sexta-feira, 14 de agosto de 2015

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Pistas de reflexão para os trabalhos de Grupo





1.   Em relação à Identidade da PFF:
A.    Quais são as características principais que devemos encarnar hoje, quais mulheres consagradas, segundo as indicações dos nossos Fundadores?
B.     Estas características são expressas claramente nas Constituições e no Diretório? A teoria coincide com a prática?
C.     O que você propõe para que a PFF possa encarnar melhor as características e os valores herdados de Vincenza e Padre Ireneo?
D.    Apresente três propostas a oferecer ao estudo do novo Governo Central.
2.   Em relação à vida de relações (ou vida fraterna):
A.    A quais causas atribui os problemas de relações entre as irmãs da tua fraternidade ou Grupo?
B.     A qual causa atribui o fato que as relações entre as irmãs não são muito profundas?
C.     O serviço da autoridade é difícil e incômodo: Qual é a tua proposta concreta para progredir na autenticidade, na recíproca aceitação, na confiança e no perdão?
D.    É sempre mais difícil preparar (formar) e obter a disponibilidade completa de algumas Irmãs disponíveis para os vários serviços de animação e autoridade: Qual é a razão? E como podemos superar esta dificuldade de muitas de “entregar-se” nas mãos das Irmãs?
3.   Em relação a Interculturalidade:
A.    Como percebes a dimensão internacional e intercultural do Instituto?
B.     Sente que todas as áreas geográficas mundiais do Instituto agem para o bem do mesmo, colaborando em espírito de igualdade e em espírito de autêntica partilha de ideais e objetivos?
C.     Que coisa propõe para crescer no espírito da interculturalidade da PFF?
D.    Quais aspectos devemos mudar para ser um Instituto Internacional desejável/apreciável para as jovens de hoje?
4.   Em relação a Formação Inicial e Permanente:
Indica 3 momentos formativos ou 3 objetivos da formação Inicial ou Permanente e  indica os instrumentos da formação que até agora receberam na PFF:
A.    Foram suficientes? Explique o motivo.
B.     Não foram suficientes? Porque?
C.     Qual poderia ser uma ação concreta, pessoal e/ou comunitária que poderia contribuir para melhorar a formação “centralizada ou periférica” que recebeu ou que poderiam receber as futuras candidatas ao Instituto da PFF ??
D.    Apresente uma proposta concreta para relançar no interior da PFF a Pastoral Juvenil e o Cuidado Pastoral das Vocações.

A TRINDADE’ ÍCONE E FONTE DAS RELAÇÕES



“Adora, ama, vive na dulcíssima Trindade que habita e vive no céu do teu coração”

“Adora, ama, vive na dulcíssima Trindade que habita e vive no céu do teu coração”
A TRINDADE’ ÍCONE E FONTE DAS RELAÇÕES
Relaçaõ de Fr. Marino Porcelli – Assistente Central
ü  Como podemos descrever a vida vivida-dias da semana-secular que brotou da fonte do Pai, identificada em Cristo como filhas no Filho, e santificadas pelo fogo do Espírito nas relações fraternas de um Instituto Secular qual é a Pequena Família Franciscana (PFF) ?
ü  Como podemos declinar a vida de uma fraternidade de fé no interior de uma Diocese, Região ou Grupo ou família alargada sem banalizar oue spiritualizar a dimensão evangélica da koinonia (= comunhão efetiva e afetiva) ?
ü  Porque a nossa amada Vincenza Stroppa insiste constantemente nos seus escritos sobre três verbos – Adora, Vive, Ama, qual síntese admirável de toda autêntica adesão ao Deus trinitário manifestado na face plenamente humana de Cristo ?
ü  Como podemos aderir com a vida a este mistério de gratuidade amorosa sem recair nas escravidões dos nossos múltiplos egoísmos ?
A minha relação começa com 4 perguntas. E não poderia ser de outro modo. Este não é o tempo das respostas banais e não podemos permitir que este seja o século das soluções fáceis e a bom mercado. Vivemos os labores de um “recomeçar”, de um re-início que deixa abertas estradas novas, interrogativas e questões de sentido ainda inexploradas e somos felizes que seja assim. Só o tolo não se põe perguntas e não sabe colher a inquietude e a complexidade do tempo presente. Por este motivo, não se encontrarão respostas por via dedutiva, ou pior, hierarquicamente “do alto”. Queira o bom Deus que seja esta Assembléia a tentar novos itinerários de possíveis e inspiradas respostas.
Tentarei esclarecer apenas o sentido das perguntas e delinear as possíveis cenários de percursos a inventar para o próximo futuro da PFF, mas não sem, primeiro, descrever o contexto trinitário sobre quais fundar a qualidade das nossas reflexões assembleares.
1.      A vida de uma fraternidade que se enraíza na fé em Cristo ressuscitado é necessariamente uma vida de PESSOAS chamadas a reconhecer e viver a própria natureza estruturalmente relacional, enquanto partícipes das relações que vivem e palpitam no interior das Pessoas da Santa Trindade. A nossa meta portanto, não é a procura de competências ou de habilidades específicas nos sujeitos individuais, quanto ao invés, a consciência da qualidade-alta da vida cristã. Por isto não se pode prescindir de uma premissa “teologal”: criadas a imagem de Deus Pai, Filho e Espírito Santo, não somos INDIVÍDUOS definíveis segundo a categoria da natureza, mas PESSOAS plasmadas segundo a hipóstase trinitária: o Pai é a fonte que gera o Filho, e o Espírito é o artífice, o arquiteto, da relação entre o Pai e o Filho. Tudo diz ou tende a fazer emergir o aspecto “pessoal”. Na pessoa humana se realiza a modalidade relacional mais sublime; assim como se declina na Trindade, analogicamente ocorre também para nós e entre nós: as nossas, são relações “tri-pessoais” (Eu – Tu – Nós).
2.      O contrário da relação divino-humana (eu-tu-nós), é representado pelo individualismo, pela separação, que conduze ao esmagamento do eu e também da relação com o tu/Tu, conduzindo progressivamente o sujeito a uma redução da sua humanidade e portanto, à morte. Não só a nível físico e psíquico, mas também espiritual. Isto que se separa, morre. De consequência, o primeiro passo concreto está na mudança de mentalidade (metanóia), na passagem cultural que leva a considerar o homem/mulher como INDIVÍDUO-entre-indivíduos para reconhecê-lo, ao invés, como PESSOA HUMANA, Passagem esta, não só linguística, mas antropológica e, sobretudo teológico. Enquanto vai morrendo o homem velho, individual, separado dos outros, marcado pela divisão e pela morte, vai crescendo o homem novo em Cristo, pessoa em relação pela comunhão e a convivência das diferenças, em um contínuo e renovado Pentecostes.
3.      Com o pecado das origens nós somos separados por Deus e entre nós, uma separação que nos torna frágeis e nos conduz à morte, mas com a encarnação do Filho de Deus, a nossa fragilidade torna-se paradoxalmente um dom a acolher e guardar, para que Deus e Homem sejam unidos em Cristo. No Batismo recebemos um modo-novo-de-existência que nos faz viver unidas a Cristo (cristificadas!) e entre nós, membros do seu Corpo ressuscitado e transfigurado que vive na Igreja. Esta vida nova, antes ou depois, é levada à luz, liberada dos sepulcros frios e escuros e feitas resurgir e crescer com a nossa livre colaboração, respondendo generosamente e cotidianamente aos imput de sua Graça abundante e atual.
