“Adora, ama, vive na dulcíssima Trindade que habita e vive no céu do teu coração”
A TRINDADE’ ÍCONE E FONTE DAS RELAÇÕES
sexta-feira, 14 de agosto de 2015
quinta-feira, 13 de agosto de 2015
Pistas de reflexão para os trabalhos de Grupo
1. Em relação à Identidade
da PFF:
A.
Quais são as
características principais que devemos encarnar hoje,
quais mulheres consagradas, segundo as indicações dos nossos Fundadores?
B. Estas características são expressas claramente
nas Constituições e no Diretório? A teoria coincide com a
prática?
C.
O que você
propõe para que a PFF possa encarnar melhor as características e os valores herdados
de Vincenza e Padre Ireneo?
D.
Apresente
três propostas a oferecer ao estudo do novo Governo Central.
2. Em relação à vida de
relações (ou vida fraterna):
A.
A quais
causas atribui os problemas de relações entre as irmãs da tua fraternidade ou
Grupo?
B.
A qual
causa atribui o fato que as relações entre as irmãs não são muito profundas?
C.
O serviço da
autoridade é difícil e incômodo: Qual é a tua proposta concreta para progredir
na autenticidade, na recíproca aceitação, na confiança e no perdão?
D.
É sempre mais
difícil preparar (formar) e obter a disponibilidade completa de algumas Irmãs
disponíveis para os vários serviços de animação e autoridade: Qual é a razão? E
como podemos superar esta dificuldade de muitas de “entregar-se” nas mãos das Irmãs?
3. Em relação a Interculturalidade:
A.
Como percebes
a dimensão internacional e intercultural do Instituto?
B.
Sente que
todas as áreas geográficas mundiais do Instituto agem para o bem do mesmo, colaborando
em espírito de igualdade e em espírito de autêntica partilha de ideais e objetivos?
C.
Que coisa
propõe para crescer no espírito da interculturalidade da PFF?
D.
Quais aspectos
devemos mudar para ser um Instituto Internacional desejável/apreciável para as jovens
de hoje?
4. Em relação
a Formação Inicial e Permanente:
Indica 3 momentos formativos ou 3 objetivos da
formação Inicial ou Permanente e indica os
instrumentos da formação que até agora receberam na PFF:
A.
Foram suficientes?
Explique o motivo.
B. Não foram suficientes? Porque?
C.
Qual poderia
ser uma ação concreta, pessoal e/ou comunitária que poderia contribuir para melhorar
a formação “centralizada ou periférica” que recebeu ou que poderiam receber as
futuras candidatas ao Instituto da PFF ??
D.
Apresente
uma proposta concreta para relançar no interior da PFF a Pastoral Juvenil e o
Cuidado Pastoral das Vocações.
A TRINDADE’ ÍCONE E FONTE DAS RELAÇÕES
“Adora, ama, vive na dulcíssima Trindade que habita e vive no céu do teu
coração”
“Adora, ama, vive na dulcíssima Trindade que habita e vive no céu do teu
coração”
A TRINDADE’ ÍCONE E FONTE DAS RELAÇÕES
Relaçaõ de Fr.
Marino Porcelli – Assistente Central
ü
Como podemos descrever a vida vivida-dias
da semana-secular que brotou da fonte do Pai, identificada em Cristo como filhas no Filho, e santificadas pelo fogo do Espírito nas relações fraternas de um Instituto
Secular qual é a Pequena Família Franciscana (PFF) ?
ü
Como podemos declinar a vida de uma
fraternidade de fé no interior de uma Diocese, Região ou Grupo ou família
alargada sem banalizar oue spiritualizar a dimensão evangélica da koinonia (=
comunhão efetiva e afetiva) ?
ü
Porque a nossa amada Vincenza Stroppa
insiste constantemente nos seus escritos sobre três verbos – Adora, Vive, Ama –,
qual síntese admirável de toda autêntica adesão ao Deus trinitário manifestado
na face plenamente humana de Cristo ?
ü
Como podemos aderir com a vida a este
mistério de gratuidade amorosa sem recair nas escravidões dos nossos múltiplos
egoísmos ?
A minha relação começa com 4 perguntas. E não
poderia ser de outro modo. Este não é o tempo das respostas banais e não podemos
permitir que este seja o século das soluções fáceis e a bom mercado. Vivemos os
labores de um “recomeçar”, de um re-início que deixa abertas estradas novas,
interrogativas e questões de sentido ainda inexploradas e somos felizes que
seja assim. Só o tolo não se põe perguntas e não sabe colher a inquietude e a
complexidade do tempo presente. Por este motivo, não se encontrarão respostas por
via dedutiva, ou pior, hierarquicamente “do alto”. Queira o bom Deus que seja
esta Assembléia a tentar novos itinerários de possíveis e inspiradas respostas.
Tentarei esclarecer apenas o sentido das perguntas
e delinear as possíveis cenários de percursos a inventar para o próximo futuro
da PFF, mas não sem, primeiro, descrever o contexto
trinitário sobre quais fundar a qualidade das nossas reflexões assembleares.
1. A vida de uma fraternidade que se enraíza na fé em Cristo ressuscitado é
necessariamente uma vida de PESSOAS chamadas a reconhecer e viver a própria
natureza estruturalmente relacional, enquanto partícipes das relações que vivem
e palpitam no interior das Pessoas da Santa Trindade. A nossa meta portanto, não
é a procura de competências ou de habilidades específicas nos sujeitos individuais,
quanto ao invés, a consciência da qualidade-alta da vida cristã. Por isto não se
pode prescindir de uma premissa “teologal”: criadas a imagem de Deus Pai, Filho
e Espírito Santo, não somos INDIVÍDUOS definíveis
segundo a categoria da natureza, mas PESSOAS
plasmadas segundo a hipóstase trinitária: o Pai é a fonte que gera o Filho, e o
Espírito é o artífice, o arquiteto, da relação entre o Pai e o Filho. Tudo diz
ou tende a fazer emergir o aspecto “pessoal”. Na pessoa humana se realiza a
modalidade relacional mais sublime; assim como se declina na Trindade,
analogicamente ocorre também para nós e entre nós: as nossas, são relações
“tri-pessoais” (Eu – Tu – Nós).
2. O contrário da relação divino-humana (eu-tu-nós), é representado pelo individualismo,
pela separação, que conduze ao esmagamento do eu e também da relação com o
tu/Tu, conduzindo progressivamente o sujeito a uma redução da sua humanidade e portanto,
à morte. Não só a nível físico e psíquico, mas também espiritual. Isto que se
separa, morre. De consequência, o primeiro passo concreto está
na mudança de mentalidade (metanóia), na passagem cultural que leva a
considerar o homem/mulher como INDIVÍDUO-entre-indivíduos para reconhecê-lo, ao
invés, como PESSOA HUMANA, Passagem esta, não só linguística, mas antropológica
e, sobretudo teológico. Enquanto vai morrendo o homem velho, individual, separado
dos outros, marcado pela divisão e pela morte, vai crescendo o homem novo em
Cristo, pessoa em relação pela comunhão e a convivência das diferenças, em um
contínuo e renovado Pentecostes.
3. Com o pecado das origens nós somos separados por Deus e entre nós, uma
separação que nos torna frágeis e nos conduz à morte, mas com a encarnação do
Filho de Deus, a nossa fragilidade torna-se paradoxalmente um dom a acolher e guardar,
para que Deus e Homem sejam unidos em Cristo. No Batismo recebemos um
modo-novo-de-existência que nos faz viver unidas a Cristo (cristificadas!) e entre nós, membros do
seu Corpo ressuscitado e transfigurado que vive na Igreja. Esta vida nova, antes
ou depois, é levada à luz, liberada dos sepulcros frios e escuros e feitas resurgir
e crescer com a nossa livre colaboração, respondendo generosamente e cotidianamente
aos imput de sua Graça abundante e
atual.
