A quaresma vai avançando. Já estamos no nono dia, o nono passo da escada de 40
degraus. Quando começamos esta caminhada, ouvimos três recomendações: a oração,
a penitência e a caridade. A cada dia, a Palavra vai nos explicando melhor
essas três práticas. Ultimamente, ouvimos Jesus nos indicando uma escola de
oração, na prece do Pai Nosso. Uma prece com sete pedidos, três para a glória
de Deus e quatro para o nosso bem.
Escutemos
hoje, o próprio Senhor nos indicando a oração de súplica: “Peçam e lhes será
dado! Procurem e acharão! Batam e a porta lhes será aberta! ” Bom, em matéria de pedir, nós já somos bem
treinados, não é verdade? Mas, podemos aprender muito mais com o Senhor.
Em
primeiro lugar, pedimos a quem? Eu queria muito ouvir sua resposta, pedir a
quem? A Deus, claro. Melhor dizendo, ao Pai. A oração de Jesus e a oração dos
seus seguidores dirige-se, em primeiro lugar, ao Pai. Ele é a fonte de todo o
bem, ele é o Criador e Pai de todos nós. Claro, também pedimos a Jesus.
E por
que o Pai nos atende? Porque é ele bom, primeira resposta. Jesus comentou:
“vocês, que não são lá essas coisas, sabem dar coisas boas aos seus filhos,
quanto mais o Pai dá coisas boas a quem lhe pede”. Por que o Pai nos atende?
Porque estamos unidos a Jesus, o seu filho unigênito, segunda resposta. Desde o
batismo, temos parte com ele, somos membros do seu corpo. Olhando para nós, o
Pai nos reconhece seus filhos, unidos a Cristo, em comunhão com ele. Por que o
Pai nos atende? Porque vivemos na fé, terceira resposta. “A fé é uma adesão
filial a Deus, acima daquilo que sentimos e compreendemos” (Catecismo da Igreja
Católica 2608). Pela fé, abrimos as portas de nossa vida para a ação de Deus.
E o
que pedimos a Deus? A primeira coisa que pedimos ao Senhor, porque o amamos como
nosso Deus e Pai, é a sua honra, a sua glória: “venha a nós o vosso Reino”. Em
primeiro lugar, queremos que Deus seja amado, respeitado, obedecido. Esse é o
primeiro desejo de um filho que venceu o impulso egoísta de apenas querer tirar
proveito dos seus pais. A segunda coisa que pedimos ao Senhor, reconhecendo
nossa fragilidade, são os bens necessários para a nossa vida e nossa
realização: o trabalho, a saúde, a segurança, o perdão, a superação das
adversidades. A terceira coisa que pedimos a Deus, como filhos na comunhão dos
irmãos, é o bem dos outros, sobretudo dos mais frágeis e desprotegidos.
E como
pedimos a Deus? Com a confiança de filhos amados. Com a humildade de quem
reconhece não ter merecimentos, mas contar unicamente com a misericórdia e o amor
do seu Pai. Com a perseverança da fé, sabendo que a provação purifica o
coração. E em nome de Cristo, certos do que ele nos disse: “E o que vocês
pedirem em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho”
(Jo 14,13).
Guardando
a mensagem
Jesus
nos ensina a rezar. Hoje, nos estimula a fazer oração de súplica, a pedir, a
bater, a procurar. Nós nos dirigimos, em súplica, ao Pai, mas também a Jesus. O
Pai nos atende porque ele é bom, porque estamos em comunhão com Cristo, porque
temos fé. Pedimos a Deus, em primeiro lugar, a sua glória; e depois, o nosso
próprio bem e o bem dos outros, intercedendo em favor de suas necessidades.
Pedimos, com confiança, com humildade, com perseverança e em nome de Cristo.
Peçam
e lhes será dado! Procurem e acharão! Batam e a porta lhes será aberta! (Mt 7,
7)
Rezando
a palavra
Senhor
Jesus,
Aprendemos
a rezar, contigo, como os primeiros discípulos. Aprendemos com teus
ensinamentos e, sobretudo, com o teu modo de rezar. Aprendeste com Maria e com
José, e com tua comunidade de Nazaré, a rezar com o livro santo da Palavra de
Deus. De tua comunhão com o Pai, brotava uma oração filial comprometida com a
glória de Deus e a felicidade e salvação dos teus irmãos. Em todos os momentos
de decisão, te encontramos rezando no Monte, deixando-te conduzir pelo Santo
Espírito. Obrigado, Senhor, pelas lições de tua vida e de tuas palavras sobre a
oração. Não podemos deixar de te recomendar, Senhor, as vítimas das chuvas em
Guarujá e na baixada santista, em São Paulo, os que perderam a vida nos
deslizamentos de barreiras e os que estão desabrigados. Ajuda-nos a ser um povo
solidário, que exerce sua cidadania também em favor da moradia decente para
todos, sobretudo para os mais sacrificados. Seja bendito o teu santo nome, hoje
e sempre. Amém.
Vamos viver a palavra Repita,
hoje, muitas vezes, como os discípulos, essa prece a Jesus: “Senhor, ensina-nos
a orar!” (Lc 11,1).