4.      Somos conscientes que viver as nossas fragilidades ad intra e ad extra do nosso Instituto, comporta um certo grau de dramaticidade, desde a comunhão se realiza na medida em que acolhemos o dom de Deus e aprendemos a renunciar ao Homem velho, que luta para morrer. Portanto, para realizar algumas verdadeiras fraternidades em comunhão, se necessita, em certo sentido, sangrar, com-paixão, aceitar de ser feridas/e pela lança das ambiguidades das relações. Eis então, o testemunho da vida consagrada, onde tudo, mas tudo mesmo, é ordenado à vida de comunhão. Permanecer em comunhão na fragilidade, requer uma luta incessante, uma vigilância inestancável, uma superação contínua das preferências mais elementares e um exercício de diaconia ao outro que não se pode nunca dar por adquirido, nem por descontado. Só quem está disposto a lavar os pés do irmão/irmã sem mas e sem se, com-preende o sentido desta premissa teológico-existencial-espiritual.
5.      Portanto, para que nasça a Pessoa e morra o Indivíduo é necessário o “sacrifício” da própria vontade. Mas, atenção: comprendamos bem esta frase assim recorrente nos escritos dos nossos Fundadores! Quando a vontade, purificada pelo Espírito, se abre à relação, ao sacrifício de si para acolher o outro, é como se viesse impregnada de Amor e torna-se prodigiosamente uma vontade comunional, uma amizade bela e verdadeira que é puro dom do Espírito. A amizade, nos recorda São João Crisóstomo, é o caminho da Igreja, e a vida eclesial é possível só no abaixar-se para lavar os pés, para afirmar ou seja o amor e a comunhão. Enquanto a afirmação auto-referencial do próprio Eu, da própria vontade de poder e domínio, é a matriz de todos os pensamentos malvados ou vícios capitais; a fraternidade, ao contrário, é baseada sobre a amizade espiritual, a saber, aquela criada e sustentada pelo Espírito. A nossa vida inteira (corpo, alma, espírito) está unida àquela de Cristo e também o intelecto se transforma e chama à vida pelo amor do Pai e pelo Espírito santificador, não obstante o nosso pecado e falência.
6.      Viver o espírito da comunhão fraterna implica um contínuo despojamento do mal da presunção e, portanto, em teoria, não deveria ser possível nem frequente, fugir, isolar-se, ignorar-se, viver na indiferença do outro/a. E, ao invés, infelizmente devemos reconhecer que isto muitas vezes porque se é privado mesmo do “Fundamento”: ou seja, privados daquela Trindade que vive em nós e à qual aderimos não só às vezes, mas com toda a vida (“…a dulcíssima Trindade que habita e vive no céu do teu coração”). E, se veja bem, não existem técnicas, dinâmicas, estratégias, conselhos psicológicos que estejam em grau de fazer viver bem as pessoas juntas, se não decidimos dar espaço em nós para a Vida nova. Sem a VIDA NOVA que tem o sabor gostoso do Evangelho, é impossível viver e construir a vida fraterna, a comunhão.
Esta é a urgência do amor que faz doar tudo de si, para que o homem conheça Deus,
o seu amor, o ame unido aos irmãos e com eles seja bem aventurado em Deus …
Jesus ocupe todo o nosso coração:
este é o meu vivo desejo, esta é a nossa ardente aspiração“.
(Vincenza)
Compreendida e acolhida esta premissa e o “contexto trinitário” no qual nos movemos, passo agora a analisar os três verbos que serão objeto e reflexão do nosso primeiro dia de assembléia, dia que gostaria que fosse dedicado inteiramente ao silêncio, ao retiro e à reflexão pessoal e de grupo.
7.      Adorar equivale a levar a mão sobre a boca: assombro? tremor? surpresa? gratidão? encanto? Sim, é tudo isto junto, e muito mais. E’ desejo de ter a alma de um menino pequeno que contempla a face da mãe e do pai, e o reconhece. Adorar é tempo da vida precioso, que nunca deve ser reduzido, por nenhuma razão pastoral, social ou pior assistencial. E’ a consciência de uma Presença dentro do Céu que nos habita, e exige cuidado, delicadeza, minutos “desperdiçados”, vontade de escavar no fundo de nós mesmos para remover os detritos que nos impedem de beber na Fonte polida do nosso ser. Adorar é confessar que sem Ele não podemos fazer nada e que sem a familiaridade com a Fraternidade Trinitária, os meus gestos, as minhas palavras e as minhas ações são como aviltadas, desnaturadas da sua força, sopro sem voz. O tempo da adoração cotidiana – solitária ou em comum – equivale a dizer: “não obstante todos e tudo, não obstante eu e a minha fragilidade, eu sou aqui, diante de ti e reconheço que tu estás aqui, para mim”. Sem este gesto cotidiano, humilde e tenaz, termos quais: “serva, namorada, esposa, discípula, consagrada…”, perdem o sentido e nos fazem cair no ridículo, não só linguístico, mas, sobretudo naquele vital, valorial. E’ urgente e não renviável para amanhã o desejo de reencontrar o gosto e o tempo do silêncio, “tempo no qual se prende a respiração e fica no limiar” (A. Casati, Sulla soglia, Giornalino di Romena n.1/2015). Redescobrir a essencialidade e a imprescindibilidade da Adoração do mistério trinitário em nós, é o 1° percurso prático a revitalizar se queremos redesenhar um futuro para o nosso Instituto.
8.      Amar equivale a afirmar com o Batista: “Illum oportet crescere, me autem minui”…è necessário que Ele cresca e eu diminua (Gv 3, 30). E’ o cansaço de uma vida inteira. E’ o mais belo encargo que nos foi dado e pedido para desenvolver. E’, o sabemos bem, o primeiro e o maior mandamento, mas muitas vezes vivemos como esquecidos, como se isto fosse uma implicação banal: sabemos todos, mas ninguém o pratica seriamente! É mesmo como nos admoesta o Bem Aventurado Egídio de Assis num dos seus famosos ditos: (“Bo, bo, molto dico e poco fò” (Detti, 29)) Em palavras digo tantas coisas, mas na prática não faço nada. Ainda é mesmo o amor que define a pessoa em relação, é mesmo  o amor a identidade de Deus, é mesmo  o amor o cimento da Trindade! Somos felizes plenamente só quando somos realmente enamoradas, apaixonadas por qualquer coisa, por alguém. O sabemos. Mas fazemos de conta de não saber. Conhecemos a memória da primeira carta de João e a citamos muitas vezes, mas quanto, de que modo e até que ponto deixamos que esta verdade permeie a nossa existência? De verdade, é verdade (!): quem não ama, não conhece Deus e está morto! Então? Isto mostra um segundo e apaixonante desafio defronte a nós: o cuidado das relações, todas as relações, aquela com Deus Trindade que habita em mim, aquela comigo mesmo, aquela com as irmãs, aquela com as coisas, o tempo, o trabalho, a cidade secular, o criado. Um desafio e uma possibilidade enorme mas não impossível que somos habilitadas a viver em plenitude; e de fronte a tudo isto não nos resta que reconhecer a nossa necessidade de cura. Temos necessidade de aprender a amar, que alguém finalmente nos ensine o caminho do amor evangélico, temos necessidade a aprender a perdoar-nos, a reconciliar aquilo que está dividido em nós e entre nós, temos necessidade de uma formação constante e permanente. Muito nos foi contado nestes três anos, mais ainda temos que caminhar. Mas maravilhosa é a meta: aprender a amar COMO Ele nos amou /e. Não se pode ignorar este 2° percurso da revitalização se queremos de verdade redesenhar um futuro para o nosso Instituto.