4. Somos conscientes que viver as nossas fragilidades ad intra e ad extra do
nosso Instituto, comporta um certo grau de dramaticidade, desde a comunhão se
realiza na medida em que acolhemos o dom de Deus e aprendemos a renunciar ao Homem
velho, que luta para morrer. Portanto, para realizar algumas verdadeiras
fraternidades em comunhão, se necessita, em certo sentido, sangrar, com-paixão, aceitar de ser feridas/e pela lança das
ambiguidades das relações. Eis então, o testemunho da vida consagrada, onde tudo,
mas tudo mesmo, é ordenado à vida de comunhão. Permanecer em comunhão na
fragilidade, requer uma luta incessante, uma vigilância inestancável, uma
superação contínua das preferências mais elementares e um exercício de diaconia
ao outro que não se pode nunca dar por adquirido, nem por descontado. Só quem está
disposto a lavar os pés do irmão/irmã sem mas
e sem se, com-preende o sentido
desta premissa teológico-existencial-espiritual.
5. Portanto, para que nasça a Pessoa
e morra o Indivíduo é necessário o
“sacrifício” da própria vontade. Mas, atenção: comprendamos bem esta frase assim
recorrente nos escritos dos nossos Fundadores! Quando a vontade, purificada pelo
Espírito, se abre à relação, ao sacrifício de si para acolher o outro, é como
se viesse impregnada de Amor e torna-se prodigiosamente uma vontade comunional, uma amizade bela e verdadeira
que é puro dom do Espírito. A amizade, nos recorda São João Crisóstomo, é o caminho
da Igreja, e a vida eclesial é possível só no abaixar-se para lavar os pés, para
afirmar ou seja o amor e a comunhão. Enquanto a afirmação auto-referencial do
próprio Eu, da própria vontade de poder e domínio, é a matriz de todos os pensamentos
malvados ou vícios capitais; a fraternidade, ao contrário, é baseada sobre a amizade
espiritual, a saber, aquela criada e sustentada pelo Espírito. A nossa vida
inteira (corpo, alma, espírito) está unida àquela de Cristo e também o intelecto
se transforma e chama à vida pelo amor do Pai e pelo Espírito santificador, não
obstante o nosso pecado e falência.
6. Viver o espírito
da comunhão fraterna implica um contínuo despojamento
do mal da presunção e, portanto, em teoria, não deveria ser possível nem
frequente, fugir, isolar-se, ignorar-se, viver na indiferença do outro/a. E, ao
invés, infelizmente devemos reconhecer que isto muitas vezes porque se é privado
mesmo do “Fundamento”: ou seja, privados daquela Trindade que vive em nós e à
qual aderimos não só às vezes, mas com toda a vida (“…a dulcíssima Trindade que habita e vive no céu do teu coração”).
E, se veja bem, não existem técnicas, dinâmicas, estratégias, conselhos psicológicos
que estejam em grau de fazer viver bem as pessoas juntas, se não decidimos dar espaço
em nós para a Vida nova. Sem a VIDA NOVA que tem o sabor gostoso do Evangelho, é
impossível viver e construir a vida fraterna, a comunhão.
“Esta é a urgência
do amor que faz doar tudo de si, para que o homem conheça Deus,
o seu amor, o ame unido aos irmãos
e com eles seja bem aventurado em Deus …
Jesus ocupe todo o nosso coração:
este é o meu vivo desejo, esta é a nossa ardente
aspiração“.
(Vincenza)
Compreendida e acolhida esta premissa e o “contexto trinitário” no qual nos
movemos, passo agora a analisar os
três verbos que serão objeto e reflexão
do nosso primeiro dia de assembléia, dia que gostaria que fosse dedicado
inteiramente ao silêncio, ao retiro e à reflexão pessoal e de grupo.
7. Adorar equivale a levar a mão sobre a boca: assombro? tremor? surpresa? gratidão?
encanto? Sim, é tudo isto junto, e muito mais. E’ desejo de ter a alma de um menino
pequeno que contempla a face da mãe e do pai, e o reconhece. Adorar é tempo da vida precioso, que nunca
deve ser reduzido, por nenhuma razão pastoral, social ou pior assistencial. E’
a consciência de uma Presença dentro do Céu que nos habita, e exige cuidado,
delicadeza, minutos “desperdiçados”, vontade de escavar no fundo de nós mesmos
para remover os detritos que nos impedem de beber na Fonte polida do nosso ser.
Adorar é confessar que sem Ele não podemos
fazer nada e que sem a familiaridade com a Fraternidade Trinitária, os meus
gestos, as minhas palavras e as minhas ações são como aviltadas, desnaturadas
da sua força, sopro sem voz. O tempo da adoração cotidiana – solitária ou em
comum – equivale a dizer: “não obstante todos
e tudo, não obstante eu e a minha fragilidade, eu sou aqui, diante de ti e reconheço
que tu estás aqui, para mim”. Sem este gesto cotidiano, humilde e tenaz,
termos quais: “serva, namorada, esposa, discípula, consagrada…”, perdem o sentido
e nos fazem cair no ridículo, não só linguístico, mas, sobretudo naquele vital,
valorial. E’ urgente e não renviável para amanhã o desejo de reencontrar o gosto e o tempo do silêncio, “tempo no
qual se prende a respiração e fica no limiar” (A. Casati, Sulla soglia, Giornalino di
Romena n.1/2015). Redescobrir a essencialidade e a imprescindibilidade da Adoração
do mistério trinitário em nós, é o 1° percurso prático a revitalizar se queremos
redesenhar um futuro para o nosso Instituto.
8.
Amar equivale
a afirmar com o Batista: “Illum oportet
crescere, me autem minui”…è necessário que Ele cresca e eu diminua (Gv 3,
30). E’ o cansaço de uma vida inteira.
E’ o mais
belo encargo que nos foi dado e pedido para desenvolver. E’, o sabemos bem, o
primeiro e o maior mandamento, mas muitas vezes vivemos como esquecidos, como
se isto fosse uma implicação banal: sabemos todos, mas ninguém o pratica seriamente!
É mesmo como nos admoesta o Bem Aventurado Egídio de Assis num dos seus famosos
ditos: (“Bo, bo, molto dico e poco fò” (Detti,
29)) Em palavras digo tantas coisas, mas na prática não faço nada. Ainda
é mesmo o amor que define a pessoa em relação, é mesmo o amor a identidade de Deus, é mesmo o amor o cimento da Trindade! Somos felizes plenamente
só quando somos realmente enamoradas, apaixonadas por qualquer coisa, por alguém.
O sabemos. Mas fazemos de conta
de não saber. Conhecemos a memória da primeira carta de João e a citamos muitas vezes,
mas quanto, de que modo e até que ponto deixamos que esta verdade permeie a nossa
existência? De verdade, é verdade (!): quem não ama, não conhece Deus e está
morto! Então? Isto mostra um segundo
e apaixonante desafio defronte a nós: o
cuidado das relações, todas as relações, aquela com Deus Trindade que habita
em mim, aquela comigo mesmo, aquela com as irmãs, aquela com as coisas, o
tempo, o trabalho, a cidade secular, o criado. Um desafio e uma possibilidade
enorme mas não impossível que somos habilitadas a viver em plenitude; e de
fronte a tudo isto não nos resta que reconhecer a nossa necessidade de cura. Temos
necessidade de aprender a amar, que alguém finalmente nos ensine o caminho do amor
evangélico, temos necessidade a aprender a perdoar-nos, a reconciliar aquilo
que está dividido em nós e entre nós, temos necessidade de uma formação constante
e permanente. Muito nos foi contado nestes três anos, mais ainda temos que caminhar.
