
Lendo este texto, percebemos que
o comportamento dos ímpios, o seu devaneio, não está fora de nós, mas também
dentro de nós. Somos convidados a reconhecer que ímpios e justos, além de estar
no mundo, ocupam a nossa consciência de crentes e o nosso coração. Quando não
apreciamos a vida, quando sentimos a necessidade de "livrar-nos" do
Senhor, de falhar nos projetos de vida abraçados com entusiasmo e depois
abandonados porque decepcionados pelo Senhor, quando sentimos que podemos fazer
sozinhos e melhor do que com o Senhor, significa que estamos avançando no
caminho do ímpio e que o nosso coração tende a calar a voz interior do justo. Este capítulo é de vibrante atualidade pela
mensagem que contém: onde o egoísmo torna-se um valor absoluto se impõe como
necessidade a opressão sobre os outros.
Quem são os malvados do qual se
fala neste texto? Qual é o seu projeto de vida?
Quem é esse "justo" a quem eles oprimem porque os incomoda,
tão incômodo que se deve fazer calar, e uma vez por todas eliminado? Quais
são os motivos que impele os malvados a persegui-lo?
Quando foram escritas estas
páginas, eram considerados ímpios os discípulos de Epicuro, precursor da
filosofia do prazer, segundo a qual o que importa são as emoções e as
sensações, e nenhum prazer em si é mal. Os Saduceus eram considerados ímpios
pois não acreditavam na ressurreição e na imortalidade para os quais, tudo se
joga nesta vida. Segundo os estudiosos, vinham identificados como ímpios também
aqueles judeus que haviam abandonado a sua fé porque atraídos pelos aspectos
mais sedutores do mundo grego se tornaram apóstatas da Santa Lei.
Quem é, então, o justo? Segundo
os autores, é toda pessoa que exprime o modo de viver do israelita fiel à
Sabedoria e à Torá; o seu comportamento provoca intolerância, aborrecimento e
ressentimento para com Deus, a quem o justo faz apelo. São, portanto colocados
em confronto dois modos de conceber a existência.
NO CORAÇÃO DO ÍMPIO, FALA O PECADO
Monsenhor Ravasi nos sugere ler
este texto distinguindo quatro figuras que habitam no nosso coração: No vv1-5, a primeira figura é
aquela do "filósofo materialista". Às vezes mesmo em nós, podem tomar
consistência, pensamentos ou raciocínios tristes, o que os Padres do Deserto
chamavam de "loghismoi", pensamentos em conflito, em contradição, que
impedem a fé, por exemplo, aqueles relativos ao nascimento e morte. O que
sabemos da vida após a morte? Sabemos que após a morte desaparecem progressivamente
nome e memória e será como se não tivéssemos existido. Se a vida é assim, como
convém preencher o espaço do tempo intermediário entre o começo e o fim?
A esse raciocínio responde a
segunda voz do ímpio que nos habita, aquela do "filósofo hedonista"
(vv 6-9). Por trás desses versículos existe a filosofia do "carpe diem”,
(aproveitar o dia de hoje), o projeto de um egoísmo bem cultivado. Não devemos, porém, demonizar imediatamente
essa filosofia, como se tudo fosse negativo; pelo contrário, devemos valorizar
as coisas belas criadas e apreciá-las, sem torná-las um prazer sem fim. A voz
do filósofo hedonista deve ser considerada como um chamado a um lúcido
discernimento sobre o instinto do prazer e do poder que nos habita e que se faz
sentir em nós. Esses aspectos não são tabus e não devem ser reprimidos, como
nos tem sempre ensinado, mas devem ser guiados racionalmente, sustentados por
uma iluminada batalha espiritual. No v. 10 é evocada a conexão
entre prazer e poder. A força e poder são colocados à disposição do prazer e do
bem-estar, porém, permanecem excluídos os últimos: viúvas, pobres, velhos,
figuras que evocam situações familiares, econômicas, existenciais, expressivas
da condição de fraqueza desprezada pela filosofia dos poderosos. A terceira figura é a do
"apóstata". Naquele tempo, se desencadeava contra os judeus de
Alexandria os primeiros massacres e as primeiras perseguições. Diante do
perigo, há quem trai a fé e prefira as teorias materialista e hedonista. O
apóstata, procura apagar o testemunho dos irmãos que permaneceram fiéis. (vv.
12-20).
O Senhor vigia o caminho dos
justos
Os versículos finais do cap.2
desmentem o projeto dos três personagens: - materialista, hedonista, apóstata.
O seu raciocínio é cativante, mas falso. Nestes versículos, o justo surge como
uma figura que é tudo, menos passiva ou resignada. Contrasta ativamente as
ações dos ímpios, com a sua retidão moral, com um estilo de vida alternativo
àquele por eles praticado. Se a entende com o Senhor; através dele, Deus se faz
presente na história dos homens e das mulheres, porque o justo goza de um
profundo relacionamento com o Senhor, feita de afetos, dedicação, desejo,
esperança, profunda confiança. Tudo isso lhe dá uma força incrível que lhe
permite sustentar a oposição, os insultos, as perseguições, as torturas, até a
condenação à morte. O justo está envergonhado, incomodado, é um crente que não
aceita sofrer em silêncio, mas resiste, opondo-se às ações de seus
perseguidores, de modo a se tornar odioso para eles. O justo testemunha com a
sua existência que fomos criados, para a vida eterna e para a imortalidade,
para a vida e não para a morte. Somos convidados a aderir a esta mensagem, não
apenas na teoria, mas deixando que a nossa existência seja nela envolvida. Não
é uma passagem automática, deve ser invocada na oração porque nossos
"loghismoi" são fortes e atraentes. Torna a Oração, um antídoto para
pensamentos tristes.