9.      Viver è escolher porque fomos escolhidos. E’ andar-para… porque Alguém se fez encontrar por nós. E’ decidir ser dono porque o Totalmente Outro doou-se a nós por primeiro. Viver é responder com a vida a um convite de amor, amando. Nenhum momento do escorrer do tempo é inútil e danoso se lido nesta ótica; paradoxalmente torna-se “providencial” também a queda e a escolha das trevas, da não-vida. E’ extraordinório! A vida dos Santos é admirável exemplo. Antigamente os biógrafos-agiógrafos inventaram mesmo um clichê para enfatizar a mudança ou o “recomeçar” do chamado/a: todo o antes e todo o depois deveria dizer a bondade do Senhor e a potência da sua Graça, a pessoa escolhida podia só aderir a Vida divina proposta na liberdade humilde e na fidelidade à obediência ao querer divino. “Não vós haveis me, escolhido, mas eu vos escolhi…para que andeis e deis frutos” (Gv 15, 15…). Viver assim, dentro desta evidência conscientes, não é mais um tormento, uma tragédia, uma piada do destino, um “não vejo a hora de morrer”, mas uma santa inquietude por “andar” e promover o advento da civilização do amor, o Reino de Deus. Sim, o tempo se fez breve, o tempo foi cumprido. Agora é o tempo da vida, o tempo de viver a graça recebida a plenas mãos. Sem lamentos, sem arrependimentos, sem reticências. Com entusiasmo, paixão e generosidade. O exato contrário do pessimismo cósmico e do derrotismo culpado e sem esperança. Isto ensina e escreve Vincenza em cada página sua. Viver, não deixar-se viver. Viver, não sobreviver. Viver, não esperar o fim. Fazer florir a vida que está em nós até o último instante. Este o compromisso, a missão, a responsabilidade. Retomemos a vida consagrada na secularidade, tornemos a viver prontas e dar razão a esperança que vive em nós (cfr. 1Pt 3,15), vivamos nos pequenos sinais do ritmo cotidiano do trabalho e do estudo sem muitas pretensões, sem muitos organogramas, simples e humilde como o bom Deus nos pensou. Fiéis à vocação a este tipo único e original de vida consagrada è o 3° percurso a revitalizar se queremos de verdade redesenhar um futuro para o nosso Instituto.
10.  Tudo isto que vive no Céu do nosso coração, creio que em parte possa ser incluso nestas breves notas; notas que, para as nossas Irmãs mais idosas, foram motor, combustível, flama sempre acesa; e aqui, ainda uma vez, quero agradecê-las do profundo do coração pelo testemunho de vida que deram e dão em todos os Continentes nos quais a PFF está presente. Tudo isto que discutiremos, decidiremos e realizaremos nos próximos, decisivos, anos da nossa vida, o devemos a elas que misteriosamente e sabiamente nos entregam agora o “testemunho” da fé e do amor. Os 3 “percursos” indicados, a partir do “adora-vive-ama” na Trindade que vive em nós, podem e, me seja consentido, devem tornar-se o refrão do salmo responsorial que é a nossa vida no Instituto. Cada uma pela sua parte, porque cada membro do “corpo” é importante e vital pelo crescimento de tudo. Nenhuma de vocês poderá dizer: “eu por enquanto não sirvo mais pra nada - me ponho à parte, - que pensem as outras…”: cada uma de vocês é parte integrante deste trabalho de assimilação e conformação ao mistério de Deus Trindade que se materializa na história dos nossos dias e em toda latitude terrestre onde o Instituto está presente.
Mas agora, a palavra vai diretamente a vocês, Irmãs delegadas a esta Assembléia Geral: tens um grande compromisso e uma enorme responsabilidade seja para o tempo presente, por isto que sabeis viver e comunicar nestes dias de graça; seja pelo tempo próximo futuro, pelas propostas e a criatividade que sabeis por em ato, assumindo-vos, de fato, a honra e a honra de novos encargos e responsabilidade.
11.  A leitura atenta e a aprovação das novas Constituições-Normas Práticas ocuparão grande parte dos nossos trabalhos assembleares e representarão o “fundo” teológico, espiritual e normativo sobre os quais somos chamadas a mover-nos nos próximos anos para o bem da nossa amada Igreja católica. Dentro deste quadro geral de conteúdos e valores altamente propositivos pela vida de cada Irmã, me seja consentido sublinhar a importância de “duas cores” que julgo fundamentais para um sábio desenvolvimento dos nossos trabalhos.
Refiro-me à reflexão inerente:
A.     a Pastoral entre os Jovens e a Pastoral Vocacional
B.      e aquela que determina a reta compreensão do voto de obediência no assumir as várias formas de leadership no interior do Instituto.
Duas “cores” di um arco íris que, se não postos a fogo com o justo grande ângulo, corremos o risco de obscurecer o caminho futuro do nosso Instituto.
12.  A Pastoral vocacional e o cuidado da proposta evangélica explicada e anunciada aos jovens sejam a prioridade da programação do próximo governos. O crescimento e a vida de um organismo vivente, como é qualquer Ordem, Congregação ou Instituto na Igreja, exige que se queira ou não, uma substituição geracional significativa no tempo, pena a sua natural e progressiva “implosão”. O Senhor é fiel e continua a chamar em todo tempo e em todo lugar jovens prontos à doação total de si, não são menos as suas promessas e os seus dons são irrevogáveis. Conscientes disto, o nosso compromisso é aquele de ser “terra boa e fértil” onde a semente possa ter raiz e crescer. Se a terra das nossas fraternidades é poluída e estéril, portanto, não adaptada e incapaz de acolher a potência da semente, a responsabilidade não pode ser atribuída à generosidade do Semeador, mas também, a medida escassa do nosso desejo de viver a vida evangélica com paixão e entusiasmo.
13.  Todas as multiformes expressões históricas da vida consagrada se interrogam hoje seriamente sobre causas, o diagnóstico e o cuidado de tal empobrecimento vocacional e, de joelhos, diante de Deus, devemos reconhecer um pouco todos e todas de estar em atraso sobre a procura de métodos, novas linguagens, propostas de verdade encarnadas no presente (e não prisioneiras dos esquemas do passado!) para entrar num diálogo significativo com o mundo jovem-pós-moderno. Passada a fase da desorientação e da lamentação, é tempo de por em ato uma nova perícia pastoral que tenda a estimular e reavivar a fé dele ou daquela que se faz cargo da proposta vocacional.
14.  O nosso Instituto é internacional e intercultural, portanto o desafio é múltiplo e ainda mais fascinante: acredito que seria indispensável que cada Nação na qual está significativamente presente a PFF, proveda urgentemente à constituição de uma Equipe de estudo e programação que se dedique a “tempo pleno” à pastoral juvenil e vocacional, trabalhando em sinergia com a Diocese e eventuais outras presenças de vida consagrada “ad hoc” deputadas. A equipe, formada por duas ou três irmãs,  poderia ser acompanhada por duas ou três irmãs, poderia ser acompanhada por um  dos Assistentes Espirituais que, com elas, planejariam as iniciativas e os encontros programados anualmente. Papa Francesco não se cansa de estimular-se a “sair” para manifestar a todos a beleza daquilo que curou a nossa a nossa vida, tornando-a única, humana, atraente. Não é simplesmente um “conselho ou um puro desejo”, mas compromisso a realizar com extrema urgência, um empenho a realizar com extrema urgência.