Mas maravilhosa é a meta: aprender a amar COMO Ele nos amou /e. Não se
pode ignorar este 2° percurso da revitalização se queremos de verdade redesenhar
um futuro para o nosso Instituto.
9.
Viver è escolher
porque fomos escolhidos. E’ andar-para… porque Alguém se fez encontrar por nós.
E’ decidir ser dono porque o Totalmente Outro doou-se a nós por primeiro. Viver
é responder com a vida a um convite de amor, amando. Nenhum momento do escorrer
do tempo é inútil e danoso se lido nesta ótica; paradoxalmente torna-se “providencial”
também a queda e a escolha das trevas, da não-vida. E’ extraordinório! A vida dos Santos é admirável
exemplo. Antigamente
os biógrafos-agiógrafos inventaram mesmo um clichê para enfatizar a mudança ou o
“recomeçar” do chamado/a: todo o antes e todo o depois deveria dizer a
bondade do Senhor e a potência da sua Graça, a pessoa escolhida podia só aderir
a Vida divina proposta na liberdade humilde e na fidelidade à obediência ao querer
divino. “Não vós haveis me, escolhido, mas
eu vos escolhi…para que andeis e deis frutos” (Gv 15, 15…). Viver assim,
dentro desta evidência conscientes, não é mais um tormento, uma tragédia, uma
piada do destino, um “não vejo a hora de
morrer”, mas uma santa inquietude por “andar” e promover o advento da civilização
do amor, o Reino de Deus. Sim, o tempo se fez breve, o tempo foi cumprido. Agora
é o tempo da vida, o tempo de viver a graça recebida a plenas mãos. Sem lamentos,
sem arrependimentos, sem reticências. Com entusiasmo, paixão e generosidade. O
exato contrário do pessimismo cósmico e do derrotismo culpado e sem esperança. Isto
ensina e escreve Vincenza em cada página sua. Viver, não deixar-se viver. Viver, não sobreviver. Viver, não esperar o
fim. Fazer florir a vida que está em nós até o último instante. Este o compromisso, a missão, a responsabilidade.
Retomemos
a vida consagrada na secularidade, tornemos a viver prontas e dar razão a esperança
que vive em nós (cfr. 1Pt 3,15), vivamos nos pequenos sinais do ritmo cotidiano
do trabalho e do estudo sem muitas pretensões, sem muitos organogramas, simples
e humilde como o bom Deus nos pensou. Fiéis à vocação a este tipo único e
original de vida consagrada è o 3° percurso a revitalizar se queremos de verdade
redesenhar um futuro para o nosso Instituto.
10. Tudo isto que vive no Céu do nosso coração, creio que em parte
possa ser incluso nestas breves notas; notas que, para as nossas Irmãs mais
idosas, foram motor, combustível, flama sempre acesa; e aqui, ainda uma vez, quero
agradecê-las do profundo do coração pelo testemunho de vida que deram e dão em
todos os Continentes nos quais a PFF está presente. Tudo isto que discutiremos,
decidiremos e realizaremos nos próximos, decisivos, anos da nossa vida, o devemos
a elas que misteriosamente e sabiamente nos entregam agora o “testemunho” da fé
e do amor. Os 3 “percursos” indicados,
a partir do “adora-vive-ama” na Trindade que vive em nós, podem e, me seja
consentido, devem tornar-se o refrão do salmo responsorial que é a nossa
vida no Instituto. Cada uma pela sua parte, porque cada membro do “corpo” é
importante e vital pelo crescimento de tudo. Nenhuma de vocês poderá dizer: “eu por enquanto não sirvo mais pra nada - me
ponho à parte, - que pensem as outras…”: cada uma de vocês é parte
integrante deste trabalho de assimilação e conformação ao mistério de Deus Trindade
que se materializa na história dos nossos dias e em toda latitude terrestre onde
o Instituto está presente.
Mas agora, a palavra vai diretamente a vocês, Irmãs delegadas a esta
Assembléia Geral: tens um grande compromisso e uma enorme responsabilidade seja
para o tempo presente, por isto que sabeis viver e comunicar nestes dias de graça;
seja pelo tempo próximo futuro, pelas propostas e a criatividade que sabeis por
em ato, assumindo-vos, de fato, a honra e a honra de novos encargos e
responsabilidade.
11. A leitura atenta e a aprovação
das novas Constituições-Normas Práticas ocuparão grande parte dos nossos trabalhos
assembleares e representarão o “fundo” teológico, espiritual e normativo sobre
os quais somos chamadas a mover-nos nos próximos anos para o bem da nossa amada
Igreja católica. Dentro deste quadro geral de conteúdos e valores
altamente propositivos pela vida de cada Irmã, me seja consentido sublinhar a importância
de “duas
cores” que julgo fundamentais para um sábio desenvolvimento dos nossos
trabalhos.
Refiro-me à reflexão
inerente:
A.
a Pastoral entre os Jovens
e a Pastoral Vocacional
B.
e aquela que
determina a reta compreensão do voto de obediência no assumir as várias formas
de leadership no interior do Instituto.
Duas “cores” di um
arco íris que, se não postos a fogo com o justo grande ângulo, corremos o risco de obscurecer o caminho futuro do
nosso Instituto.
12. A Pastoral vocacional e o cuidado da proposta evangélica explicada e
anunciada aos jovens sejam a prioridade da programação do próximo governos. O crescimento e a vida
de um organismo vivente, como é qualquer Ordem, Congregação ou Instituto na Igreja,
exige que se queira ou não, uma substituição geracional significativa no tempo,
pena a sua natural e progressiva “implosão”. O Senhor é fiel e continua a chamar
em todo tempo e em todo lugar jovens prontos à doação total de si, não são menos
as suas promessas e os seus dons são irrevogáveis. Conscientes disto, o nosso
compromisso é aquele de ser “terra boa e fértil” onde a semente possa ter raiz
e crescer. Se a terra das nossas fraternidades é poluída e estéril, portanto,
não adaptada e incapaz de acolher a potência da semente, a responsabilidade não
pode ser atribuída à generosidade do Semeador, mas também, a medida escassa do
nosso desejo de viver a vida evangélica com paixão e entusiasmo.
13. Todas as multiformes
expressões históricas da vida consagrada se interrogam hoje seriamente sobre
causas, o diagnóstico e o cuidado de tal empobrecimento vocacional e, de joelhos,
diante de Deus, devemos reconhecer um pouco todos e todas de estar em atraso sobre
a procura de métodos, novas linguagens, propostas de verdade encarnadas no
presente (e não prisioneiras dos esquemas do passado!) para entrar num diálogo
significativo com o mundo jovem-pós-moderno. Passada a fase da desorientação e
da lamentação, é tempo de por em ato uma nova perícia pastoral que tenda a estimular
e reavivar a fé dele ou daquela que se faz cargo da proposta vocacional.
14. O nosso Instituto é
internacional e intercultural, portanto o desafio é múltiplo e ainda mais
fascinante: acredito que seria indispensável que cada Nação na qual está
significativamente presente a PFF, proveda urgentemente à constituição de uma
Equipe de estudo e programação que se dedique a “tempo pleno” à pastoral
juvenil e vocacional, trabalhando em sinergia com a Diocese e eventuais outras
presenças de vida consagrada “ad hoc” deputadas. A equipe, formada por duas ou
três irmãs, poderia ser acompanhada por
duas ou três irmãs, poderia ser acompanhada por um dos Assistentes Espirituais que, com elas, planejariam
as iniciativas e os encontros programados anualmente. Papa Francesco não se cansa
de estimular-se a “sair” para manifestar a todos a beleza daquilo que curou a
nossa a nossa vida, tornando-a única, humana, atraente. Não é simplesmente um
“conselho ou um puro desejo”, mas compromisso a realizar com extrema urgência,
um empenho a realizar com extrema urgência.