VINCENZA
Filhinhas minhas, espalhadas em
todo o mundo, por vocês falo ao coração de todos os homens, na urgência da
realidade divina de Jesus vivo no meio do mundo, que só pode vivificar em Deus,
as realidades humanas. O coração do mundo, puro vê Jesus, Deus - homem. Ó
homem, feito o coração do mundo puro: verá Deus. Verá a Verdade, a justiça, o
amor, a vida. Verá que acima de tudo os bens humanos e terrenos são Ele, o
Senhor, o Amor, que contém tudo e tudo lhe dá.
Doa o humano e o divino. Verá o valor da sua vida de homem feita para
ser homem em Cristo Jesus (II CdA, março
de 1972).
Para Refletir:
· Sentimo-nos desconfortáveis nos lugares
onde somos chamadas a viver?
· Como expressamos nosso desconforto?
· Deixamos brilhar em nós, uma centelha
de luz?
SEGUNDO DEGRAU - 8 de março
1. LINHA TEMÁTICA: Chamado à fé cristã → Vem e segue-me. Mt 19,21.
2.
IDÉIAS
MESTRAS
Deus
marca e sela a minha vida pela gratuidade da fé;
Deus
é providente: deu-me a fé como dom e como graça;
Por
graça de Deus, sou marcada e selada na fé cristã desde a minha infância;
A
força da fé foi crescendo através do batismo, da crisma, da eucaristia;
Sou
membro participante de uma comunidade cristã, igreja católica;
Sou
igreja, povo de Deus, com minha história pessoal;
A
minha história de fé é uma herança recebida gratuitamente;
À
medida que cresci na vida e na fé, fazia opções para a vida adulta;
Agora
sou o que sou a partir das opões feitas na graça de Deus.
3. TEXTOS ILUMINATIVOS
1o. MOMENTO: Heb 11,1-40
Assim como a morte e
ressurreição de Jesus constituem o alicerce da nossa fé, da mesma forma a fé em
Cristo é um passo decisivo na vida do ser humano. A pessoa está empenhada num
caminho que vai até o pleno encontro com o Senhor. Diante dos desafios
concretos no dia-a-dia, a perseverança do cristão não é simples fidelidade ao
passado, mas um impulso corajoso em direção ao futuro para Deus.
Revise
as âncoras da sua fé, situando-as concretamente, destacando suas atitudes de fé
no dia-a-dia;
Faça
uma memória do seu batismo... crisma... eucaristia... percebendo seus frutos
nas atitudes diárias;
A
minha história como consagrada apresenta um crescimento na fé? Como? Onde? O
que fiz a partir da fé; o que deixei, o que sou desafiada a deixar...
O
que e como sou hoje, comprovam e confirmam que minhas opções foram e são pela
graça de Deus ou por caprichos pessoais?
Classifique-as:
‘joio e trigo’
Opções em
estado de graça _________________________________________ Opções
em estado autocentrado e auto referenciado________________________________________________________________________________________
2o. MOMENTO: Mt 19,16-21
Quem se engaja completamente
no seguimento de Jesus, participa do Pai em favor da humanidade.
Leia,
reze, medite e contemple estaperícope na ótica da sua história como Cristã e membro
do Instituto Secular Pequena Família Franciscana;
Saliente
os momentos de atitudes livres na resposta ao chamado a ser pobre, humilde,
casta, obediente;
Contemple
o tesouro pelo qual você está apostando toda a sua existência. No que consiste
ele mesmo?
Renove
na fé e na vida a sua pertença única ao Senhor;
Registre
sua decisão, a
partir da situação concreta na qual você se encontra. Reze-a.
3o. MOMENTO: Mc 3,13-19
O chamado de Jesus é livre:
“os que Ele quis”, para estarem com Ele e formarem comunidade.
Reze
e reviva seu chamado;
Contemple
a comunidade concreta na qual Ele lhe chamou;
Renove
seu seguimento.
4º
MOMENTO: PALAVRAS DE FRANCISCO-CLARA
Carta a toda a Ordem n. 50-52; 3CtIn 7-8
Eterno Deus onipotente,
justo e misericordioso, concedei-nos a nós míseros praticar por vossa causa o
que reconhecemos ser a vossa vontade e querer sempre o que reconhecermos ser a
vossa vontade e querer sempre o que vos agrade, a fim de que, interiormente
purificados, iluminados e abrasados pelo fogo do Espírito Santo, possamos
seguir as pegadas de vosso filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, e por vossa graça
unicamente chegar até vos, ó Altíssimo, que em Trindade perfeita e Unidade
simples vivíeis e reinais na glória como Deus onipotente por toda a eternidade.
“Vejo
que são a humildade, a força da fé e os braços da pobreza que a levaram a
abraçar o tesouro inseparável escondido no campo do mundo e dos corações
humanos, com o qual se compra aquele por quem tudo foi feito do nada. Eu a
considero, num bom uso das palavras do Apóstolo, auxiliar do próprio Deus,
sustentáculo dos membros vacilantes de seu corpo inefável” (3CtIn 7-8).
Simplesmente reze a
oração de Francisco e Clara...
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