15.  Obviamente esta linha programática é estritamente ligada à segunda cor do “quadro geral” sobre evidenciado: é urgente revisitar o vivido do nosso voto de obediência e tornar-se disponíveis e colaborativas pelo crescimento vital do Instituto, doando generosamente o próprio tempo, os próprios carismas pessoais e a firma vontade de aprender a desenvolver isto que nos virá solicitado pelo Espírito do Senhor. Quem é chamada a exercitar o ministério da autoridade e da responsabilidade, sabe bem que tudo isto é diakonia incondicionada pelo bem comum, portanto sempre pronta a colocar à parte o próprio “projeto pessoal” para obedecer confiantemente à solicitação dos irmãos e das irmãs. Quando O Instituto chama a desenvolver um ministério, - qualquer ministério na fraternidade -, não é a instituição humana ou aquela ou outra pessoa solteira que chama, mas Deus mesmo, aquele Deus que estará pronto a sustentar com a Sua graça especial a pessoa ou as pessoas escolhidas: se fosse menos este princípio que regula a obediência evangélica na fé, falharia toda a planta que determina a vida consagrada no seu conjunto, com consequências negativas verdadeiramente incalculáveis. A história antiga e recente é mestra de vida nisto. A obediência ao Pai é a articulação da missão de Jesus, a obediência ao Espírito é a articulação da vida espiritual da Igreja, a obediência que escolhemos de viver entre nós é a articulação que regula as nossas relações fraternas. Aqui está o sentido de tudo: teologia trinitária e eclesiologia, teologia espiritual e teologia da encarnação do evento cristão. Desembaraçar este “mistério” de Adoração, de Vida e de Amor não é só trair o testamento de Vincenza Stroppa, mas aparecer menos explicitamente a nossa consagração, que, vejam bem, não é nossa, mas dom gratuito de Deus Trino e Uno.
16.  Pergunto: podemos tratar de modo simplista e superficial esta dimensão do nosso crer? Citando talvez mil desculpas plausíveis e motivadas somente de um ponto de vista puramente humano? Se a resposta é “SIM, se pode tratar de modo superficial esta qualidade do nosso crer…” então, mudaremos “qualquer coisinha” aqui e lá nas várias áreas do Instituto para que de fato não mude mesmo nada, nos iludiremos que as novas Constituições sejam, elas só, suficientes para dar espaço para uma mudança de marcha e… assim teremos demais a justificativa para continuar a lamentar-nos que as “nossas coisas” não vão para o caminho certo! Seria uma deriva muito perigosa.
17.  O percurso de Formação permanente (FoPe) e inicial (FoIn) vivido nestes anos, fortemente desejado e sustentado pelo Conselho central, pôs em evidência a grande riqueza do Instituto, seja em termos de recursos humanos que espirituais, e ao memo tempo, colocou na luz também uma irracional, relutância, avareza espiritual… uma espécie de TEMOR reverencial que impede de gritar com confiança: “EIS-ME AQUI, ENVIA-ME!...Estou pronta para enfrentar os novos desafios que a boa Providência de Deus me põe diante”. Se não ousamos a mudança segundo as indicações do Evangelho amado e meditado, pelos Fundadores e pelo Magistério da Igreja, o “mundo secular” que muda velozmente, nos transformará em estruturas nostálgicas de um passado que não voltará mais.
18.  Assim como o meu predecessor, Fr. Francesco Metelli, nutro uma imensa confiança na obra de Deus “…de P. Ireneo e de Vincenza foi dito e talvez ainda se diz de tudo: um porco espinho, um brusco, um frade que obedece só a si mesmo…e às suas mulheres; uma visionária com a cabeça entre as nuvens, uma pessoa fora da realidade, uma alma bela mas absolutamente incapaz de organização prática e de gestão das coisas…mas uma coisa certamente creio que não se possa dizer deles: que SE TENHAM VOLTADO PARA TRÁS ao enfrentar e viver a história que a Providência lhes deu para escrever!... Ninguém tem a fórmula mágica, ninguém possue a solução dos muitos problemas que estão sobre o tapete, todavia, se somos [de verdade!] abertos à ação do Espírito, com confiança nos encaminhamos para o futuro, seguros de que o Senhor abrirá a estrada como um dia a abriu para o trapalhão e a esfarrapada…” (por F. Metelli, Relação à Assembléia geral da PFF, Brescia ott. 2009, p. 82)
19.  Todos estes percursos orientativos de procura e reflexão que confio à sabedoria do novo Conselho Central, lá poderia realizar na plenitude da vossa humanidade, mostrando como o dom de vocês mesmas a Deus vos torna NÂO menos, mas MAIS humanas, NÃO menos, mas MAIS vizinhas aos nossos companheiros/as de estrada, com toda a bagagem de alegrias e dores, de lágrimas e de esperas que i caracterizam. Certamente a importância e o desafio destas linhas programáticas é tal que produzem temor e tremor a quem é chamado a concretizá-las, sobretudo pelas dificuldades inevitáveis que a vida consagrada apresenta; penso, por exemplo:
·         na redução numérica das Irmãs e no seu envelhecimento, que poderão induzir a uma espécie de tristeza e pessimismo,
·         penso na tentação de abandonar-se a uma deriva, na qual se perca o entusiasmo evangélico e se ceda a um estilo de vida mundano e acomodado,
·         e penso nas fadigas da vida de relações dentro e fora do Instituto, aos conflitos nunca de todo resolvidos e que às vezes são de escândalo, enquanto deveriam ser afrontados à luz do Evangelho como uma escola concreta de caridade, oferecendo assim exemplo e estímulo a toda a comunidade cristã.
20.  Na fé, todavia, vós bem sabeis que a vossa vida é dom e compromisso: correspondeis, portanto, com confiança ao dom de Deus, vivendo em alta temperatura espiritual, enamoradas fortemente do Senhor, plenamente inseridas na vida da Igreja local, especialmente nas periferias da marginalização e da dor, em cujo seio sois colocadas mediante a graça de uma vocação reconhecida pela Santa Sé e certificada pelo testemunho de muitas Irmãs que ainda hoje vivem na fidelidade incondicional à vida abraçada. O empobrecimento da vida consagrada na secularidade é empobrecimento de toda a Igreja: uma comunidade cristã incapaz de exprimir vocações em tal sentido, dificilmente saberá exprimir vocações autênticas e alegres ao matrimônio cristão e, em geral, à vida vivida no seguimento de Jesus.
21.  Em relação ao tempo presente, em meio ao povo de Deus peregrino entre o já e o ainda não da promessa do Senhor, sois sinal vivo da comunhão ofertadas pela fraternidade trinitária, mostrando a riqueza na partilha dos bens espirituais e materiais, na sobriedade da vida e no exercício generoso e pronto da caridade. “Como a profetiza Ana no Evangelho de Lucas que comunica a todos com alegria as maravilhas que o Pai operou em Jesus, testemunha-nos a beleza de por em comum os dons recebidos, com gratuidade e dedicação consciente. Enfim, em relação ao “destino” trinitário, para o qual somos chamados todos a avançar na esperança, a consagração do vosso coração a Deus constitua para cada um de nós a lembrança da nossa condição de peregrinos em caminho para a pátria celeste. Como Simeão e Ana, que vivem na esperança da vinda do Salvador, pagos por amá-lo na espera e prontos a fazer festa na hora do encontro pleno, sejais as “prisioneiras da esperança” (Zac 9, 12), em grau de liberar o amanhã de Deus no presente dos homens, com a palavra e com a vida”.