15. Obviamente esta linha
programática é estritamente ligada à segunda cor do “quadro geral” sobre
evidenciado: é urgente revisitar o vivido
do nosso voto de obediência e tornar-se disponíveis e colaborativas pelo
crescimento vital do Instituto, doando generosamente o próprio tempo, os próprios
carismas pessoais e a firma vontade de aprender a desenvolver isto que nos virá
solicitado pelo Espírito do Senhor. Quem é chamada a exercitar o ministério da autoridade
e da responsabilidade, sabe bem que tudo isto é diakonia incondicionada pelo bem
comum, portanto sempre pronta a colocar à parte o próprio “projeto pessoal” para
obedecer confiantemente à solicitação dos irmãos e das irmãs. Quando O Instituto
chama a desenvolver um ministério, - qualquer ministério na fraternidade -, não
é a instituição humana ou aquela ou outra pessoa solteira que chama, mas Deus mesmo,
aquele Deus que estará pronto a sustentar com a Sua graça especial a pessoa ou as
pessoas escolhidas: se fosse menos este princípio que regula a obediência evangélica
na fé, falharia toda a planta que determina a vida consagrada no seu conjunto,
com consequências negativas verdadeiramente incalculáveis. A história antiga e recente é mestra de vida
nisto. A obediência
ao Pai é a articulação da missão de Jesus, a obediência ao Espírito é a articulação
da vida espiritual da Igreja, a obediência que escolhemos de viver entre nós é
a articulação que regula as nossas relações fraternas. Aqui está o sentido de
tudo: teologia trinitária e eclesiologia, teologia espiritual e teologia da encarnação
do evento cristão. Desembaraçar este “mistério” de Adoração, de Vida e de Amor
não é só trair o testamento de Vincenza Stroppa, mas aparecer menos explicitamente
a nossa consagração, que, vejam bem, não é nossa, mas dom gratuito de Deus
Trino e Uno.
16.
Pergunto: podemos
tratar de modo simplista e superficial esta dimensão do nosso crer? Citando
talvez mil desculpas plausíveis e motivadas somente de um ponto de vista
puramente humano? Se a resposta é “SIM, se
pode tratar de modo superficial esta qualidade do nosso crer…” então, mudaremos
“qualquer coisinha” aqui e lá nas várias áreas do Instituto para que de fato não
mude mesmo nada, nos iludiremos que as novas Constituições sejam, elas só, suficientes
para dar espaço para uma mudança de marcha e… assim teremos demais a justificativa
para continuar a lamentar-nos que as “nossas coisas” não vão para o caminho
certo! Seria uma
deriva muito perigosa.
17. O percurso de Formação
permanente (FoPe) e inicial (FoIn) vivido nestes anos, fortemente desejado e sustentado
pelo Conselho central, pôs em evidência a grande riqueza do Instituto, seja em
termos de recursos humanos que espirituais, e ao memo tempo, colocou na luz
também uma irracional, relutância, avareza espiritual… uma espécie de TEMOR
reverencial que impede de gritar com confiança: “EIS-ME AQUI, ENVIA-ME!...Estou pronta para enfrentar os novos desafios
que a boa Providência de Deus me põe diante”. Se não ousamos a mudança segundo
as indicações do Evangelho amado e meditado, pelos Fundadores e pelo Magistério
da Igreja, o “mundo secular” que muda velozmente, nos transformará em estruturas
nostálgicas de um passado que não voltará mais.
18. Assim como o meu
predecessor, Fr. Francesco Metelli, nutro uma imensa confiança na obra de Deus “…de P. Ireneo e de Vincenza foi dito e talvez
ainda se diz de tudo: um porco espinho, um brusco, um frade que obedece só a si
mesmo…e às suas mulheres; uma visionária com a cabeça entre as nuvens, uma pessoa
fora da realidade, uma alma bela mas absolutamente incapaz de organização prática
e de gestão das coisas…mas uma coisa certamente creio que não se possa dizer deles:
que SE TENHAM VOLTADO PARA TRÁS ao enfrentar
e viver a história que a Providência lhes deu para escrever!... Ninguém tem
a fórmula mágica, ninguém possue a solução dos muitos problemas que estão sobre
o tapete, todavia, se somos [de verdade!] abertos à ação do Espírito, com confiança nos encaminhamos para o
futuro, seguros de que o Senhor abrirá a estrada como um dia a abriu para o
trapalhão e a esfarrapada…” (por F. Metelli, Relação à Assembléia geral da PFF, Brescia ott. 2009, p. 82)
19. Todos estes percursos
orientativos de procura e reflexão que confio à sabedoria do novo Conselho Central,
lá poderia realizar na plenitude da vossa humanidade, mostrando como o dom de
vocês mesmas a Deus vos torna NÂO menos, mas MAIS humanas, NÃO menos, mas MAIS
vizinhas aos nossos companheiros/as de estrada, com toda a bagagem de alegrias
e dores, de lágrimas e de esperas que i caracterizam. Certamente a importância
e o desafio destas linhas programáticas é tal que produzem temor e tremor a
quem é chamado a concretizá-las, sobretudo pelas dificuldades inevitáveis que a
vida consagrada apresenta; penso, por exemplo:
·
na redução numérica das Irmãs e no seu envelhecimento, que poderão induzir
a uma espécie de tristeza e pessimismo,
·
penso na tentação de abandonar-se a uma deriva, na qual se perca o
entusiasmo evangélico e se ceda a um estilo de vida mundano e acomodado,
·
e penso nas fadigas da vida de relações dentro e fora do Instituto, aos
conflitos nunca de todo resolvidos e que às vezes são de escândalo, enquanto deveriam
ser afrontados à luz do Evangelho como uma escola concreta de caridade, oferecendo
assim exemplo e estímulo a toda a comunidade cristã.
20. Na fé, todavia, vós
bem sabeis que a vossa vida é dom e compromisso: correspondeis, portanto, com confiança
ao dom de Deus, vivendo em alta temperatura espiritual, enamoradas fortemente do
Senhor, plenamente inseridas na vida da Igreja local, especialmente nas
periferias da marginalização e da dor, em cujo seio sois colocadas mediante a
graça de uma vocação reconhecida pela Santa Sé e certificada pelo testemunho de
muitas Irmãs que ainda hoje vivem na fidelidade incondicional à vida abraçada. O
empobrecimento da vida consagrada na secularidade é empobrecimento de toda a Igreja:
uma comunidade cristã incapaz de exprimir vocações em tal sentido, dificilmente
saberá exprimir vocações autênticas e alegres ao matrimônio cristão e, em
geral, à vida vivida no seguimento de Jesus.
21. Em relação ao tempo
presente, em meio ao povo de Deus peregrino entre
o já e o ainda não da promessa do Senhor, sois sinal vivo da comunhão
ofertadas pela fraternidade trinitária, mostrando a riqueza na partilha dos bens
espirituais e materiais, na sobriedade da vida e no exercício generoso e pronto
da caridade. “Como a profetiza Ana no Evangelho de Lucas que comunica a todos
com alegria as maravilhas que o Pai operou em Jesus, testemunha-nos a beleza de
por em comum os dons recebidos, com gratuidade e dedicação consciente. Enfim,
em relação ao “destino” trinitário, para o qual somos chamados todos a avançar
na esperança, a consagração do vosso coração a Deus constitua para cada um de
nós a lembrança da nossa condição de peregrinos em caminho para a pátria
celeste. Como Simeão e Ana, que vivem na esperança da vinda do Salvador, pagos por
amá-lo na espera e prontos a fazer festa na hora do encontro pleno, sejais as
“prisioneiras da esperança” (Zac 9, 12), em grau de liberar o amanhã de Deus no
presente dos homens, com a palavra e com a vida”.
(cfr. B. Forte, Discorso ai consacrati – 2 febbraio 2015, in Testimoni 4(2015), pp.
16-17).
22.
A palavra conclusiva desta relação quero deixá-la à sabedoria simples de
Vincenza que algumas semanas antes da morte assim escrevia a todas as irmãs,
quase “prevendo misticamente” o tema dos nossos trabalhos: “Cantai comigo, filhinhas e queridas irmãs, cantemos juntas unidas o
canto de amor sempre novo, sempre na união de amor ao doce Pai, ao doce Filho,
ao doce Espírito Santo, a doce Trindade e doce Unidade. O nosso canto de amor, que
sai para toda a humanidade, envolve todo o criado, porque o homem é a criatura
predileta do Pai, na união com Ele. Minhas queridas Irmãs, a nossa PFF o Pai a quis
no meio do mundo com Jesus para testemunhá-Lo caminho, verdade e vida. Jesus,
Amor eterno, continua a redimir o homem da soberba geradora de ignorância, que
tira do homem a sabedoria de reconhecer-se criatura e não Criador”. (Lettere alle sorelle della PFF, II VdA, p. 164).
Depois de quase 90 anos da fundação da PFF, seja ainda e sempre, este o
nosso canto, a nossa esperança, o nosso compromisso!
Obrigado
a todas.
Boa jornada
de retiro e ótimos trabalhos assembleares.
Fra Marino Porcelli ofm
Assistente central
Relaçaõ de Fr.
Marino Porcelli – Assistente Central
ü
Como podemos descrever a vida vivida-dias
da semana-secular que brotou da fonte do Pai, identificada em Cristo como filhas no Filho, e santificadas pelo fogo do Espírito nas relações fraternas de um Instituto
Secular qual é a Pequena Família Franciscana (PFF) ?
ü
Como podemos declinar a vida de uma
fraternidade de fé no interior de uma Diocese, Região ou Grupo ou família
alargada sem banalizar oue spiritualizar a dimensão evangélica da koinonia (=
comunhão efetiva e afetiva) ?
ü
Porque a nossa amada Vincenza Stroppa
insiste constantemente nos seus escritos sobre três verbos – Adora, Vive, Ama –,
qual síntese admirável de toda autêntica adesão ao Deus trinitário manifestado
na face plenamente humana de Cristo ?
ü
Como podemos aderir com a vida a este
mistério de gratuidade amorosa sem recair nas escravidões dos nossos múltiplos
egoísmos ?
A minha relação começa com 4 perguntas. E não
poderia ser de outro modo. Este não é o tempo das respostas banais e não podemos
permitir que este seja o século das soluções fáceis e a bom mercado. Vivemos os
labores de um “recomeçar”, de um re-início que deixa abertas estradas novas,
interrogativas e questões de sentido ainda inexploradas e somos felizes que
seja assim. Só o tolo não se põe perguntas e não sabe colher a inquietude e a
complexidade do tempo presente. Por este motivo, não se encontrarão respostas por
via dedutiva, ou pior, hierarquicamente “do alto”. Queira o bom Deus que seja
esta Assembléia a tentar novos itinerários de possíveis e inspiradas respostas.
Tentarei esclarecer apenas o sentido das perguntas
e delinear as possíveis cenários de percursos a inventar para o próximo futuro
da PFF, mas não sem, primeiro, descrever o contexto
trinitário sobre quais fundar a qualidade das nossas reflexões assembleares.
1. A vida de uma fraternidade que se enraíza na fé em Cristo ressuscitado é
necessariamente uma vida de PESSOAS chamadas a reconhecer e viver a própria
natureza estruturalmente relacional, enquanto partícipes das relações que vivem
e palpitam no interior das Pessoas da Santa Trindade. A nossa meta portanto, não
é a procura de competências ou de habilidades específicas nos sujeitos individuais,
quanto ao invés, a consciência da qualidade-alta da vida cristã. Por isto não se
pode prescindir de uma premissa “teologal”: criadas a imagem de Deus Pai, Filho
e Espírito Santo, não somos INDIVÍDUOS definíveis
segundo a categoria da natureza, mas PESSOAS
plasmadas segundo a hipóstase trinitária: o Pai é a fonte que gera o Filho, e o
Espírito é o artífice, o arquiteto, da relação entre o Pai e o Filho. Tudo diz
ou tende a fazer emergir o aspecto “pessoal”. Na pessoa humana se realiza a
modalidade relacional mais sublime; assim como se declina na Trindade,
analogicamente ocorre também para nós e entre nós: as nossas, são relações
“tri-pessoais” (Eu – Tu – Nós).
2. O contrário da relação divino-humana (eu-tu-nós), é representado pelo individualismo,
pela separação, que conduze ao esmagamento do eu e também da relação com o
tu/Tu, conduzindo progressivamente o sujeito a uma redução da sua humanidade e portanto,
à morte. Não só a nível físico e psíquico, mas também espiritual. Isto que se
separa, morre. De consequência, o primeiro passo concreto está
na mudança de mentalidade (metanóia), na passagem cultural que leva a
considerar o homem/mulher como INDIVÍDUO-entre-indivíduos para reconhecê-lo, ao
invés, como PESSOA HUMANA, Passagem esta, não só linguística, mas antropológica
e, sobretudo teológico. Enquanto vai morrendo o homem velho, individual, separado
dos outros, marcado pela divisão e pela morte, vai crescendo o homem novo em
Cristo, pessoa em relação pela comunhão e a convivência das diferenças, em um
contínuo e renovado Pentecostes.
3. Com o pecado das origens nós somos separados por Deus e entre nós, uma
separação que nos torna frágeis e nos conduz à morte, mas com a encarnação do
Filho de Deus, a nossa fragilidade torna-se paradoxalmente um dom a acolher e guardar,
para que Deus e Homem sejam unidos em Cristo. No Batismo recebemos um
modo-novo-de-existência que nos faz viver unidas a Cristo (cristificadas!) e entre nós, membros do
seu Corpo ressuscitado e transfigurado que vive na Igreja. Esta vida nova, antes
ou depois, é levada à luz, liberada dos sepulcros frios e escuros e feitas resurgir
e crescer com a nossa livre colaboração, respondendo generosamente e cotidianamente
aos imput de sua Graça abundante e
atual.
4. Somos conscientes que viver as nossas fragilidades ad intra e ad extra do
nosso Instituto, comporta um certo grau de dramaticidade, desde a comunhão se
realiza na medida em que acolhemos o dom de Deus e aprendemos a renunciar ao Homem
velho, que luta para morrer. Portanto, para realizar algumas verdadeiras
fraternidades em comunhão, se necessita, em certo sentido, sangrar, com-paixão, aceitar de ser feridas/e pela lança das
ambiguidades das relações. Eis então, o testemunho da vida consagrada, onde tudo,
mas tudo mesmo, é ordenado à vida de comunhão. Permanecer em comunhão na
fragilidade, requer uma luta incessante, uma vigilância inestancável, uma
superação contínua das preferências mais elementares e um exercício de diaconia
ao outro que não se pode nunca dar por adquirido, nem por descontado. Só quem está
disposto a lavar os pés do irmão/irmã sem mas
e sem se, com-preende o sentido
desta premissa teológico-existencial-espiritual.