(cfr. B. Forte, Discorso ai consacrati – 2 febbraio 2015, in Testimoni 4(2015), pp. 16-17).
22.  A palavra conclusiva desta relação quero deixá-la à sabedoria simples de Vincenza que algumas semanas antes da morte assim escrevia a todas as irmãs, quase “prevendo misticamente” o tema dos nossos trabalhos: “Cantai comigo, filhinhas e queridas irmãs, cantemos juntas unidas o canto de amor sempre novo, sempre na união de amor ao doce Pai, ao doce Filho, ao doce Espírito Santo, a doce Trindade e doce Unidade. O nosso canto de amor, que sai para toda a humanidade, envolve todo o criado, porque o homem é a criatura predileta do Pai, na união com Ele. Minhas queridas Irmãs, a nossa PFF o Pai a quis no meio do mundo com Jesus para testemunhá-Lo caminho, verdade e vida. Jesus, Amor eterno, continua a redimir o homem da soberba geradora de ignorância, que tira do homem a sabedoria de reconhecer-se criatura e não Criador”.  (Lettere alle sorelle della PFF, II VdA, p. 164).
Depois de quase 90 anos da fundação da PFF, seja ainda e sempre, este o nosso canto, a nossa esperança, o nosso compromisso!
Obrigado a todas.
Boa jornada de retiro e ótimos trabalhos assembleares.
Fra Marino Porcelli ofm
Assistente central


Relaçaõ de Fr. Marino Porcelli – Assistente Central
ü  Como podemos descrever a vida vivida-dias da semana-secular que brotou da fonte do Pai, identificada em Cristo como filhas no Filho, e santificadas pelo fogo do Espírito nas relações fraternas de um Instituto Secular qual é a Pequena Família Franciscana (PFF) ?
ü  Como podemos declinar a vida de uma fraternidade de fé no interior de uma Diocese, Região ou Grupo ou família alargada sem banalizar oue spiritualizar a dimensão evangélica da koinonia (= comunhão efetiva e afetiva) ?
ü  Porque a nossa amada Vincenza Stroppa insiste constantemente nos seus escritos sobre três verbos – Adora, Vive, Ama, qual síntese admirável de toda autêntica adesão ao Deus trinitário manifestado na face plenamente humana de Cristo ?
ü  Como podemos aderir com a vida a este mistério de gratuidade amorosa sem recair nas escravidões dos nossos múltiplos egoísmos ?
A minha relação começa com 4 perguntas. E não poderia ser de outro modo. Este não é o tempo das respostas banais e não podemos permitir que este seja o século das soluções fáceis e a bom mercado. Vivemos os labores de um “recomeçar”, de um re-início que deixa abertas estradas novas, interrogativas e questões de sentido ainda inexploradas e somos felizes que seja assim. Só o tolo não se põe perguntas e não sabe colher a inquietude e a complexidade do tempo presente. Por este motivo, não se encontrarão respostas por via dedutiva, ou pior, hierarquicamente “do alto”. Queira o bom Deus que seja esta Assembléia a tentar novos itinerários de possíveis e inspiradas respostas.
Tentarei esclarecer apenas o sentido das perguntas e delinear as possíveis cenários de percursos a inventar para o próximo futuro da PFF, mas não sem, primeiro, descrever o contexto trinitário sobre quais fundar a qualidade das nossas reflexões assembleares.
1.      A vida de uma fraternidade que se enraíza na fé em Cristo ressuscitado é necessariamente uma vida de PESSOAS chamadas a reconhecer e viver a própria natureza estruturalmente relacional, enquanto partícipes das relações que vivem e palpitam no interior das Pessoas da Santa Trindade. A nossa meta portanto, não é a procura de competências ou de habilidades específicas nos sujeitos individuais, quanto ao invés, a consciência da qualidade-alta da vida cristã. Por isto não se pode prescindir de uma premissa “teologal”: criadas a imagem de Deus Pai, Filho e Espírito Santo, não somos INDIVÍDUOS definíveis segundo a categoria da natureza, mas PESSOAS plasmadas segundo a hipóstase trinitária: o Pai é a fonte que gera o Filho, e o Espírito é o artífice, o arquiteto, da relação entre o Pai e o Filho. Tudo diz ou tende a fazer emergir o aspecto “pessoal”. Na pessoa humana se realiza a modalidade relacional mais sublime; assim como se declina na Trindade, analogicamente ocorre também para nós e entre nós: as nossas, são relações “tri-pessoais” (Eu – Tu – Nós).
2.      O contrário da relação divino-humana (eu-tu-nós), é representado pelo individualismo, pela separação, que conduze ao esmagamento do eu e também da relação com o tu/Tu, conduzindo progressivamente o sujeito a uma redução da sua humanidade e portanto, à morte. Não só a nível físico e psíquico, mas também espiritual. Isto que se separa, morre. De consequência, o primeiro passo concreto está na mudança de mentalidade (metanóia), na passagem cultural que leva a considerar o homem/mulher como INDIVÍDUO-entre-indivíduos para reconhecê-lo, ao invés, como PESSOA HUMANA, Passagem esta, não só linguística, mas antropológica e, sobretudo teológico. Enquanto vai morrendo o homem velho, individual, separado dos outros, marcado pela divisão e pela morte, vai crescendo o homem novo em Cristo, pessoa em relação pela comunhão e a convivência das diferenças, em um contínuo e renovado Pentecostes.
3.      Com o pecado das origens nós somos separados por Deus e entre nós, uma separação que nos torna frágeis e nos conduz à morte, mas com a encarnação do Filho de Deus, a nossa fragilidade torna-se paradoxalmente um dom a acolher e guardar, para que Deus e Homem sejam unidos em Cristo. No Batismo recebemos um modo-novo-de-existência que nos faz viver unidas a Cristo (cristificadas!) e entre nós, membros do seu Corpo ressuscitado e transfigurado que vive na Igreja. Esta vida nova, antes ou depois, é levada à luz, liberada dos sepulcros frios e escuros e feitas resurgir e crescer com a nossa livre colaboração, respondendo generosamente e cotidianamente aos imput de sua Graça abundante e atual.
4.      Somos conscientes que viver as nossas fragilidades ad intra e ad extra do nosso Instituto, comporta um certo grau de dramaticidade, desde a comunhão se realiza na medida em que acolhemos o dom de Deus e aprendemos a renunciar ao Homem velho, que luta para morrer. Portanto, para realizar algumas verdadeiras fraternidades em comunhão, se necessita, em certo sentido, sangrar, com-paixão, aceitar de ser feridas/e pela lança das ambiguidades das relações. Eis então, o testemunho da vida consagrada, onde tudo, mas tudo mesmo, é ordenado à vida de comunhão. Permanecer em comunhão na fragilidade, requer uma luta incessante, uma vigilância inestancável, uma superação contínua das preferências mais elementares e um exercício de diaconia ao outro que não se pode nunca dar por adquirido, nem por descontado. Só quem está disposto a lavar os pés do irmão/irmã sem mas e sem se, com-preende o sentido desta premissa teológico-existencial-espiritual.