5. Portanto, para que nasça a Pessoa
e morra o Indivíduo é necessário o
“sacrifício” da própria vontade. Mas, atenção: comprendamos bem esta frase assim
recorrente nos escritos dos nossos Fundadores! Quando a vontade, purificada pelo
Espírito, se abre à relação, ao sacrifício de si para acolher o outro, é como
se viesse impregnada de Amor e torna-se prodigiosamente uma vontade comunional, uma amizade bela e verdadeira
que é puro dom do Espírito. A amizade, nos recorda São João Crisóstomo, é o caminho
da Igreja, e a vida eclesial é possível só no abaixar-se para lavar os pés, para
afirmar ou seja o amor e a comunhão. Enquanto a afirmação auto-referencial do
próprio Eu, da própria vontade de poder e domínio, é a matriz de todos os pensamentos
malvados ou vícios capitais; a fraternidade, ao contrário, é baseada sobre a amizade
espiritual, a saber, aquela criada e sustentada pelo Espírito. A nossa vida
inteira (corpo, alma, espírito) está unida àquela de Cristo e também o intelecto
se transforma e chama à vida pelo amor do Pai e pelo Espírito santificador, não
obstante o nosso pecado e falência.
6. Viver o espírito
da comunhão fraterna implica um contínuo despojamento
do mal da presunção e, portanto, em teoria, não deveria ser possível nem
frequente, fugir, isolar-se, ignorar-se, viver na indiferença do outro/a. E, ao
invés, infelizmente devemos reconhecer que isto muitas vezes porque se é privado
mesmo do “Fundamento”: ou seja, privados daquela Trindade que vive em nós e à
qual aderimos não só às vezes, mas com toda a vida (“…a dulcíssima Trindade que habita e vive no céu do teu coração”).
E, se veja bem, não existem técnicas, dinâmicas, estratégias, conselhos psicológicos
que estejam em grau de fazer viver bem as pessoas juntas, se não decidimos dar espaço
em nós para a Vida nova. Sem a VIDA NOVA que tem o sabor gostoso do Evangelho, é
impossível viver e construir a vida fraterna, a comunhão.
“Esta é a urgência
do amor que faz doar tudo de si, para que o homem conheça Deus,
o seu amor, o ame unido aos irmãos
e com eles seja bem aventurado em Deus …
Jesus ocupe todo o nosso coração:
este é o meu vivo desejo, esta é a nossa ardente
aspiração“.
(Vincenza)
Compreendida e acolhida esta premissa e o “contexto trinitário” no qual nos
movemos, passo agora a analisar os
três verbos que serão objeto e reflexão
do nosso primeiro dia de assembléia, dia que gostaria que fosse dedicado
inteiramente ao silêncio, ao retiro e à reflexão pessoal e de grupo.
7. Adorar equivale a levar a mão sobre a boca: assombro? tremor? surpresa? gratidão?
encanto? Sim, é tudo isto junto, e muito mais. E’ desejo de ter a alma de um menino
pequeno que contempla a face da mãe e do pai, e o reconhece. Adorar é tempo da vida precioso, que nunca
deve ser reduzido, por nenhuma razão pastoral, social ou pior assistencial. E’
a consciência de uma Presença dentro do Céu que nos habita, e exige cuidado,
delicadeza, minutos “desperdiçados”, vontade de escavar no fundo de nós mesmos
para remover os detritos que nos impedem de beber na Fonte polida do nosso ser.
Adorar é confessar que sem Ele não podemos
fazer nada e que sem a familiaridade com a Fraternidade Trinitária, os meus
gestos, as minhas palavras e as minhas ações são como aviltadas, desnaturadas
da sua força, sopro sem voz. O tempo da adoração cotidiana – solitária ou em
comum – equivale a dizer: “não obstante todos
e tudo, não obstante eu e a minha fragilidade, eu sou aqui, diante de ti e reconheço
que tu estás aqui, para mim”. Sem este gesto cotidiano, humilde e tenaz,
termos quais: “serva, namorada, esposa, discípula, consagrada…”, perdem o sentido
e nos fazem cair no ridículo, não só linguístico, mas, sobretudo naquele vital,
valorial. E’ urgente e não renviável para amanhã o desejo de reencontrar o gosto e o tempo do silêncio, “tempo no
qual se prende a respiração e fica no limiar” (A. Casati, Sulla soglia, Giornalino di
Romena n.1/2015). Redescobrir a essencialidade e a imprescindibilidade da Adoração
do mistério trinitário em nós, é o 1° percurso prático a revitalizar se queremos
redesenhar um futuro para o nosso Instituto.
8.
Amar equivale
a afirmar com o Batista: “Illum oportet
crescere, me autem minui”…è necessário que Ele cresca e eu diminua (Gv 3,
30). E’ o cansaço de uma vida inteira.
E’ o mais
belo encargo que nos foi dado e pedido para desenvolver. E’, o sabemos bem, o
primeiro e o maior mandamento, mas muitas vezes vivemos como esquecidos, como
se isto fosse uma implicação banal: sabemos todos, mas ninguém o pratica seriamente!
É mesmo como nos admoesta o Bem Aventurado Egídio de Assis num dos seus famosos
ditos: (“Bo, bo, molto dico e poco fò” (Detti,
29)) Em palavras digo tantas coisas, mas na prática não faço nada. Ainda
é mesmo o amor que define a pessoa em relação, é mesmo o amor a identidade de Deus, é mesmo o amor o cimento da Trindade! Somos felizes plenamente
só quando somos realmente enamoradas, apaixonadas por qualquer coisa, por alguém.
O sabemos. Mas fazemos de conta
de não saber. Conhecemos a memória da primeira carta de João e a citamos muitas vezes,
mas quanto, de que modo e até que ponto deixamos que esta verdade permeie a nossa
existência? De verdade, é verdade (!): quem não ama, não conhece Deus e está
morto! Então? Isto mostra um segundo
e apaixonante desafio defronte a nós: o
cuidado das relações, todas as relações, aquela com Deus Trindade que habita
em mim, aquela comigo mesmo, aquela com as irmãs, aquela com as coisas, o
tempo, o trabalho, a cidade secular, o criado. Um desafio e uma possibilidade
enorme mas não impossível que somos habilitadas a viver em plenitude; e de
fronte a tudo isto não nos resta que reconhecer a nossa necessidade de cura. Temos
necessidade de aprender a amar, que alguém finalmente nos ensine o caminho do amor
evangélico, temos necessidade a aprender a perdoar-nos, a reconciliar aquilo
que está dividido em nós e entre nós, temos necessidade de uma formação constante
e permanente. Muito nos foi contado nestes três anos, mais ainda temos que caminhar.
Mas maravilhosa é a meta: aprender a amar COMO Ele nos amou /e. Não se
pode ignorar este 2° percurso da revitalização se queremos de verdade redesenhar
um futuro para o nosso Instituto.
9.
Viver è escolher
porque fomos escolhidos. E’ andar-para… porque Alguém se fez encontrar por nós.
E’ decidir ser dono porque o Totalmente Outro doou-se a nós por primeiro. Viver
é responder com a vida a um convite de amor, amando. Nenhum momento do escorrer
do tempo é inútil e danoso se lido nesta ótica; paradoxalmente torna-se “providencial”
também a queda e a escolha das trevas, da não-vida. E’ extraordinório! A vida dos Santos é admirável
exemplo. Antigamente
os biógrafos-agiógrafos inventaram mesmo um clichê para enfatizar a mudança ou o
“recomeçar” do chamado/a: todo o antes e todo o depois deveria dizer a
bondade do Senhor e a potência da sua Graça, a pessoa escolhida podia só aderir
a Vida divina proposta na liberdade humilde e na fidelidade à obediência ao querer
divino. “Não vós haveis me, escolhido, mas
eu vos escolhi…para que andeis e deis frutos” (Gv 15, 15…). Viver assim,
dentro desta evidência conscientes, não é mais um tormento, uma tragédia, uma
piada do destino, um “não vejo a hora de
morrer”, mas uma santa inquietude por “andar” e promover o advento da civilização
do amor, o Reino de Deus. Sim, o tempo se fez breve, o tempo foi cumprido. Agora
é o tempo da vida, o tempo de viver a graça recebida a plenas mãos. Sem lamentos,
sem arrependimentos, sem reticências. Com entusiasmo, paixão e generosidade. O
exato contrário do pessimismo cósmico e do derrotismo culpado e sem esperança. Isto
ensina e escreve Vincenza em cada página sua. Viver, não deixar-se viver. Viver, não sobreviver. Viver, não esperar o
fim. Fazer florir a vida que está em nós até o último instante. Este o compromisso, a missão, a responsabilidade.
Retomemos
a vida consagrada na secularidade, tornemos a viver prontas e dar razão a esperança
que vive em nós (cfr. 1Pt 3,15), vivamos nos pequenos sinais do ritmo cotidiano
do trabalho e do estudo sem muitas pretensões, sem muitos organogramas, simples
e humilde como o bom Deus nos pensou. Fiéis à vocação a este tipo único e
original de vida consagrada è o 3° percurso a revitalizar se queremos de verdade
redesenhar um futuro para o nosso Instituto.
10. Tudo isto que vive no Céu do nosso coração, creio que em parte
possa ser incluso nestas breves notas; notas que, para as nossas Irmãs mais
idosas, foram motor, combustível, flama sempre acesa; e aqui, ainda uma vez, quero
agradecê-las do profundo do coração pelo testemunho de vida que deram e dão em
todos os Continentes nos quais a PFF está presente. Tudo isto que discutiremos,
decidiremos e realizaremos nos próximos, decisivos, anos da nossa vida, o devemos
a elas que misteriosamente e sabiamente nos entregam agora o “testemunho” da fé
e do amor. Os 3 “percursos” indicados,
a partir do “adora-vive-ama” na Trindade que vive em nós, podem e, me seja
consentido, devem tornar-se o refrão do salmo responsorial que é a nossa
vida no Instituto. Cada uma pela sua parte, porque cada membro do “corpo” é
importante e vital pelo crescimento de tudo. Nenhuma de vocês poderá dizer: “eu por enquanto não sirvo mais pra nada - me
ponho à parte, - que pensem as outras…”: cada uma de vocês é parte
integrante deste trabalho de assimilação e conformação ao mistério de Deus Trindade
que se materializa na história dos nossos dias e em toda latitude terrestre onde
o Instituto está presente.
Mas agora, a palavra vai diretamente a vocês, Irmãs delegadas a esta
Assembléia Geral: tens um grande compromisso e uma enorme responsabilidade seja
para o tempo presente, por isto que sabeis viver e comunicar nestes dias de graça;
seja pelo tempo próximo futuro, pelas propostas e a criatividade que sabeis por
em ato, assumindo-vos, de fato, a honra e a honra de novos encargos e
responsabilidade.
11. A leitura atenta e a aprovação
das novas Constituições-Normas Práticas ocuparão grande parte dos nossos trabalhos
assembleares e representarão o “fundo” teológico, espiritual e normativo sobre
os quais somos chamadas a mover-nos nos próximos anos para o bem da nossa amada
Igreja católica. Dentro deste quadro geral de conteúdos e valores
altamente propositivos pela vida de cada Irmã, me seja consentido sublinhar a importância
de “duas
cores” que julgo fundamentais para um sábio desenvolvimento dos nossos
trabalhos.
Refiro-me à reflexão
inerente:
A.
a Pastoral entre os Jovens
e a Pastoral Vocacional
B.
e aquela que
determina a reta compreensão do voto de obediência no assumir as várias formas
de leadership no interior do Instituto.
Duas “cores” di um
arco íris que, se não postos a fogo com o justo grande ângulo, corremos o risco de obscurecer o caminho futuro do
nosso Instituto.
12. A Pastoral vocacional e o cuidado da proposta evangélica explicada e
anunciada aos jovens sejam a prioridade da programação do próximo governos. O crescimento e a vida
de um organismo vivente, como é qualquer Ordem, Congregação ou Instituto na Igreja,
exige que se queira ou não, uma substituição geracional significativa no tempo,
pena a sua natural e progressiva “implosão”. O Senhor é fiel e continua a chamar
em todo tempo e em todo lugar jovens prontos à doação total de si, não são menos
as suas promessas e os seus dons são irrevogáveis. Conscientes disto, o nosso
compromisso é aquele de ser “terra boa e fértil” onde a semente possa ter raiz
e crescer. Se a terra das nossas fraternidades é poluída e estéril, portanto,
não adaptada e incapaz de acolher a potência da semente, a responsabilidade não
pode ser atribuída à generosidade do Semeador, mas também, a medida escassa do
nosso desejo de viver a vida evangélica com paixão e entusiasmo.
13. Todas as multiformes
expressões históricas da vida consagrada se interrogam hoje seriamente sobre
causas, o diagnóstico e o cuidado de tal empobrecimento vocacional e, de joelhos,
diante de Deus, devemos reconhecer um pouco todos e todas de estar em atraso sobre
a procura de métodos, novas linguagens, propostas de verdade encarnadas no
presente (e não prisioneiras dos esquemas do passado!) para entrar num diálogo
significativo com o mundo jovem-pós-moderno. Passada a fase da desorientação e
da lamentação, é tempo de por em ato uma nova perícia pastoral que tenda a estimular
e reavivar a fé dele ou daquela que se faz cargo da proposta vocacional.
14. O nosso Instituto é
internacional e intercultural, portanto o desafio é múltiplo e ainda mais
fascinante: acredito que seria indispensável que cada Nação na qual está
significativamente presente a PFF, proveda urgentemente à constituição de uma
Equipe de estudo e programação que se dedique a “tempo pleno” à pastoral
juvenil e vocacional, trabalhando em sinergia com a Diocese e eventuais outras
presenças de vida consagrada “ad hoc” deputadas. A equipe, formada por duas ou
três irmãs, poderia ser acompanhada por
duas ou três irmãs, poderia ser acompanhada por um dos Assistentes Espirituais que, com elas, planejariam
as iniciativas e os encontros programados anualmente. Papa Francesco não se cansa
de estimular-se a “sair” para manifestar a todos a beleza daquilo que curou a
nossa a nossa vida, tornando-a única, humana, atraente. Não é simplesmente um
“conselho ou um puro desejo”, mas compromisso a realizar com extrema urgência,
um empenho a realizar com extrema urgência.
15. Obviamente esta linha
programática é estritamente ligada à segunda cor do “quadro geral” sobre
evidenciado: é urgente revisitar o vivido
do nosso voto de obediência e tornar-se disponíveis e colaborativas pelo
crescimento vital do Instituto, doando generosamente o próprio tempo, os próprios
carismas pessoais e a firma vontade de aprender a desenvolver isto que nos virá
solicitado pelo Espírito do Senhor. Quem é chamada a exercitar o ministério da autoridade
e da responsabilidade, sabe bem que tudo isto é diakonia incondicionada pelo bem
comum, portanto sempre pronta a colocar à parte o próprio “projeto pessoal” para
obedecer confiantemente à solicitação dos irmãos e das irmãs. Quando O Instituto
chama a desenvolver um ministério, - qualquer ministério na fraternidade -, não
é a instituição humana ou aquela ou outra pessoa solteira que chama, mas Deus mesmo,
aquele Deus que estará pronto a sustentar com a Sua graça especial a pessoa ou as
pessoas escolhidas: se fosse menos este princípio que regula a obediência evangélica
na fé, falharia toda a planta que determina a vida consagrada no seu conjunto,
com consequências negativas verdadeiramente incalculáveis. A história antiga e recente é mestra de vida
nisto. A obediência
ao Pai é a articulação da missão de Jesus, a obediência ao Espírito é a articulação
da vida espiritual da Igreja, a obediência que escolhemos de viver entre nós é
a articulação que regula as nossas relações fraternas. Aqui está o sentido de
tudo: teologia trinitária e eclesiologia, teologia espiritual e teologia da encarnação
do evento cristão. Desembaraçar este “mistério” de Adoração, de Vida e de Amor
não é só trair o testamento de Vincenza Stroppa, mas aparecer menos explicitamente
a nossa consagração, que, vejam bem, não é nossa, mas dom gratuito de Deus
Trino e Uno.