5.      Portanto, para que nasça a Pessoa e morra o Indivíduo é necessário o “sacrifício” da própria vontade. Mas, atenção: comprendamos bem esta frase assim recorrente nos escritos dos nossos Fundadores! Quando a vontade, purificada pelo Espírito, se abre à relação, ao sacrifício de si para acolher o outro, é como se viesse impregnada de Amor e torna-se prodigiosamente uma vontade comunional, uma amizade bela e verdadeira que é puro dom do Espírito. A amizade, nos recorda São João Crisóstomo, é o caminho da Igreja, e a vida eclesial é possível só no abaixar-se para lavar os pés, para afirmar ou seja o amor e a comunhão. Enquanto a afirmação auto-referencial do próprio Eu, da própria vontade de poder e domínio, é a matriz de todos os pensamentos malvados ou vícios capitais; a fraternidade, ao contrário, é baseada sobre a amizade espiritual, a saber, aquela criada e sustentada pelo Espírito. A nossa vida inteira (corpo, alma, espírito) está unida àquela de Cristo e também o intelecto se transforma e chama à vida pelo amor do Pai e pelo Espírito santificador, não obstante o nosso pecado e falência.
6.      Viver o espírito da comunhão fraterna implica um contínuo despojamento do mal da presunção e, portanto, em teoria, não deveria ser possível nem frequente, fugir, isolar-se, ignorar-se, viver na indiferença do outro/a. E, ao invés, infelizmente devemos reconhecer que isto muitas vezes porque se é privado mesmo do “Fundamento”: ou seja, privados daquela Trindade que vive em nós e à qual aderimos não só às vezes, mas com toda a vida (“…a dulcíssima Trindade que habita e vive no céu do teu coração”). E, se veja bem, não existem técnicas, dinâmicas, estratégias, conselhos psicológicos que estejam em grau de fazer viver bem as pessoas juntas, se não decidimos dar espaço em nós para a Vida nova. Sem a VIDA NOVA que tem o sabor gostoso do Evangelho, é impossível viver e construir a vida fraterna, a comunhão.
Esta é a urgência do amor que faz doar tudo de si, para que o homem conheça Deus,
o seu amor, o ame unido aos irmãos e com eles seja bem aventurado em Deus …
Jesus ocupe todo o nosso coração:
este é o meu vivo desejo, esta é a nossa ardente aspiração“.
(Vincenza)
Compreendida e acolhida esta premissa e o “contexto trinitário” no qual nos movemos, passo agora a analisar os três verbos que serão objeto e reflexão do nosso primeiro dia de assembléia, dia que gostaria que fosse dedicado inteiramente ao silêncio, ao retiro e à reflexão pessoal e de grupo.
7.      Adorar equivale a levar a mão sobre a boca: assombro? tremor? surpresa? gratidão? encanto? Sim, é tudo isto junto, e muito mais. E’ desejo de ter a alma de um menino pequeno que contempla a face da mãe e do pai, e o reconhece. Adorar é tempo da vida precioso, que nunca deve ser reduzido, por nenhuma razão pastoral, social ou pior assistencial. E’ a consciência de uma Presença dentro do Céu que nos habita, e exige cuidado, delicadeza, minutos “desperdiçados”, vontade de escavar no fundo de nós mesmos para remover os detritos que nos impedem de beber na Fonte polida do nosso ser. Adorar é confessar que sem Ele não podemos fazer nada e que sem a familiaridade com a Fraternidade Trinitária, os meus gestos, as minhas palavras e as minhas ações são como aviltadas, desnaturadas da sua força, sopro sem voz. O tempo da adoração cotidiana – solitária ou em comum – equivale a dizer: “não obstante todos e tudo, não obstante eu e a minha fragilidade, eu sou aqui, diante de ti e reconheço que tu estás aqui, para mim”. Sem este gesto cotidiano, humilde e tenaz, termos quais: “serva, namorada, esposa, discípula, consagrada…”, perdem o sentido e nos fazem cair no ridículo, não só linguístico, mas, sobretudo naquele vital, valorial. E’ urgente e não renviável para amanhã o desejo de reencontrar o gosto e o tempo do silêncio, “tempo no qual se prende a respiração e fica no limiar” (A. Casati, Sulla soglia, Giornalino di Romena n.1/2015). Redescobrir a essencialidade e a imprescindibilidade da Adoração do mistério trinitário em nós, é o 1° percurso prático a revitalizar se queremos redesenhar um futuro para o nosso Instituto.
8.      Amar equivale a afirmar com o Batista: “Illum oportet crescere, me autem minui”…è necessário que Ele cresca e eu diminua (Gv 3, 30). E’ o cansaço de uma vida inteira. E’ o mais belo encargo que nos foi dado e pedido para desenvolver. E’, o sabemos bem, o primeiro e o maior mandamento, mas muitas vezes vivemos como esquecidos, como se isto fosse uma implicação banal: sabemos todos, mas ninguém o pratica seriamente! É mesmo como nos admoesta o Bem Aventurado Egídio de Assis num dos seus famosos ditos: (“Bo, bo, molto dico e poco fò” (Detti, 29)) Em palavras digo tantas coisas, mas na prática não faço nada. Ainda é mesmo o amor que define a pessoa em relação, é mesmo  o amor a identidade de Deus, é mesmo  o amor o cimento da Trindade! Somos felizes plenamente só quando somos realmente enamoradas, apaixonadas por qualquer coisa, por alguém. O sabemos. Mas fazemos de conta de não saber. Conhecemos a memória da primeira carta de João e a citamos muitas vezes, mas quanto, de que modo e até que ponto deixamos que esta verdade permeie a nossa existência? De verdade, é verdade (!): quem não ama, não conhece Deus e está morto! Então? Isto mostra um segundo e apaixonante desafio defronte a nós: o cuidado das relações, todas as relações, aquela com Deus Trindade que habita em mim, aquela comigo mesmo, aquela com as irmãs, aquela com as coisas, o tempo, o trabalho, a cidade secular, o criado. Um desafio e uma possibilidade enorme mas não impossível que somos habilitadas a viver em plenitude; e de fronte a tudo isto não nos resta que reconhecer a nossa necessidade de cura. Temos necessidade de aprender a amar, que alguém finalmente nos ensine o caminho do amor evangélico, temos necessidade a aprender a perdoar-nos, a reconciliar aquilo que está dividido em nós e entre nós, temos necessidade de uma formação constante e permanente. Muito nos foi contado nestes três anos, mais ainda temos que caminhar. Mas maravilhosa é a meta: aprender a amar COMO Ele nos amou /e. Não se pode ignorar este 2° percurso da revitalização se queremos de verdade redesenhar um futuro para o nosso Instituto.
9.      Viver è escolher porque fomos escolhidos. E’ andar-para… porque Alguém se fez encontrar por nós. E’ decidir ser dono porque o Totalmente Outro doou-se a nós por primeiro. Viver é responder com a vida a um convite de amor, amando. Nenhum momento do escorrer do tempo é inútil e danoso se lido nesta ótica; paradoxalmente torna-se “providencial” também a queda e a escolha das trevas, da não-vida. E’ extraordinório! A vida dos Santos é admirável exemplo. Antigamente os biógrafos-agiógrafos inventaram mesmo um clichê para enfatizar a mudança ou o “recomeçar” do chamado/a: todo o antes e todo o depois deveria dizer a bondade do Senhor e a potência da sua Graça, a pessoa escolhida podia só aderir a Vida divina proposta na liberdade humilde e na fidelidade à obediência ao querer divino. “Não vós haveis me, escolhido, mas eu vos escolhi…para que andeis e deis frutos” (Gv 15, 15…). Viver assim, dentro desta evidência conscientes, não é mais um tormento, uma tragédia, uma piada do destino, um “não vejo a hora de morrer”, mas uma santa inquietude por “andar” e promover o advento da civilização do amor, o Reino de Deus. Sim, o tempo se fez breve, o tempo foi cumprido. Agora é o tempo da vida, o tempo de viver a graça recebida a plenas mãos. Sem lamentos, sem arrependimentos, sem reticências. Com entusiasmo, paixão e generosidade. O exato contrário do pessimismo cósmico e do derrotismo culpado e sem esperança. Isto ensina e escreve Vincenza em cada página sua. Viver, não deixar-se viver. Viver, não sobreviver. Viver, não esperar o fim. Fazer florir a vida que está em nós até o último instante. Este o compromisso, a missão, a responsabilidade. Retomemos a vida consagrada na secularidade, tornemos a viver prontas e dar razão a esperança que vive em nós (cfr. 1Pt 3,15), vivamos nos pequenos sinais do ritmo cotidiano do trabalho e do estudo sem muitas pretensões, sem muitos organogramas, simples e humilde como o bom Deus nos pensou. Fiéis à vocação a este tipo único e original de vida consagrada è o 3° percurso a revitalizar se queremos de verdade redesenhar um futuro para o nosso Instituto.
10.  Tudo isto que vive no Céu do nosso coração, creio que em parte possa ser incluso nestas breves notas; notas que, para as nossas Irmãs mais idosas, foram motor, combustível, flama sempre acesa; e aqui, ainda uma vez, quero agradecê-las do profundo do coração pelo testemunho de vida que deram e dão em todos os Continentes nos quais a PFF está presente. Tudo isto que discutiremos, decidiremos e realizaremos nos próximos, decisivos, anos da nossa vida, o devemos a elas que misteriosamente e sabiamente nos entregam agora o “testemunho” da fé e do amor. Os 3 “percursos” indicados, a partir do “adora-vive-ama” na Trindade que vive em nós, podem e, me seja consentido, devem tornar-se o refrão do salmo responsorial que é a nossa vida no Instituto. Cada uma pela sua parte, porque cada membro do “corpo” é importante e vital pelo crescimento de tudo. Nenhuma de vocês poderá dizer: “eu por enquanto não sirvo mais pra nada - me ponho à parte, - que pensem as outras…”: cada uma de vocês é parte integrante deste trabalho de assimilação e conformação ao mistério de Deus Trindade que se materializa na história dos nossos dias e em toda latitude terrestre onde o Instituto está presente.
Mas agora, a palavra vai diretamente a vocês, Irmãs delegadas a esta Assembléia Geral: tens um grande compromisso e uma enorme responsabilidade seja para o tempo presente, por isto que sabeis viver e comunicar nestes dias de graça; seja pelo tempo próximo futuro, pelas propostas e a criatividade que sabeis por em ato, assumindo-vos, de fato, a honra e a honra de novos encargos e responsabilidade.
11.  A leitura atenta e a aprovação das novas Constituições-Normas Práticas ocuparão grande parte dos nossos trabalhos assembleares e representarão o “fundo” teológico, espiritual e normativo sobre os quais somos chamadas a mover-nos nos próximos anos para o bem da nossa amada Igreja católica. Dentro deste quadro geral de conteúdos e valores altamente propositivos pela vida de cada Irmã, me seja consentido sublinhar a importância de “duas cores” que julgo fundamentais para um sábio desenvolvimento dos nossos trabalhos.
Refiro-me à reflexão inerente:
A.     a Pastoral entre os Jovens e a Pastoral Vocacional
B.      e aquela que determina a reta compreensão do voto de obediência no assumir as várias formas de leadership no interior do Instituto.
Duas “cores” di um arco íris que, se não postos a fogo com o justo grande ângulo, corremos o risco de obscurecer o caminho futuro do nosso Instituto.
12.  A Pastoral vocacional e o cuidado da proposta evangélica explicada e anunciada aos jovens sejam a prioridade da programação do próximo governos. O crescimento e a vida de um organismo vivente, como é qualquer Ordem, Congregação ou Instituto na Igreja, exige que se queira ou não, uma substituição geracional significativa no tempo, pena a sua natural e progressiva “implosão”. O Senhor é fiel e continua a chamar em todo tempo e em todo lugar jovens prontos à doação total de si, não são menos as suas promessas e os seus dons são irrevogáveis. Conscientes disto, o nosso compromisso é aquele de ser “terra boa e fértil” onde a semente possa ter raiz e crescer. Se a terra das nossas fraternidades é poluída e estéril, portanto, não adaptada e incapaz de acolher a potência da semente, a responsabilidade não pode ser atribuída à generosidade do Semeador, mas também, a medida escassa do nosso desejo de viver a vida evangélica com paixão e entusiasmo.
13.  Todas as multiformes expressões históricas da vida consagrada se interrogam hoje seriamente sobre causas, o diagnóstico e o cuidado de tal empobrecimento vocacional e, de joelhos, diante de Deus, devemos reconhecer um pouco todos e todas de estar em atraso sobre a procura de métodos, novas linguagens, propostas de verdade encarnadas no presente (e não prisioneiras dos esquemas do passado!) para entrar num diálogo significativo com o mundo jovem-pós-moderno. Passada a fase da desorientação e da lamentação, é tempo de por em ato uma nova perícia pastoral que tenda a estimular e reavivar a fé dele ou daquela que se faz cargo da proposta vocacional.
14.  O nosso Instituto é internacional e intercultural, portanto o desafio é múltiplo e ainda mais fascinante: acredito que seria indispensável que cada Nação na qual está significativamente presente a PFF, proveda urgentemente à constituição de uma Equipe de estudo e programação que se dedique a “tempo pleno” à pastoral juvenil e vocacional, trabalhando em sinergia com a Diocese e eventuais outras presenças de vida consagrada “ad hoc” deputadas. A equipe, formada por duas ou três irmãs,  poderia ser acompanhada por duas ou três irmãs, poderia ser acompanhada por um  dos Assistentes Espirituais que, com elas, planejariam as iniciativas e os encontros programados anualmente. Papa Francesco não se cansa de estimular-se a “sair” para manifestar a todos a beleza daquilo que curou a nossa a nossa vida, tornando-a única, humana, atraente. Não é simplesmente um “conselho ou um puro desejo”, mas compromisso a realizar com extrema urgência, um empenho a realizar com extrema urgência.
15.  Obviamente esta linha programática é estritamente ligada à segunda cor do “quadro geral” sobre evidenciado: é urgente revisitar o vivido do nosso voto de obediência e tornar-se disponíveis e colaborativas pelo crescimento vital do Instituto, doando generosamente o próprio tempo, os próprios carismas pessoais e a firma vontade de aprender a desenvolver isto que nos virá solicitado pelo Espírito do Senhor. Quem é chamada a exercitar o ministério da autoridade e da responsabilidade, sabe bem que tudo isto é diakonia incondicionada pelo bem comum, portanto sempre pronta a colocar à parte o próprio “projeto pessoal” para obedecer confiantemente à solicitação dos irmãos e das irmãs. Quando O Instituto chama a desenvolver um ministério, - qualquer ministério na fraternidade -, não é a instituição humana ou aquela ou outra pessoa solteira que chama, mas Deus mesmo, aquele Deus que estará pronto a sustentar com a Sua graça especial a pessoa ou as pessoas escolhidas: se fosse menos este princípio que regula a obediência evangélica na fé, falharia toda a planta que determina a vida consagrada no seu conjunto, com consequências negativas verdadeiramente incalculáveis. A história antiga e recente é mestra de vida nisto. A obediência ao Pai é a articulação da missão de Jesus, a obediência ao Espírito é a articulação da vida espiritual da Igreja, a obediência que escolhemos de viver entre nós é a articulação que regula as nossas relações fraternas. Aqui está o sentido de tudo: teologia trinitária e eclesiologia, teologia espiritual e teologia da encarnação do evento cristão. Desembaraçar este “mistério” de Adoração, de Vida e de Amor não é só trair o testamento de Vincenza Stroppa, mas aparecer menos explicitamente a nossa consagração, que, vejam bem, não é nossa, mas dom gratuito de Deus Trino e Uno.