16.
Pergunto: podemos
tratar de modo simplista e superficial esta dimensão do nosso crer? Citando
talvez mil desculpas plausíveis e motivadas somente de um ponto de vista
puramente humano? Se a resposta é “SIM, se
pode tratar de modo superficial esta qualidade do nosso crer…” então, mudaremos
“qualquer coisinha” aqui e lá nas várias áreas do Instituto para que de fato não
mude mesmo nada, nos iludiremos que as novas Constituições sejam, elas só, suficientes
para dar espaço para uma mudança de marcha e… assim teremos demais a justificativa
para continuar a lamentar-nos que as “nossas coisas” não vão para o caminho
certo! Seria uma
deriva muito perigosa.
17. O percurso de Formação
permanente (FoPe) e inicial (FoIn) vivido nestes anos, fortemente desejado e sustentado
pelo Conselho central, pôs em evidência a grande riqueza do Instituto, seja em
termos de recursos humanos que espirituais, e ao memo tempo, colocou na luz
também uma irracional, relutância, avareza espiritual… uma espécie de TEMOR
reverencial que impede de gritar com confiança: “EIS-ME AQUI, ENVIA-ME!...Estou pronta para enfrentar os novos desafios
que a boa Providência de Deus me põe diante”. Se não ousamos a mudança segundo
as indicações do Evangelho amado e meditado, pelos Fundadores e pelo Magistério
da Igreja, o “mundo secular” que muda velozmente, nos transformará em estruturas
nostálgicas de um passado que não voltará mais.
18. Assim como o meu
predecessor, Fr. Francesco Metelli, nutro uma imensa confiança na obra de Deus “…de P. Ireneo e de Vincenza foi dito e talvez
ainda se diz de tudo: um porco espinho, um brusco, um frade que obedece só a si
mesmo…e às suas mulheres; uma visionária com a cabeça entre as nuvens, uma pessoa
fora da realidade, uma alma bela mas absolutamente incapaz de organização prática
e de gestão das coisas…mas uma coisa certamente creio que não se possa dizer deles:
que SE TENHAM VOLTADO PARA TRÁS ao enfrentar
e viver a história que a Providência lhes deu para escrever!... Ninguém tem
a fórmula mágica, ninguém possue a solução dos muitos problemas que estão sobre
o tapete, todavia, se somos [de verdade!] abertos à ação do Espírito, com confiança nos encaminhamos para o
futuro, seguros de que o Senhor abrirá a estrada como um dia a abriu para o
trapalhão e a esfarrapada…” (por F. Metelli, Relação à Assembléia geral da PFF, Brescia ott. 2009, p. 82)
19. Todos estes percursos
orientativos de procura e reflexão que confio à sabedoria do novo Conselho Central,
lá poderia realizar na plenitude da vossa humanidade, mostrando como o dom de
vocês mesmas a Deus vos torna NÂO menos, mas MAIS humanas, NÃO menos, mas MAIS
vizinhas aos nossos companheiros/as de estrada, com toda a bagagem de alegrias
e dores, de lágrimas e de esperas que i caracterizam. Certamente a importância
e o desafio destas linhas programáticas é tal que produzem temor e tremor a
quem é chamado a concretizá-las, sobretudo pelas dificuldades inevitáveis que a
vida consagrada apresenta; penso, por exemplo:
·
na redução numérica das Irmãs e no seu envelhecimento, que poderão induzir
a uma espécie de tristeza e pessimismo,
·
penso na tentação de abandonar-se a uma deriva, na qual se perca o
entusiasmo evangélico e se ceda a um estilo de vida mundano e acomodado,
·
e penso nas fadigas da vida de relações dentro e fora do Instituto, aos
conflitos nunca de todo resolvidos e que às vezes são de escândalo, enquanto deveriam
ser afrontados à luz do Evangelho como uma escola concreta de caridade, oferecendo
assim exemplo e estímulo a toda a comunidade cristã.
20. Na fé, todavia, vós
bem sabeis que a vossa vida é dom e compromisso: correspondeis, portanto, com confiança
ao dom de Deus, vivendo em alta temperatura espiritual, enamoradas fortemente do
Senhor, plenamente inseridas na vida da Igreja local, especialmente nas
periferias da marginalização e da dor, em cujo seio sois colocadas mediante a
graça de uma vocação reconhecida pela Santa Sé e certificada pelo testemunho de
muitas Irmãs que ainda hoje vivem na fidelidade incondicional à vida abraçada. O
empobrecimento da vida consagrada na secularidade é empobrecimento de toda a Igreja:
uma comunidade cristã incapaz de exprimir vocações em tal sentido, dificilmente
saberá exprimir vocações autênticas e alegres ao matrimônio cristão e, em
geral, à vida vivida no seguimento de Jesus.
21. Em relação ao tempo
presente, em meio ao povo de Deus peregrino entre
o já e o ainda não da promessa do Senhor, sois sinal vivo da comunhão
ofertadas pela fraternidade trinitária, mostrando a riqueza na partilha dos bens
espirituais e materiais, na sobriedade da vida e no exercício generoso e pronto
da caridade. “Como a profetiza Ana no Evangelho de Lucas que comunica a todos
com alegria as maravilhas que o Pai operou em Jesus, testemunha-nos a beleza de
por em comum os dons recebidos, com gratuidade e dedicação consciente. Enfim,
em relação ao “destino” trinitário, para o qual somos chamados todos a avançar
na esperança, a consagração do vosso coração a Deus constitua para cada um de
nós a lembrança da nossa condição de peregrinos em caminho para a pátria
celeste. Como Simeão e Ana, que vivem na esperança da vinda do Salvador, pagos por
amá-lo na espera e prontos a fazer festa na hora do encontro pleno, sejais as
“prisioneiras da esperança” (Zac 9, 12), em grau de liberar o amanhã de Deus no
presente dos homens, com a palavra e com a vida”.
(cfr. B. Forte, Discorso ai consacrati – 2 febbraio 2015, in Testimoni 4(2015), pp.
16-17).
22.
A palavra conclusiva desta relação quero deixá-la à sabedoria simples de
Vincenza que algumas semanas antes da morte assim escrevia a todas as irmãs,
quase “prevendo misticamente” o tema dos nossos trabalhos: “Cantai comigo, filhinhas e queridas irmãs, cantemos juntas unidas o
canto de amor sempre novo, sempre na união de amor ao doce Pai, ao doce Filho,
ao doce Espírito Santo, a doce Trindade e doce Unidade. O nosso canto de amor, que
sai para toda a humanidade, envolve todo o criado, porque o homem é a criatura
predileta do Pai, na união com Ele. Minhas queridas Irmãs, a nossa PFF o Pai a quis
no meio do mundo com Jesus para testemunhá-Lo caminho, verdade e vida. Jesus,
Amor eterno, continua a redimir o homem da soberba geradora de ignorância, que
tira do homem a sabedoria de reconhecer-se criatura e não Criador”. (Lettere alle sorelle della PFF, II VdA, p. 164).
Depois de quase 90 anos da fundação da PFF, seja ainda e sempre, este o
nosso canto, a nossa esperança, o nosso compromisso!
Obrigado
a todas.
Boa jornada
de retiro e ótimos trabalhos assembleares.
Fra Marino Porcelli ofm
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