16.  Pergunto: podemos tratar de modo simplista e superficial esta dimensão do nosso crer? Citando talvez mil desculpas plausíveis e motivadas somente de um ponto de vista puramente humano? Se a resposta é “SIM, se pode tratar de modo superficial esta qualidade do nosso crer…” então, mudaremos “qualquer coisinha” aqui e lá nas várias áreas do Instituto para que de fato não mude mesmo nada, nos iludiremos que as novas Constituições sejam, elas só, suficientes para dar espaço para uma mudança de marcha e… assim teremos demais a justificativa para continuar a lamentar-nos que as “nossas coisas” não vão para o caminho certo! Seria uma deriva muito perigosa.
17.  O percurso de Formação permanente (FoPe) e inicial (FoIn) vivido nestes anos, fortemente desejado e sustentado pelo Conselho central, pôs em evidência a grande riqueza do Instituto, seja em termos de recursos humanos que espirituais, e ao memo tempo, colocou na luz também uma irracional, relutância, avareza espiritual… uma espécie de TEMOR reverencial que impede de gritar com confiança: “EIS-ME AQUI, ENVIA-ME!...Estou pronta para enfrentar os novos desafios que a boa Providência de Deus me põe diante”. Se não ousamos a mudança segundo as indicações do Evangelho amado e meditado, pelos Fundadores e pelo Magistério da Igreja, o “mundo secular” que muda velozmente, nos transformará em estruturas nostálgicas de um passado que não voltará mais.
18.  Assim como o meu predecessor, Fr. Francesco Metelli, nutro uma imensa confiança na obra de Deus “…de P. Ireneo e de Vincenza foi dito e talvez ainda se diz de tudo: um porco espinho, um brusco, um frade que obedece só a si mesmo…e às suas mulheres; uma visionária com a cabeça entre as nuvens, uma pessoa fora da realidade, uma alma bela mas absolutamente incapaz de organização prática e de gestão das coisas…mas uma coisa certamente creio que não se possa dizer deles: que SE TENHAM VOLTADO PARA TRÁS ao enfrentar e viver a história que a Providência lhes deu para escrever!... Ninguém tem a fórmula mágica, ninguém possue a solução dos muitos problemas que estão sobre o tapete, todavia, se somos [de verdade!] abertos à ação do Espírito, com confiança nos encaminhamos para o futuro, seguros de que o Senhor abrirá a estrada como um dia a abriu para o trapalhão e a esfarrapada…” (por F. Metelli, Relação à Assembléia geral da PFF, Brescia ott. 2009, p. 82)
19.  Todos estes percursos orientativos de procura e reflexão que confio à sabedoria do novo Conselho Central, lá poderia realizar na plenitude da vossa humanidade, mostrando como o dom de vocês mesmas a Deus vos torna NÂO menos, mas MAIS humanas, NÃO menos, mas MAIS vizinhas aos nossos companheiros/as de estrada, com toda a bagagem de alegrias e dores, de lágrimas e de esperas que i caracterizam. Certamente a importância e o desafio destas linhas programáticas é tal que produzem temor e tremor a quem é chamado a concretizá-las, sobretudo pelas dificuldades inevitáveis que a vida consagrada apresenta; penso, por exemplo:
·         na redução numérica das Irmãs e no seu envelhecimento, que poderão induzir a uma espécie de tristeza e pessimismo,
·         penso na tentação de abandonar-se a uma deriva, na qual se perca o entusiasmo evangélico e se ceda a um estilo de vida mundano e acomodado,
·         e penso nas fadigas da vida de relações dentro e fora do Instituto, aos conflitos nunca de todo resolvidos e que às vezes são de escândalo, enquanto deveriam ser afrontados à luz do Evangelho como uma escola concreta de caridade, oferecendo assim exemplo e estímulo a toda a comunidade cristã.
20.  Na fé, todavia, vós bem sabeis que a vossa vida é dom e compromisso: correspondeis, portanto, com confiança ao dom de Deus, vivendo em alta temperatura espiritual, enamoradas fortemente do Senhor, plenamente inseridas na vida da Igreja local, especialmente nas periferias da marginalização e da dor, em cujo seio sois colocadas mediante a graça de uma vocação reconhecida pela Santa Sé e certificada pelo testemunho de muitas Irmãs que ainda hoje vivem na fidelidade incondicional à vida abraçada. O empobrecimento da vida consagrada na secularidade é empobrecimento de toda a Igreja: uma comunidade cristã incapaz de exprimir vocações em tal sentido, dificilmente saberá exprimir vocações autênticas e alegres ao matrimônio cristão e, em geral, à vida vivida no seguimento de Jesus.
21.  Em relação ao tempo presente, em meio ao povo de Deus peregrino entre o já e o ainda não da promessa do Senhor, sois sinal vivo da comunhão ofertadas pela fraternidade trinitária, mostrando a riqueza na partilha dos bens espirituais e materiais, na sobriedade da vida e no exercício generoso e pronto da caridade. “Como a profetiza Ana no Evangelho de Lucas que comunica a todos com alegria as maravilhas que o Pai operou em Jesus, testemunha-nos a beleza de por em comum os dons recebidos, com gratuidade e dedicação consciente. Enfim, em relação ao “destino” trinitário, para o qual somos chamados todos a avançar na esperança, a consagração do vosso coração a Deus constitua para cada um de nós a lembrança da nossa condição de peregrinos em caminho para a pátria celeste. Como Simeão e Ana, que vivem na esperança da vinda do Salvador, pagos por amá-lo na espera e prontos a fazer festa na hora do encontro pleno, sejais as “prisioneiras da esperança” (Zac 9, 12), em grau de liberar o amanhã de Deus no presente dos homens, com a palavra e com a vida”.
(cfr. B. Forte, Discorso ai consacrati – 2 febbraio 2015, in Testimoni 4(2015), pp. 16-17).
22.  A palavra conclusiva desta relação quero deixá-la à sabedoria simples de Vincenza que algumas semanas antes da morte assim escrevia a todas as irmãs, quase “prevendo misticamente” o tema dos nossos trabalhos: “Cantai comigo, filhinhas e queridas irmãs, cantemos juntas unidas o canto de amor sempre novo, sempre na união de amor ao doce Pai, ao doce Filho, ao doce Espírito Santo, a doce Trindade e doce Unidade. O nosso canto de amor, que sai para toda a humanidade, envolve todo o criado, porque o homem é a criatura predileta do Pai, na união com Ele. Minhas queridas Irmãs, a nossa PFF o Pai a quis no meio do mundo com Jesus para testemunhá-Lo caminho, verdade e vida. Jesus, Amor eterno, continua a redimir o homem da soberba geradora de ignorância, que tira do homem a sabedoria de reconhecer-se criatura e não Criador”.  (Lettere alle sorelle della PFF, II VdA, p. 164).
Depois de quase 90 anos da fundação da PFF, seja ainda e sempre, este o nosso canto, a nossa esperança, o nosso compromisso!
Obrigado a todas.
Boa jornada de retiro e ótimos trabalhos assembleares.
Fra Marino Porcelli ofm
Assistente central